HOMENAGEM

Tarcísio Pereira, da Livro 7, recebe título de patrono da Leitura em Pernambuco

O texto, originado a partir de um projeto da deputada estadual Teresa Leitão (PT), foi publicado no Diário Oficial nesta quinta-feira (29)

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Marcelo Aprígio

Publicado em 29/04/2021 às 7:31 | Atualizado em 29/04/2021 às 7:31
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O governador Paulo Câmara (PSB) sancionou nessa quarta-feira (28) a lei que declara o livreiro Tarcísio Pereira patrono da Leitura em Pernambuco. Fundador da livraria Livro 7, o homenageado morreu em janeiro de 2021, em decorrência de complicações na saúde após contrair a covid-19.

O texto, originado a partir de um projeto da deputada estadual Teresa Leitão (PT), foi publicado no Diário Oficial nesta quinta-feira (29).

Esta não é a única honraria dada a Tarcísio. Em março, a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) inaugurou a sua quarta loja física, localizada no Centro de Artesanato do Recife, no Bairro do Recife, na área central da capital. O estabelecimento recebeu o nome do livreiro, que durante anos respondeu pela Superintendência de Marketing e Vendas da editora. O espaço destaca, em seus 21 metros quadrados de área útil, livros de autores pernambucanos e títulos que possam dialogar com a história e cultura do Estado.

No mesmo mês, a vereadora do Recife e escritora Cida Pedrosa (PCdoB) apresentou um projeto de lei para que o nome da Rua Sete de Setembro, no bairro da Boa Vista, no Centro da capital pernambucana, seja alterado para homenagear o livreiro.

Ao justificar o projeto, a parlamentar citou a relação histórica do livreiro com a rua, onde, em 1970, decidiu abrir as portas da icônica livraria que criou. O estabelecimento chegou a abrigar mais de 60 mil livros e, por cinco anos seguidos, entre 1970 e 1980, ganhou o título de maior livraria do Brasil, concedido pelo Guinness Book. “O laço de Tarcísio com a Rua Sete de Setembro era tão forte que, mesmo depois de fechada a livraria, ele continuou ligado ao logradouro”, argumenta a vereadora.

Era na Sete de Setembro, também, o ponto de partida do bloco carnavalesco “Nóis sofre, mas nóis goza” no sábado de Zé Pereira, em desfile pelas ruas do Centro. “O bloco criado por Tarcísio em 1976 transformou-se em outra marca registrada da Rua Sete de Setembro”, afirma a comunista.

Trajetória de Tarcísio

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ATUAÇÃO Tarcísio presidia o Conselho Editorial da Cepe e era superintendente de Marketing da editora - DIVULGAÇÃO

Nascido no Rio Grande do Norte, mas criado no Recife, Tarcísio Pereira estudou, em sua juventude, no Ginásio Pernambucano, o mais antigo colégio do país em atividade. Anos depois, cursou Jornalismo e História na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), em momentos distintos, mas não concluiu nenhuma das graduações.

Trabalhou na Livraria Imperatriz em 1960, onde arrecadou conhecimento, e em 1970 abriu seu próprio polo de livros, a Livro 7. Sinônimo de fomento na cena cultural local, a livraria fez história, mas fechou no ano 2000, quando completou 30 anos de funcionamento. 

Mais recentemente, Tarcísio atuava como Presidente do Conselho Editorial e era Superintendente de Marketing na Companhia Editora de Pernambuco (Cepe). Ele também era proprietário da Editora Tarcísio Pereira, criada em 2012. 

Livro 7

A Livro 7, criada por Tarcísio, foi responsável por estabelecer um ponto de encontro cultural na cidade do Recife. Localizada na área central do Recife de 1970 a 2000, o pequeno espaço, que inicialmente era de 20m², se tornou um grande marco para os pernambucanos, figurando por cinco anos seguidos como "Maior livraria do Brasil" no Guinness Book, graças a seus 1.200 m² finais e um acervo de 60 mil livros. Apesar disso, a livraria representou muito além de seu tamanho físico, e nasceu para inovar o ofício e propiciar aos leitores recifenses a magia de encontros, seminários, lançamentos e festas em torno da literatura, recebendo nomes como Ariano Suassuna, Osman Lins, Gilberto Freyre, João Cabral de Melo Neto e tantos outros. 

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Tarcísio Pereira e Eduardo Galeano - DIVULGAÇÃO
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CONCORRIDO Sidney Sheldon assinou, nos anos 1980, mais de mil cópias em um dos lançamentos mais disputados da Livro 7 - DIVULGAÇÃO
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GUINESS A Livro 7 figurou por cinco anos consecutivos como a Maior Livraria do Brasil com seus 1.200 m². Encontros, seminários e festas movimentaram e agregaram profissionais e amantes da literatura - DIVULGAÇÃO

A livraria funcionava num esquema de espaço colaborativo, semelhante ao que observamos hoje, onde os leitores podem passear entre os livros, folheá-los e curtir o ambiente. Muito mais que um espaço de compra de exemplares, a Livro 7 dispunha, em seu interior, de lojas de plantas, artesanato nordestino, discos, e até uma cervejaria e um teatro.

"A história da Livro 7 tem várias fases. A primeira durou dois anos, quando a livraria ficava localizada em uma galeria, era pequena, tinha uns 20m². Eu esperava as outras lojas fecharem de noite para usar o corredor para fazer os eventos. Tivemos exibição de filmes de Super-8 de Celso Marconi, Jomard Muniz de Britto, Fernando Spencer. Em 72, aluguei a loja ao lado e ampliei então o espaço com uma porta entre as duas até que, em 74, vi que um casarão da Sete de Setembro estava para alugar. Era muito grande, tinha 10 salas e sabia que seria demais só para os livros. Então subloquei para alguns amigos", revelou Tarcísio em entrevista ao Jornal do Commercio em julho de 2020, quando a Livro 7 completaria 50 anos.

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