Após relutar e hesitar, a live de Zeca Pagodinho aconteceu. Neste domingo dos Dia das Mães, o sambista carioca voltou a soltar a voz depois de passar 60 dias sem cantar, passeando por sua obra, que tem um lugar especial na casa de milhões de brasileiros. Zeca veio acompanhado por uma banda mais reduzida e devidamente afastada uns dos outros, alguns até utilizando máscaras e luvas. Com cerca de 1h30 de apresentação, Zeca parece ter se divertido com o momento de quebra da rotina e com a possibilidade de levar música para os lares que lhe admiram.
Desta vez, Zeca estava desacompanhado de seu amigo fiel, o copo de cerveja, como já havia adiantado durante a semana. Começou já o sucesso Verdade, dedicando o show para todas as mães do Brasil, em especial a sua. Continuou a apresentação em um tom otimista, romântico e esperançoso, como de costume. "Isso vai passar, tem que passar", declarou enquanto cantava Lama nas Ruas.
A live arrecadou doações para o projeto Mães da Favela, iniciativa da Central Única das Favelas (Cufa). "Fica só bebendo aí não, vai doar", brincou o cantor, se dirigindo ao público de casa. Também teve espaço para sua fé, a qual Zeca incorpora de uma forma bela sem sua arte. A proteção visível por debaixo da camisa e uma grande estátua de São Jorge eram outros acompanhantes do cantor na apresentação. Cantou Ogum, celebrou os orixás em Minha Fé e trouxe o bom humor de Patota de Cosme.
Durante a apresentação, convidados especiais apareceram para pedir músicas. O primeiro deles foi outro bastião vivo do ritmo, Jorge Aragão, pedindo Mutirão de Amor, a qual gravou junto com Zeca, sendo prontamente atendido. A canção, que fala em "lutar em prol do bem-estar geral", "se unir para se encontrar" e "cantar sempre que for possível" soou muito sintomática ao período em que estamos vivendo. Outros nomes como Maria Rita e Marcelo D2 também deram as caras para fazer seus pedidos.
Verdadeiros clássicos não ficaram de fora. Vai Vadiar, Seu Balancê, Coração em Desalinho e Maneiras estiveram presentes em seu repertório. Nessa última, brincou ao trocar um pedaço da letra e cantar "se eu quiser bebo, eu não bebo", um de seus lamentos por não estar consumindo seu tão caro líquido. "Penso que tem um copo ali do lado para pegar, mas é só água", afirmou. Para encerrar, encaixou um pout-porri com Vou Botar Teu Nome na Macumba, Casal Sem Vergonha, SPC e Brincadeira Tem Hora. Disse ter achado legal a experiência da live, de poder sair de casa e fazer música, deixando no ar a possibilidade de outra no futuro.