ARTES VISUAIS

Exposição no Recife explora os múltiplos imaginários do Sertão

Mostra "O Sertão Virou Mar", do potiguar Sérgio Azol, reúne fotomontagens, pinturas e videoinstalações no Centro Cultural Cais do Sertão

Emannuel Bento
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Emannuel Bento
Publicado em 18/01/2022 às 17:30
MÁRIO GRISOLI/DIVULGAÇÃO
ARTES VISUAIS Mostra "O Sertão Virou Mar", de Sérgio Azol, reúne fotomontagens e pinturas no Cais do Sertão, no Recife - FOTO: MÁRIO GRISOLI/DIVULGAÇÃO
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Desde quando passou a ocupar o imaginário brasileiro, no fechar de portas do século 19, o Sertão é alvo de um certo realismo fantástico nos mais diversos âmbitos da cultura. O Centro Cultural Cais do Sertão, que nasceu para trazer esse universo ao coração do Recife, recebe a partir desta quarta-feira (19), às 17h, a exposição "O Sertão Virou Mar", do artista visual e fotógrafo potiguar Sérgio Azol. Ele explora essa potencialidade imagética sertaneja com fotomontagens criadas com técnicas variadas, a exemplo da mistura de foto com pintura.

Em cartaz até 19 de março, a mostra foi montada na Sala São Francisco, com curadoria do jornalista e crítico de arte Marcus de Lontra Costa e produção geral de Bruno Albertim. O espaço pode ser visitado das quintas aos domingos, das 10h às 16h. Além das fotomontagens, o projeto agrega várias pinturas e três videoinstalações. As imagens foram produzidas pelo artista nos Sertões do Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe, Alagoas e Bahia, apresentando fragmentos do real que ganham múltiplos significados.

Pesquisa sobre cultura popular

Radicado em São Paulo há duas décadas, Sério Azol tem formação em cinema e artes gráficas. Há 10 anos, vem trabalhando com outras linguagens como a pintura e, mais recentemente, a fotografia mesclada com pintura, justamente quando surgiu a série que deu origem à atual exposição.

"Há uma década, eu mergulhei numa pesquisa dentro da cultura popular nordestina. A partir daí me deparei com alguns livros do Frederico Pernambucano de Mello, que é daqui da terra e é uma autoridade no mundo do cangaço. Eu fiquei encantando com uma pesquisa que ele fez sobre a estética do cangaço", diz Azol, em entrevista ao JC.

MÁRIO GRISOLI/DIVULGAÇÃO
ARTES VISUAIS Mostra "O Sertão Virou Mar", de Sérgio Azol, reúne fotomontagens e pinturas no Cais do Sertão, no Recife - MÁRIO GRISOLI/DIVULGAÇÃO
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ARTES VISUAIS Mostra "O Sertão Virou Mar", de Sérgio Azol, reúne fotomontagens e pinturas no Cais do Sertão, no Recife - MÁRIO GRISOLI/DIVULGAÇÃO

"Frederico, então, me convidou para uma viagem pelos Sertões. Fizemos um trajeto do cangaço, quando comecei a fazer esses registros fotográficos. A intenção era dar uma base imagética para as minhas pinturas. Só que as fotos ficaram muito boas, então pensei que dariam uma bela exposição", continua. "Ultimamente venho usando fotografia mesclada com pintura. Comecei a pintar essas fotos e me senti bombardeado, pois elas conduziram para uma nova realidade."

Os múltiplos Sertões

Essa "realidade fantástica", que atravessa o Sertão na literatura, na música e até em produtos televisivos, ganha força com sobreposições de fotografias, uso do preto e branco, do negativo e, como já dito, da pintura. A fotografia do Castelo Zé dos Montes, localizado no município de Sítio Novo, em Rio Grande do Norte, por exemplo, remete ao aspecto medieval consagrado do movimento armorial. Já o crucifixo próximo de uma cerca, em foto negativada, traz uma aura do mistério sobrenatural que circunda a região.

"Esse Sertão representando na mostra navega os Sertões que todos nós desejamos. Um Sertão abundante, com muita água. Justamente por isso a palavra 'mar', que tem uma conotação metafórica de abundância, de coisa boa, de esperança, perspectiva. E também de um Sertão banhado pela surpresa, pelo assombro, pelo o que encanta, surpreende. Algumas imagens também remetem a muita tristeza, como a cena de um garotinho, quase deitado no centro de um lago seco, no chão com erosão, ele permeia essa variedade de sentimentos, da existência de vários Sertões."

MÁRIO GRISOLI/DIVULGAÇÃO
ARTES VISUAIS Mostra "O Sertão Virou Mar", de Sérgio Azol, reúne fotomontagens e pinturas no Cais do Sertão, no Recife - MÁRIO GRISOLI/DIVULGAÇÃO
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ARTES VISUAIS Mostra "O Sertão Virou Mar", de Sérgio Azol, reúne fotomontagens e pinturas no Cais do Sertão, no Recife - MÁRIO GRISOLI/DIVULGAÇÃO

Essa pluralidade também é apresentada nas videoartes. Uma delas explora o Castelo Zé dos Montes. Outra traz uma série de cercas de fazendas e casas, simulando pedaços de pau, arame e um chão batido com rachaduras.

Retomada de atividades no Cais

Para conferir a exposição, o visitante deverá apresentar na entrada o passaporte vacinal e seguir os protocolos sanitários estabelecidos pelo Governo de Pernambuco, como uso de máscara facial, higienização das mãos com álcool em gel e manter o distanciamento social no espaço. O acesso é feito pela entrada principal do centro cultural.

"Estamos muito felizes em receber a primeira exposição do ano no Cais, e ainda mais por ela se relacionar com o Sertão, esta região que é tão bem representada no acervo do museu, que inspira todo o projeto e concepção do equipamento", salienta o secretário de Turismo e Lazer, Rodrigo Novaes.

"A Secretaria de Turismo e a Empetur têm buscado, nesta retomada das atividades turísticas, promover iniciativas de qualidade, oferecendo toda a segurança para os visitantes, então convido a todos que venham visitar a mostra, venham conhecer o acervo do Cais, porque é uma experiência valiosa."

SERVIÇO
Mostra "O Sertão Virou Mar"
Onde: Cais do Sertão (Armazen 10, Av. Alfredo Lisboa, s/n - Recife, PE, 50030-150)
Visitação: De 19 de janeiro a 18 de março, das quintas aos domingos, das 10h às 16h
Ingresso para a entrada no museu: R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada)

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