O poeta e cronista pernambucano Miró da Muribeca morreu neste domingo (31) aos 61 anos. O pseudônimo dado a João Flávio Cordeiro da Silva ganhou o Brasil com sua arte e exercício da escrita.
Ele lutava contra um câncer de próstata e o tumor desenvolveu metástase, espalhando-se por outros órgãos. Por conta da gravidade da situação, Miró pediu para ser cuidado no Hotel Central, no Recife, onde estava morando nos últimos tempos.
O artista também fazia tratamento contra alcoolismo e passou por um quadro de covid-19 severo no final de 2020. No próximo sábado (6), faria aniversário de 62 anos e os amigos estavam preparando uma festa para ele.
O enterro de Miró está marcado para esta segunda-feira (1º), a partir das 11h, no Cemitério de Santo Amaro, no Recife. O poeta-cronista deixa saudades para uma legião de poetas, amigos, leitores e admiradores de sua poesia singular.
A poeta Cida Pedrosa lamentou a morte do artista. "Recife e o Brasil perdem um dos seus grandes poetas. Um poeta vital, necessário. O céu hoje vai estar em festa, porque eu acho que França, Chico Espinhara e Erickson Luna vão estar todos esperando Miró", diz Cida, que era amiga próxima dele.
O anúncio da morte do poeta foi feito através do seu perfil do Instagram. "Comunicamos a todos os amigos, fãs e seguidores, que nosso poeta Miró da Muribeca encantou-se nesta manhã de domingo. Em breve, daremos mais informações sobre a cerimônia de despedida", escreveu a equipe.
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O CÉU É NO 6º ANDAR - MIRÓ DA MURIBECA
O último trabalho lançado por Miró foi o livro de poesias "O CÉU É NO 6º ANDAR". A obra reúne poemas inéditos fruto da sua luta contra a álcool.
O livro foi lançado em novembro de 2021, no Hotel Central, Centro do Recife, e pode ser adquirido através das redes sociais do artista.
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Em nota a prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura, lamenta a morte do poeta:
"Entre o lirismo e a periferia, escolheu os dois. Subverteu a rima e cunhou uma estética poética popular, urbana, periférica, negra e social, que levou Miró até para fora do Brasil [...] Miró agora se encanta em verso e prosa, deixando muda a cidade, toda esquina e toda ponte, ainda atravessadas pela poesia que ele inscreveu para sempre na geografia que cada um carrega no peito."
O presidente da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), o jornalista Ricardo Leitão, declara que foi uma grande honra publicar os livros de Miró. “Registrar sua poesia forte e de cunho social foi um compromisso da editora. Seu trabalho foi uma importante contribuição para a poesia brasileira”.
O editor da Cepe, o jornalista Diogo Guedes, que também lamentou o falecimento do poeta, afirma que “Miró, como poucos, trouxe a poesia para o seu próprio corpo e sua própria voz. O atestado da força dos seus poemas é a forma como reverberam em páginas, telas, vídeos, ao vivo - uma experiência sempre inesquecível”, relata Diogo, adiantando que a editora está com duas publicações de Miró em processo de produção: uma biografia e uma obra reunida com poesias inéditas.
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