Ter uma boa qualidade de sono está entre os fatores essenciais para fortalecer o sistema imunológico. Sobretudo porque melhora a produção das células imunes. O inverso também é verdadeiro. A longo e a curto prazos, noites mal dormidas são apontadas pelos especialistas como um dos principais depressores das defesas do organismo. Portanto, em tempos de cuidados mais que necessários com o novo coronavírus, o covid-19, dormir bem entra na lista de prioridades para se proteger contra a doença.
"Além de ser um detox do organismo, por neutralizar a intoxicação, o sono também melhora a produção das células do nosso sistema imunológico. Se o indivíduo dorme de seis a oito horas por dia, acorda bem, restaurado. Por outro lado, não existe nada mais traumatizante para o sistema imunológico que o estresse. E veja que relação interessante: se o indivíduo não dorme bem, já acorda estressado. O estresse é um grande depressor do sistema imunológico e, a partir daí, surgem doenças de toda natureza", comentou o médico especialista em nutrologia e medicina preventiva Dr. Humberto Arruda.
A psiquiatra Adriana Zenaide chama atenção ainda para o poder de desintoxicação do sistema nervoso proporcionado por boas noites de sono. "Durante o sono, acredita-se que as células neuronais diminuam de tamanho, o que facilita a ação de um sistema de ‘limpeza’ no nosso sistema nervoso que age de maneira bem linda. Esse sistema que se chama glinfático age retirando as substâncias tóxicas produzidas durante a metabolização cerebral. Ele remove todos esses produtos tóxicos. Uma das substâncias tóxicas, para dar um exemplo, é o beta-amilóide, que se relaciona ao surgimento da doença de alzheimer", afirmou.
Para usufruir dos benefícios que o sono pode proporcionar ao sistema imunológico, não é preciso, necessariamente, dormir oito horas por noite. De acordo com Dr. Humberto Arruda, tudo depende da individualidade biológica de cada um, podendo essa quantidade ficar entre seis e oito horas. É necessário, no entanto, que a qualidade do sono seja reparadora.
"Há pessoas que têm insônia porque demoram para dormir e outras que pegam rápido no sono, mas acordam várias vezes durante a noite. Não chegam ao sono REM, que é recuperador. A insônia pode ter inúmeras causas, mas normalmente está relacionada a problemas emocionais", observou Dr. Humberto Arruda.
Além do cansaço, os primeiros sinais que apontam ausência de sono reparador aparecem no comportamento. Oscilação de humor e irritabilidade são comuns entre as pessoas que não dormem bem. Há ainda o comprometimento da imunidade. "A privação de sono diminui a produção das células de defesa do nosso organismo, nos deixando mais suscetíveis desde a gripes e resfriados comuns, como também estomatites e herpes-zóster", observou Drª Adriana Zenaide.
Outros sinais são memória comprometida e concentração diminuída. "Seria importante também lembrar que o sono ruim pode ser a ‘ponta do iceberg’ de algum transtorno psiquiátrico como depressão e ansiedade", alertou.
>>Coronavírus: nutricionista explica como melhorar a imunidade
>>Coronavírus: não é recomendado tomar vitamina C no tratamento
>>Veja o que abre e o que fecha em Pernambuco por causa do coronavírus
Quem enfrenta problemas para dormir não deve promover a automedicação. Tampouco buscar ajuda na internet. A melhor atitude para cuidar da questão é procurar um médico especialista em medicina do sono. Antes, porém, vale investir em pequenos ajustes na rotina para conferir se a dificuldade em dormir é de ordem clínica ou não.
"Invista em travesseiros e colchões adequados para manter a disciplina postural, tome um banho morno antes de deitar para relaxar, evite o uso de aparelhos eletrônicos 30 minutos antes de dormir, mantenha o ambiente arejado, silencioso e o mais escuro possível e faça refeições leves antes de ir para a cama. Se nada disso melhorar seu sono, aí sim, procure um médico", recomendou o cirurgião de cabeça e pescoço e otorrinolaringologista, Dr. Cleydson Oliveira.
Comentários