Lançamentos e crítica musical, por José Teles

Toques

Por JC

Dona Onete É Senhora dos Ritmos Paraenses

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JC

Publicado em 28/07/2016 às 14:00 | Atualizado em 14/11/2023 às 10:43

Dias atrás foi publicado neste blog uma resenha de Far From Home, disco deCalypso Rose, 78 anos, cantora de Trinidad Tobago, no Caribe. Uma irresistível coleção de calipsos, mentos, reggaes, interpretados sem pretensão de explorar raízes, nem de ser uma próximo opção de dança da moça. Os mesmos elogios a Calypso Rose estão valendo para a paraense Dona Onete, com Banzeiro (Na Music/Natural Musical), segundo disco da cantora de 78 anos, lançado inicialmente no formato digital, e este mês em CD. A produção é do conterrâneo Pio Lobato,  o que também faz lembrar Calypso Rose, cujo disco foi produzido por Dew Gonsalves, gutarrista de Trinidad Tobago, que mora no Canadá.  A música é tradicional, mas o conceito é moderno. As doze faixas são todas assinadas por Dona Onete, e enfatizam  carimbós, e boleros. Um disco extremamente dançante, mas que dá para se curtir, sem necessariamente rodopiar. As cantora paraenses Lia Sophia e Aíla participam do álbum. A banda que toca com Dona Onete é formada por JP Cavalcante (percussão), Vovô (bateria), Breno Oliveira (contrabaixo) e o citado Pio Lobato (guitarra). A ladina Dona Onete, afaga os fãs mais recentes, convertidos desde que o Brasil descobriu a música do Pará. Na verdade, redescobriu, já que nos anos 60, nomes como Ary Lobo e Oswaldo Oliveira foram bastante populares. Duas canções acenam à diversidade. Em Na Linha do Arco-Iris com versos feitos estes: “Num mundo colorido/purpurinado/aterrissei/muito feliz eu fiquei”, enquanto em No Sabor do Beijo ela canta: “Minha imaginação flutua/eu dou um beijo no sol/outro beijo na lua”. O bolero de Dona Onete destila um sabor de Jovem Guarda, com o tecladista Ziza Padilha incorporando um Lafayette em Proposta Indecente, balada abolerada que cairia bem na voz de Reginaldo Rossi. Difícil permanecer sentado com o puladinho Queimoso Tremoso, suingado e sensual, ou com o carimbó No Meio do Pitiú. As intervenções dos músicos de índole mais pop não influem na autenticidade de Dona Onete, Felizmente a pretensão só a alcança na faixa que fecha o disco, Sonho de Adolescente, um bolero com letra que cita Elvis Presley, Trio Los Panchos Bienvenido Granda, Ângela e Cauby. Confiram Dona Onete em No Sabor do Frevo: https://www.youtube.com/watch?v=vnnqCmPlHoA

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