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Notícias sobre segurança pública em Pernambuco, por Raphael Guerra

Segurança

Por Raphael Guerra e equipe

Jornalismo e informações exclusivas sobre polícia, segurança e violência

'Quero pagar pelo erro', diz acusado de matar turista em assalto em Boa Viagem

Exame de sanidade mental confirma que Edva Alexandre da Silva é dependente de drogas, mas que compreende o crime que cometeu em fevereiro de 2024

Publicado em 31/01/2025 às 10:48 | Atualizado em 31/01/2025 às 13:26
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Às vésperas de completar um ano da morte turista carioca Talles de Couto Lemgruber Kropf, de 35 anos, durante um assalto em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, a Justiça está mais próxima de dar um desfecho ao processo. O acusado, Edva Alexandre da Silva, foi considerado imputável em exame de sanidade mental, ou seja, compreendia o crime que estava cometendo em 14 de fevereiro de 2024.

A coluna Segurança teve acesso com exclusividade ao laudo, que já foi encaminhado para análise da Justiça. O exame foi solicitado pela Defensoria Pública Estadual, durante audiência de instrução e julgamento em junho do ano passado, ao indicar que o réu tinha histórico de uso de drogas e, por isso, poderia ser considerado inimputável (incapaz de entender o caráter ilícito).

No documento, assinado por um médico do Núcleo de Psiquiatria Forense da Secretaria de Defesa Social (SDS), há um trecho do depoimento dado pelo réu sobre o crime que tirou a vida do turista carioca que estava no Recife para aproveitar o Carnaval com amigos.

"Não queria fazer aquilo, aquela tamanha barbaridade"

"Aconteceu, só que eu não tive a intenção de matar ele não. Quando eu anunciei o assalto, por ele ter uma estatura maior que a minha, eu coloquei a faca na mão na intenção de intimidar ele. Quando ele foi dar o murro, eu tentei acertar o braço dele, pra tentar intimidar. Aí ele jogou o celular. Eu tinha acabado de sair da cadeia, eu não queria fazer aquilo, aquela tamanha barbaridade", disse Edva.

"Eu queria subtrair o bem pra pagar uma dívida que eu tava, e acabei causando esse constrangimento, essa perda pra família dele, pra minha também. A perda dele jamais vai ter ele de volta. Eu quero pagar pelo erro. Sei que nada justifica o que eu fiz, o uso de droga. Mas eu não tive não, a intenção de tirar a vida daquele jovem. O rapaz disse que daquele dia não passaria, eu acabei tendo que roubar. Nunca achei que ia acontecer", completou.

Depois de sair da festa Carvalheira na Ladeira, em Olinda, Talles seguiu para Boa Viagem, onde estava hospedado e iria encontrar outros amigos. Ele estava a pé, na Avenida Domingos Ferreira, perto de um bar, quando sofreu a abordagem criminosa.

Talles foi atingido com uma facada na região do tórax. Ele chegou a ser socorrido e encaminhado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira, mas não resistiu aos ferimentos.

Edva foi preso dias depois, após imagens de uma câmera de segurança ajudarem na identificação dele. Ele disse à polícia que vendeu o celular do turista por R$ 200.

No exame de sanidade mental, Edva relatou que, na infância, o padrasto batia nele e na mãe. E que começou a se envolver com as drogas quando tinha 12 anos. Ele contou que chegou a ser internado quatro vezes, mas não conseguiu deixar o consumo dos entorpecentes. Por fim, disse que não faz uso de medicamentos atualmente. 

O que diz o laudo final?

No laudo, o psiquiatra destacou que Edva "apresenta-se consciente e orientado em todas as esferas (tempo, espaço e pessoa), com aparência condizente com a idade e cuidados higiênicos adequados. O comportamento durante a avaliação foi colaborativo e apropriado ao contexto, sem sinais de agitação ou inibição".

"Não foram detectadas alterações no curso do pensamento, sendo este lógico e organizado. Não há evidências de delírios, alucinações ou outras alterações perceptivas. (...)  O juízo crítico e a capacidade de discernir o certo do errado estão intactos", continuou.

O médico ainda pontuou que o réu apresenta "síndrome de dependência de múltiplas drogas". No entanto, segundo ele, isso "não implica, automaticamente, que o ato criminoso tenha sido causado por essa condição".

Por fim, afirmou que Edva "o tem elevada periculosidade e inclinação para a prática contumaz de crimes".

Próximos passos na Justiça

Com o resultado do laudo, o Ministério Público de Pernambuco - que já havia solicitado a condenação do réu - e a defesa dele devem apresentar as alegações finais no processo. E na sequência o juiz da 13ª Vara Criminal da Capital deve apresentar a sentença. Como se trata de um crime de latrocínio, não há júri popular.

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