ARTES PLÁSTICAS

Nova exposição sobre Tereza Costa Rêgo mostra fase madura da artista; saiba como visitar

"Tereza Costa Rêgo - Sem concessões" tem curadoria de Denise Mattar a partir da obra mais madura da artista pernambucana.

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Bruno Vinicius

Publicado em 31/03/2022 às 18:10 | Atualizado em 31/03/2022 às 18:12
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Há sempre uma nova forma de ver trabalhos sob a curadoria dos artistas. Após a bem sucedida exposição no Museu do Estado de Pernambuco - que foi até o último domingo (27)-, o público poderá conferir novamente um outro lado da artista Tereza da Costa Rêgo na Galeria Marco Zero, em Boa Viagem. Com acesso gratuito, a mostra inédita abre para visitação do público a partir desta sexta-feira (1º), seguindo até o final de abril. "Tereza Costa Rêgo - Sem concessões" tem curadoria de Denise Mattar a partir da obra mais madura da artista pernambucana.

O público poderá ver alguns dos clássicos já conhecidos de Tereza, como "As Mulheres de Tejucupapo", seu último painel, a série "7 Luas de Sangue" e "Apocalipse". Falecida em 2020, aos 91 anos, a artista poderá ser vista a partir do seu olhar para as mulheres, trazendo uma visão de corpos livres e fortes. 

Além das mais conhecidas do catálogo da artista, a exposição traz uma obra inédita ao público. A intervenção artística fez parte da mostra "Minha Vida Dentro de Uma Mala", exposta em aeroportos do mundo todo. Ela foi realizada nos anos 2000 e tinha como pretensão um "intercâmbio" de artistas de todo o planeta: cada um enviava de um canto do mundo para o outro lado do globo terrestre. O artista do Brasil enviava para Nova Iorque, por exemplo, que por sua vez enviava para Tóquio. E, ali, Tereza colocou sua vida: há a cabeça de uma boneca, uma bíblia, uma faca e uma pintura que representam coisas que perpassam sua biografia.

Denise Mattar, curadora da mostra, explica que um dos pontos que são ressaltados com a exposição é a maturidade artística que Tereza foi construindo ao longo do tempo. "Ao contrário de tantos artistas que produzem o melhor na sua juventude, Tereza envelheceu como um vinho raro, e seus aromas e sabores foram se tornando cada vez mais complexos, sutis e intrigantes. A sua pintura é forte e visceral, permeada de uma sensualidade perturbadora. Mas também retrata pontos duros do nosso povo, como toda a questão negra e a dizimação dos índios, tudo isso de maneira contundente", aponta Denise.

Além do ineditismo, Denise também quis resgatar seu principal clássico, que é o "Mulheres de Tejucupapo. "Essa criação é uma ode às mulheres: à sua coragem, inteligência e independência. É tempo de compartilhar Tereza Costa Rêgo, de mostrar sua arte para o mundo" completa Mattar.

Mulher à frente do tempo

Tereza foi à frente do seu tempo, conta a neta Joana Rozowykwiat. Segundo ela, a mostra tem esse caráter de exaltar a liberdade feminina, justamente nos tempos recentes. "Ela foi uma mulher à frente de seu tempo, uma das principais artistas plásticas daqui do nosso estado, e seu legado é uma obra que continua provocando encantamento e reflexão em todos que tem contato com ela e isso precisa ser preservado, visto e debatido", aponta Joana.

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