Seguindo a regra dos contos de fadas, se há uma princesa, naturalmente há um príncipe. E na novela Floribella, que completa neste sábado (4) 15 anos de sua estreia, ficou a cargo de Roger Gobeth a missão de dar vida ao complicado Frederico Fritzenwalden na primeira temporada. Não demorou muito para que ele conhecesse o amor através de Maria Flor (Juliana Silveira), e ganhar o apelido que todos lembram até hoje: Seu Freezer.
>> Floribella: Os 15 anos da 'Cinderela do ano 2000'
>> Floribella 15 Anos: a visão da autora Patrícia Moretzsohn
>> Floribella 15 Anos: a gratidão de Gustavo Leão, o Guto
>> Floribella 15 Anos: a dedicação de Suzy Rêgo, a Malva
>> Floribella 15 Anos: a felicidade de Maria Carolina Ribeiro, a Delfina
Em entrevista ao Jornal do Commercio, o ator paulista de 46 anos conta um pouco dos bastidores desse universo que ele viveu naqueles 170 capítulos, comenta a “polêmica” morte do Fred devido à trama original, revela que, por trás das câmeras, adorava “trollar” um de seus irmãos na novela e também foi ali que ele conheceu o atual amor de sua vida. Confira.
JORNAL DO COMMERCIO - Como a novela Floribella chegou para você? O que você lembra do período de testes?
ROGER GOBETH - Eu fui contactado pelas produtoras de elenco, Ciça Castelo e Marcela Altberg, que junto da produtora executiva Elisabetta Zenatti me apresentaram o projeto no período dos testes. Eu me lembro de ter feito uma cena e cantado uma música ao violão no meu teste. Depois, acabei participando também de alguns exercícios propostos, que eram testes, para a turma mais jovem já como o irmão mais velho deles.
JC - Quais foram as suas inspirações para compor o Frederico Fritzenwalden?
ROGER - Ele era aquele irmão mais velho, frio, responsável e preocupado com a educação de seus irmãos e um cara que descobre o amor verdadeiro quando encontra a Flor. E esse amor o transforma num cara legal. Então pensei em caminhar por esse arco e trabalhar essa transformação.
JC - Como era a rotina de gravações da novela? Qual a melhor lembrança desse período?
ROGER - A gente gravava diariamente. Tínhamos duas frentes, ou seja, duas equipes de gravação simultânea: uma dentro do estúdio, e outra na externa. Gravávamos no Polo de Cinema e Vídeo aqui no Rio de Janeiro e como tínhamos somente um estúdio disponível, ficávamos o dia todo ali... Ou dentro do estúdio gravando as cenas de interiores ou na externa, que era no estacionamento em frente gravando jardins e outras coisas, ou esperando o momento de gravar. Então ficamos os oito meses muito juntos. Viramos mesmo uma família de grandes amigos.
JC - Em que momento você percebeu que a novela estava fazendo sucesso?
ROGER - A repercussão foi imediata. Alavancamos o horário das 17h da Band e crescemos 400% em pontos de audiência. Quando íamos para São Paulo divulgar o programa em algum programa da grade, no aeroporto sempre havia fãs nos esperando, e também diariamente na porta do Polo Cine Video. Foi uma novela que dialogou com o público infantil de maneira arrebatadora. E depois ainda vieram os shows da Flor e sua turma que lotavam nas capitais brasileiras.
JC - Porquê você não cantou na trilha sonora da trama? Foi uma escolha sua?
ROGER - Não me lembro ao certo, mas acho que foi alguma questão contratual.
JC - Qual canção de Floribella é a mais especial para você e porquê?
ROGER - Acho o primeiro disco muito bonito. Acabei fazendo uma homenagem, a pedido dos fãs que até hoje nos acompanham nas redes sociais, e cantei a música Porque. Tá lá no meu IGTV.
JC - Por ser uma trama importada da Argentina, seu personagem teve que deixar a novela. Como você recebeu a notícia? É verdade que você gostaria de ter ficado?
ROGER - A gente sabia que o Fred morreria desde o início exatamente por ser um produto que já havia sido escrito e já tinha sido apresentado na Argentina. O que eu entendi na época foi que o ator argentino não quis, ou não pôde continuar na segunda temporada, então a forma encontrada pela autora Cris Morena foi uma “reencarnação” do espírito bom do Fred num outro personagem frio que então sofreria a mesma transformação. Eu lembro que houve conversas da equipe brasileira de autoras e direção para tentar um novo final, mas tivemos que acatar aquilo que já havia sido escrito e combinado, mas pudemos fazer algumas mudanças que acho que não aconteceram lá na Argentina como o encontro do Fred com o Conde (Mário Frias) no início da segunda temporada. Foi tão triste pra mim deixar aquele público de crianças órfãs do Fred como deve ter sido pra elas terem que aceitar aquela morte repentina.
JC - O que o 'Seu Freezer' ensinou ao Roger Gobeth?
ROGER - Ele me trouxe muitos amigos. E deixou saudades.
JC - O que poucas pessoas sabem sobre os bastidores de Floribella e você gostaria de compartilhar conosco?
ROGER - Bem, talvez nem todos saibam que minha mulher, a Samantha Santos, foi uma das produtoras da novela. Outra coisa que talvez não saibam era que enquanto esperávamos para gravar, a gente inventava muitas brincadeiras com a criançada! Na época, o João Vitor (Joca), o Johnny Massaro (JP), a Mariah Rocha (Bruna)... Eram pequeninos. E eu adorava "trollar" o João!
JC - 15 anos depois, porque ainda vale a pena relembrar a novela Floribella?
ROGER - Vale sempre lembrar das coisas boas da vida. Floribella marcou uma geração. E nos marcou também como profissionais. A novela tinha como mote o compartilhamento do amor. Hoje, vivemos um momento importantíssimo onde podemos aproveitar para que a humanidade saia da quarentena e se reencontre de uma maneira mais amorosa, com compaixão e gratidão... E a novela falava muito sobre isso.