Os estabelecimentos destinados à prática de esportes de luta continuam fechados mesmo após o avanço do Plano de Convivência com a Covid-19 para academias de ginástica e espaços similares em Pernambuco. São quase quatro meses sem atividades que, segundo os professores de artes marciais, não encontram qualquer respaldo.A situação levou mais de 80 líderes de academias do segmento e 20 presidentes de federações a se unirem para formatar um protocolo de segurança contra o coronavírus.
O documento foi entregue em 20 de julho ao secretário executivo da Casa Civil do governo de Pernambuco, Carlos Eduardo Figueiredo, por um comitê formado pelo presidente da Federação Pernambucana de Jiu-jítsu (FJJPE), Aristóteles Queiroz, pelo presidente da Federação Pernambucana de Judô (FPJU), Jaciano Delmiro, mestre Yong, do Kung Fu, e mestre Formosino, do SADA Self Defense.
"Sabíamos que, para conseguir a reabertura, precisaríamos apresentar um protocolo de segurança contra a disseminação do coronavírus. Então, observamos o que já está sendo feito na Europa, onde a pandemia se espalhou logo depois da China, além de em São Paulo e outros estados onde a prática de artes marciais já retornou. Esse retorno se daria com algo mais voltado a uma preparação física para cada luta, sem contato. Com uso de máscara e todos os cuidados de higienização. E os treinos avançariam na medida em que a curva de contaminação decaísse", explicou Aristóteles Queiroz
Da Casa Civil, o protocolo para reabertura dos espaços de luta em Pernambuco seguiu para a Secretaria de Educação e Esportes. A pasta ainda aguarda posicionamento do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 para avançar com liberação dos esportes de luta.
"A Secretaria de Educação e Esportes esclarece que quem define a data de retorno das atividades no Estado, sejam educacionais ou esportivas, é o Comitê de Enfrentamento à Covid-19, coordenado pela Secretaria Estadual de Saúde. Para esta definição, é levado em consideração o cenário do novo Coronavírus em Pernambuco. A pasta reforça que montou um protocolo geral de Esportes e, através dele, aplica as determinações para que cada modalidade siga suas instruções, além de analisar todos os protocolos que são recebidos", posicionou-se a pasta, por meio de nota.
Os esportes de luta e artes marciais não entraram na antecipação da Plano de Convivência com a Covid-19 em Pernambuco por serem considerados práticas em que há contato físico extremo. E, como se sabe, a proximidade com uma pessoa infectada aumenta muito o risco de contágio.
"Entregamos um protocolo base amplo, que segue parâmetros já utilizados, por exemplo, na Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Federação Internacional de Judô (IJF) e Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Trata-se de um documento muito bom que, no geral poderá ser aplicado por todas as modalidades de luta. Mas o negócio está tão sério que cada federação ainda desenvolveu seus protocolos específicos, alinhados com as suas rotinas e especificidades", contou o presidente da FPJU, Jaciano Delmiro.
"Existem, em Pernambuco, mais de 200 mil praticantes de artes marciais. É um protocolo bem formatado, seguro e que já está sendo seguido em outros estados. O que questiono é por que há pessoas dispostas a liberar bares, locais em que é quase impossível manter o distanciamento social, pois sabemos como as coisas ficam após o consumo de álcool, e não as artes marciais? Trabalhamos com saúde. Melhoria da imunidade. Coisas essenciais em meio a uma pandemia", questionou o representante da Gracie Barra em Pernambuco, Leeds Ponsoni.
"Os professores de lutas e similares estão passando por situação muito difícil. E sem motivo. O que está acontecendo é muito arbitrário. Precisamos voltar. Eu, graças a Deus, não vivo de arte marcial, sou professor de química. Mas já é algo muito difícil viver de arte marcial. Muitos amigos que dão aula em escola estão passando necessidade", contou um dos diretores da FJJPE, Alexandre Lima, mais conhecido como Urso Polar.