Iniciativas garantem espaço para as mulheres

Empresas visam assegurar respeito e oportunidade ao público feminino
Publicado em 09/03/2020 às 15:11
Raphaela deixa Benjamin em creche gratuita, em tempo integral e perto do trabalho Foto: Foto Divulgação


Corporações brasileiras estão se preocupando cada vez mais com as necessidades do público feminino no ambiente de trabalho. Programas de proteção e cuidados especiais tem ganhado espaço entre empresas de diferentes segmentos. Instituições como Nestlé, Natura, Coca-Cola Brasil e a operadora de telecomunicações Telefônica Brasil veem a importância da luta pela igualdade de gênero e também apoiam criações de atividades e departamentos que possibilitam a competição justa no mercado de trabalho. Por isso, estas instituições possuem parcerias com a ONU Mulheres.

Outras corporações com atuação no Nordeste brasileiro, também têm trabalhado em favor da igualdade de gênero e respeito às mulheres. Prova disto é o restaurante Camarada Camarão, do Grupo empresarial Drumattos, que no último mês de fevereiro realizou palestra em parceria com a startup Women Friendly sobre conscientização e medidas para tomar no estabelecimento contra assédios.

A palestra teve o propósito de esclarecer o que é considerado assédio, quais são as formas de denunciar e como se proteger de comportamentos abusivos. Atitudes como puxar cabelo, não respeitar o não ou qualquer tipo de ação que cause constrangimento no local de trabalho é assédio. E não devem passar impunes.

Além disso, houve capacitações com os funcionários do restaurante para que eles possam identificar assédios entre os clientes e até mesmo entre os próprios funcionários. A gerente de Gente e Gestão do Grupo Drumattos, Fátima Barroso, afirma que os colaboradores tiveram a oportunidade de aprender e colocar em prática abordagens com o intuito de evitar comportamentos preconceituosos e assediadores.


“Nosso garçons e gerentes foram instruídos a ficar atentos a comportamentos de assédio. Se sentimos uma aproximação de rapazes a uma mesa de mulheres, logo um funcionário vai se aproximar e perguntar se está tudo bem. Os funcionários da empresa sabem também que não devem enviar recadinhos entre clientes sem autorização do receptor do recado”, diz Fátima Barroso. “Além disso, por beber demais, alguns clientes falam alto assuntos que desrespeitam outros públicos frequentadores do estabelecimento. Nesta situação o gerente se aproxima dos clientes alterados e solicita respeito aos demais”, completa a gerente.

Também em fevereiro o restaurante fez uma campanha envolvendo os clientes com o tema “Não é não”. E na campanha os clientes receberam uma tatuagem adesiva com a frase “Ei, camarada! Respeita as minas!”. O objetivo era o mesmo: prevenir e conscientizar os frequentadores contra o assédio.

CRECHE

O Porto Digital, parque tecnológico instalado no Bairro do Recife, em parceria com a prefeitura, começou a reforçar a luta contra a desigualdade de gênero no mercado de trabalho. No mês passado inaugurou a mais nova creche municipal. A unidade beneficia moradoras da Comunidade do Pilar, localizada nos arredores, e mulheres que trabalham no Porto Digital. O espaço é também uma possibilidade de estabelecer maior interação entre crianças de realidades econômicas completamente diferentes. 84 famílias serão contempladas pela Creche Municipal do Porto Digital.

Na unidade as crianças têm direito a merenda, farda e equipamentos tecnológicos, instigando o contato com mecanismos robóticos desde a primeira infância e favorecendo maior inserção dessas crianças no ambiente científico

A gerente do Eixo de Pessoas do Porto Digital, Marcela Valença, diz que após o período de licença maternidade 50% das mulheres acabam não voltando ao trabalho por não ter espaço onde deixar a criança. E foi pensando também em “cuidar das colaboradoras das empresas do parque tecnológico que a creche foi elaborada”, pontua.

Coordenadora de Educação e Treinamento da Qualiti, empresa de formação e capacitação tecnológica no Porto Digital, Raphaela Mattos diz estar vivendo “um sonho” após a instalação da creche. “Eu tenho uma filha de 13 anos, que tive no período em que já trabalhava no Porto, e tenho um filhinho de um ano e 11 meses. É uma diferença gigante comparar o que eu enfrentei para trabalhar quando tive a menina com o que vivo agora. Quando a primeira nasceu, eu precisava sair mais cedo do trabalho para estar com ela, e pagava a uma pessoa para cuidar dela. Hoje coloco meu filho numa creche integral e gratuita próximo ao meu trabalho. Nunca senti o Porto Digital tão próximo de mim”, ressalta Raphaela Mattos.

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