''Senti que, se algo desse errado, ele iria me matar'', desabafa Duffy sobre estupro e sequestro

Cantora galesa publicou uma longa carta desabafando sobre os dias que passou em cativeiro dez anos atrás e o porquê ela se afastou dos palcos
Valentine Herold
Publicado em 06/04/2020 às 17:54
Duffy fez sucesso com os hits Mercy e Warwick Avenue Foto: DIVULGAÇÃO


Com informações da Agência Estado

Em fevereiro deste ano a cantora galesa Duffy, que estava há alguns anos afastada dos palcos, revelou por meio de suas redes sociais o porquê desta tão longa pausa na sua carreira. Ela passou por um episódio terrível e traumático de sequestro seguido de cativeiro e estupro. Nesta segunda-feira (6), ela voltou a tocar no assunto em seu site.

Duffy escreveu uma corajosa carta de sete páginas explicando aos fãs que o ocorrido uma década atrás foi que resultou em seu afastamento da música e que chegou a considerar até mudar de nome e sumir e que hoje percebe que esconder tudo isso fez com que ela cirasse uma "intimidade destrutiva" com a violência que sofreu.

"Eu sofria silenciosamente, em casas ou apartamentos. Nesses lugares, eu passava anos solitários para encontrar a estabilidade e me recuperar. [Até que] eu parei de fugir e me mudar. Eu senti que ele não poderia me encontrar na quinta casa, me senti segura. Eu me sinto segura agora", desabafa.

Ela também explica que não conseguiua falar publicamente sobre o assunto. Sobre o estupro, Duffy recorda que tudo começou em seu aniversário, quando foi drogada em um restaurante. Ela continuou sendo dopada ao longo de quatro semanas em sua própria casa pelo agressor e depois viajou com ele forçadamente para outro país.

"Não me lembro de entrar no avião. Fui colocada em um quarto de hotel e o criminoso voltou a me estuprar. Lembro-me da dor e tentei ficar consciente depois do que aconteceu", revela, sem citar o nome do agressor, que, segundo ela, afirmou que queria matá-la.

"Pensei em fugir para a cidade vizinha, enquanto ele dormia, mas não tinha dinheiro e eu tinha medo que ele chamasse a polícia por mim, por fugir, e talvez eles me localizassem como uma pessoa desaparecida. Eu não sei como eu tinha forças para suportar aqueles dias. Eu senti a presença de algo que me ajudou a permanecer viva. Voei de volta com ele, fiquei calma e, quando cheguei em casa, senti-me atordoada, como um zumbi", recorda.

"Depois do que aconteceu, não parecia seguro ir à polícia. Senti que, se algo desse errado, ele iria me matar. Eu não podia arriscar ou correr o risco de ser notícia". Duffy se mudou cinco vezes nos anos seguintes e revela que nunca se sentiu a salvo do estuprador.

Com o passar do tempo, a cantora buscou o apoio de uma psicóloga britânica especializada em traumas complexos e violência sexual, que a ajudou a lidar emocionalmente com as memórias. Ela reforçou ainda que o isolamento por conta do coronavírus pode ser um fator que reforce as dores de muita gente, mas deu um conselho para as pessoas conseguirem lidar com as dificuldades atuais.

"Se você está lendo isso e está triste, meu encorajamento é que. .. para conhecer a dor, você deve primeiro saber como amar. Somente a ausência de amor causa dor. Então vá encontrá-lo. Busque amor em tudo, mesmo em uma xícara de chá", aconselhou.

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