A sétima arte perdeu um dos seus maiores intérpretes, o ator francês Michel Piccoli. Na manhã desta segunda-feira (18), a família do artista anunciou seu falecimento aos 94 anos.
Lenda do cinema europeu, Piccoli é conhecido, principalmente, por seus papeis em filmes como O Desprezo (1963), de Jean-Luc Godard, e A Bela da Tarde (1967), de Luis Buñuel. No primeiro, era o marido de Brigitte Bardot, em um dos mais marcantes filmes do mestre do cinema francês. No segundo, contracenou com Catherine Deneuve, no clássico que virou referência cultural no Brasil.
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Se existem currículos invejáveis no cinema, o de Piccoli estaria entre pelo menos os três mais desejados. Além dos já citados cineastas, o ator trabalhou com Manoel de Oliveira, Nanni Moretti, Marco Ferreri, Jacques Rivette, Youssef Chahine, Jacques Demy, Agnès Varda, Marco Bellocchio e Raul Ruiz.
Não ficaram de fora também Claude Chabrol, Alain Resnais, Mario Bava, Alfred Hitchcock e Leos Carax. Com este último, participou de Sangue Ruim (1986) e no mais recente e último grande trabalho do ator, Holy Motors (2012).
Um ano antes também deixava sua marca como o protagonista na ficção de Moretti, Habemus Papam (2011), onde vivia um papa que sonhava em se tornar uma pessoa anônima nas ruas de Roma.
Luis Buñuel foi outro dos seus principais colaboradores. Fez papéis em clássicos do diretor como Diário de Uma Camareira (1964), O Discreto Charme da Burguesia (1972) e O Fantasma da Liberdade (1974).
No total, foram mais de 150 filmes em uma prolífica carreira que viria a ter início em 1949. Louis Daquin foi o primeiro a dirigir Piccoli, no longa Le Point Du Jour.
Ele foi indicado quatro vezes aos prêmios César (o Oscar do cinema francês), mas nunca saiu vencedor – uma pena para a premiação, no final de tudo.
Suas atuações eram marcadas menos pela sua beleza e mais pela qualidade e versatilidade. Por isso que era figura repetida em grandes obras de quase todos nomes da Nouvelle Vague francesa. Isso para não citar grandes mestres como Hitchcock, Bava, Buñuel e Carax.
Piccoli nasceu em 27 de dezembro de 1925, em Paris. Segundo o ator definiu em entrevistas, seus pais eram como "músicos sem paixão", que "serviram como antimodelo".
"Michel Piccoli faleceu em 12 de maio nos braços de sua esposa Ludivine e de seus filhos Inord e Missia, depois de sofrer um acidente vascular cerebral", diz um comunicado divulgado à Agence France-Presse por Gilles Jacob, amigo do ator e ex-presidente do Festival de Cannes.