O medicamento americano Mounjaro, aprovado pela Anvisa em setembro de 2023 para tratamento do diabetes tipo 2 no Brasil, tem ganhado popularidade nas redes sociais, impulsionado por celebridades que destacam seu uso para emagrecimento rápido.
Conhecido como "primo-irmão" do Ozempic (semaglutida), o remédio produzido pela empresa farmacêutica Eli Lilly atua de maneira semelhante no tratamento de diabetes tipo 2, obesidade e sobrepeso.
Mounjaro, Ozempic e o Victoza são somente alguns dos medicamentos utilizados contra a diabetes 2 que também passaram a ser utilizados pelas pessoas que têm como objetivo perder peso.
Porém muitos especialistas alertam para os cuidados que devem ser adotados com as medicações. De acordo com o doutor em Farmacologia e professor de Enfermagem do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Danilo Avelar, o paciente que precisa usar o remédio necessita ser acompanhado de perto por profissionais de saúde.
"É importante que os pacientes compreendam os potenciais efeitos colaterais do Mounjaro, como distúrbios gastrointestinais e mudanças na pressão arterial. O uso do medicamento deve ser acompanhado de perto por profissionais de saúde, especialmente no ajuste da dosagem inicial e na monitorização contínua dos efeitos terapêuticos e adversos", pontuou.
O especialista ainda esclareceu dúvidas sobre o medicamento, seu princípio ativo e efeitos colaterais. Confira!
Entenda como age o Monjaro no seu corpo
Qual é o principal mecanismo de ação do Mounjaro (tirzepatida)?
Doutor Danilo Avelar: "O Mounjaro atua como um análogo do GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon) e GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose). Esses hormônios são responsáveis por estimular receptores que aumentam a produção de insulina em resposta à glicose. Além disso, o medicamento retarda o esvaziamento gástrico, prolongando a sensação de saciedade e contribuindo para o controle glicêmico".
Quais são os principais achados clínicos sobre a eficácia do Mounjaro no controle da glicemia e na perda de peso?
Doutor Danilo Avelar: "Estudos clínicos mostraram que o Mounjaro proporciona melhora substancial no controle da glicemia em indivíduos com diabetes tipo 2 e redução expressiva no peso corporal em pacientes com sobrepeso e obesidade. Isso porque, ao combinar ação sobre o GLP-1 e o GIP, retarda a digestão de carboidratos, resultando em uma sensação prolongada de saciedade. A diminuição significativa na ingestão calórica leva à perda de peso. Comparativamente a outros medicamentos, o Mounjaro se destaca pela eficácia em ambas as áreas".
Existe alguma evidência de que o Mounjaro possa ajudar na prevenção de outras condições além do diabetes tipo 2, como o Alzheimer?
Doutor Danilo Avelar: "Além de seu papel no controle glicêmico e na redução de peso, há estudos em andamento sobre o potencial do Mounjaro em beneficiar condições como doenças cardiovasculares, metabólicas e neurodegenerativas, como o Alzheimer. A regulação da glicemia e os efeitos positivos sobre o metabolismo celular podem contribuir para esses benefícios adicionais".
Para quais perfis de pacientes o Mounjaro é mais indicado? Quem deve evitar esse medicamento?
Doutor Danilo Avelar: "O Mounjaro é especialmente indicado para pacientes com diabetes tipo 2 que não alcançaram controle adequado com outras terapias, bem como para indivíduos com sobrepeso e obesidade que buscam uma redução de peso significativa. Gestantes, pessoas com alergia a análogos do GLP-1, indivíduos com histórico de pressão arterial muito baixa e aqueles com tendência a náuseas severas devem evitar o uso do medicamento devido aos possíveis efeitos adversos".
Qual é o regime de administração do Mounjaro e como ele contribui para uma melhor adesão ao tratamento pelos pacientes?
Doutor Danilo Avelar: "O Mounjaro é administrado por via subcutânea, geralmente em uma dose inicial baixa que é ajustada conforme a resposta do paciente ao tratamento. Esse regime de administração oferece conveniência e flexibilidade aos pacientes, o que pode melhorar significativamente a adesão ao tratamento".
Quais são os efeitos colaterais mais comuns associados ao uso do Mounjaro e como eles podem ser gerenciados?
Doutor Danilo Avelar: "Os efeitos colaterais mais frequentes incluem distúrbios gastrointestinais, como náuseas, vômitos, diarreia e desconforto abdominal. Esses sintomas podem ser gerenciados com ajustes na dieta, como aumento na ingestão de fibras e líquidos, além de orientação médica para minimizar o impacto dos efeitos adversos".
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