O Norte e o Nordeste do Brasil estão entre as prioridades da Itapemirim Transportes Aéreos, novo braço da empresa que se consolidou no Brasil pelas viagens rodoviárias. A informação foi confirmada pelo CEO da companhia, Tiago Senna, que divulgou detalhes da operação em live de um canal especializado em aviação no Youtube.
Os voos domésticos comerciais devem ser iniciados já a partir de 2021, com uma frota de dez aeronaves A320s e hubs em Guarulhos (SP), Brasília e Rio de Janeiro (RIOgaleão). As rotas, no entanto, ainda não foram reveladas, "por ser algo estratégico", segundo Senna. “O Grupo Itapemirim tem uma capilaridade gigante. Atende no rodoviário 2,7 mil municípios, praticamente a metade do Brasil, e tem um branding no Norte e no Nordeste muito forte. Logo, é óbvio que não deixaremos essas regiões desatendidas", garantiu o executivo.
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Em um cenário de lacuna deixada pela Avianca e enxugamento da Latam, que demitiu quase 40% de seu quadro de tripulantes na última semana, o plano da Itapemirim é firmar parcerias estratégicas para aproveitar o momento de "sinergia". Apesar da crise no setor aéreo, a Itapemirim avalia que o momento é de oportunidade. “A saída da Avianca deixou muitas rotas desatendidas e hoje, com a diminuição da Latam, mesmo que haja uma retomada de mercado, ainda vai deixar muito espaço para novos entrantes. A intenção é fazer um approach com nossos concorrentes e um trabalho lado a lado neste sentido", disse o CEO.
De antemão, Senna posiciona a nova empresa para além da atuação regional. "A Itapemirim criou uma premissa de ser multimodal, com conexão nacional do aéreo com o rodoviário. Estamos adquirindo uma grande empresa de transporte de cargas terrestres, o que reforçará muito nossa operação”, afirmou.
Para os trabalhadores do setor, a boa notícia é que até a próxima semana a companhia começará o processo seletivo de tripulantes. Inicialmente, a previsão é contratar cerca de 600 profissionais, entre eles 170 tripulantes técnicos e 300 comissários.
A Ita Transportes Aéreos nasce de um aporte de US$ 500 milhões de um fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos e conta também com investimentos de fundos nacionais e americanos.
Assim como ocorre nos ônibus da empresa, a identidade visual da marca privilegiará o amarelo ouro. Já a configuração interna das aeronaves ainda não foi definida, mas Senna adiantou que haverá "um bom espaço para as pernas dos passageiros". A aérea também apostará no serviço de bordo diferenciado. “Não iremos ter classe executiva ou primeira classe nos aviões, porque não deu certo no passado, mas queremos ter sim uma classe Comfort para um público que aceita este tipo de serviço”, ressalta Senna.
Ainda de acordo com o CEO, o processo de recuperação judicial que a Itapemirim enfrenta desde 2016 não afeta a operação aérea do grupo, por estar desatrelada do processo. “Posso dizer que temos uma recuperação judicial em dia, que tá sendo paga, existe uma reestruturação, a empresa está sendo saneada. Estamos rigorosamente em dia com a recuperação judicial que é do rodoviário. O projeto aéreo é o terceiro modal do grupo, mas não somos atrelados à recuperação judicial da Itapemirim”, explicou.
Uma das principais companhias do País no setor, a Viação Itapemirim foi fundada em 1953 no Espírito Santo. Hoje, o Grupo Itapemirim conta com sete empresas, que incluem, além do rodoviário, o modal ferroviário e, agora, o aéreo.