TEATRO

Teatro Valdemar de Oliveira: Abaixo-assinado pede tombamento do prédio em meio à degradação

Pedido de tombamento foi feito pelo Grupo João Teimoso e acatado pela Fundarpe, que abriu processo; diretoria do Teatro de Amadores, responsável pelo prédio, não tem interesse na alternativa

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Emannuel Bento

Publicado em 24/10/2023 às 14:48
Teatro Valdemar de Oliveira, no Centro do Recife, totalmente destruído - BRUNO PARMERA/CORTESIA

A luta pela preservação do Teatro Valdemar de Oliveira, que sofre um rápido processo de degradação e vandalismo no Centro do Recife, ganhou um novo episódio com a criação de um abaixo assinado em apoio ao tombamento do prédio privado, localizado no bairro da Boa Vista.

O pedido de tombamento foi feito pelo Grupo João Teimoso, associação sem fins lucrativos que atua no Recife há 21 anos, e acatado pelo Governo de Pernambuco através da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco - Fundarpe, que abriu um processo publicado no Diário Oficial em 22 de setembro de 2023.

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Em 27 de setembro, um ato em frente ao equipamento cultural foi realizado, pedindo o seu tombamento e reabertura.

A continuidade desse processo, no entanto, não é o desejo dos associados do Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP), responsável por gerir o teatro. Em nota publicada em 26 de setembro, a diretoria do TAP informou que "não tem interesse no tombamento nesse momento de busca de alternativas".

De acordo com a nota, "o processo implica um ônus burocrático que pode prejudicar as tratativas em curso e retardar a almejada recuperação e reabertura do Teatro Valdemar de Oliveira".

Petição pública

Teatro Valdemar de Oliveira, no Centro do Recife, totalmente destruído - BRUNO PARMERA/CORTESIA
Teatro Valdemar de Oliveira, no Centro do Recife, totalmente destruído - BRUNO PARMERA/CORTESIA
Teatro Valdemar de Oliveira, no Centro do Recife, totalmente destruído - BRUNO PARMERA/CORTESIA

Para dar mais força ao processo do tombamento, o abaixo assinado por lançado no site petiaopublica.com.br.

O texto é assinado por entidades como Associação dos Produtores de Teatro e Artes de Cênicas e Pernambuco (Apacepe); Sindicato dos Artistas e Técnicos de Espetáculos e Diversões de Pernambuco (Sated-PE); Federação de Teatro de Pernambuco (Feteape); e Sociedade Teatral de Fazenda Nova (STF); entre outras.

"Endossamos as razões para o Tombamento do Teatro Valdemar de Oliveira, quando expressa que aquela casa de espetáculos, localizada no coração do Recife, está profundamente ligado ao cenário cultural do Recife, através da música, teatro, dança e demais artes cênicas, preservando a totalidade do edifício com sua arquitetura de teatro, cuja estrutura é fundamental para o exercício dessas artes, inclusive a função de equipamento capaz de acolher alunos do ensino médio e universitário com a realização de aulas, debates, palestras etc", argumenta o texto.

"Vale salientar que O Teatro Valdemar de Oliveira, inclui na sua estrutura física, uma significativa sala para apresentações de pequeno porte, o Teatro Alfredo de Oliveira, que pode funcionar simultaneamente, com entrada e saída independentes, ampliando, assim, a capacidade de exibição de espetáculos, em relação à qual o Estado de Pernambuco é tão carente", continua.

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"Por fim, afirmamos que, ao longo de nossa história cultural, pelos mais diversos motivos, o Teatro Valdemar de Oliveira tem sido vítima do desmonte progressivo com perda de arquivos do Teatro de Amadores de Pernambuco (fitas de vídeo, fotos, partituras, depoimentos em áudio, cenários, figurinos) e, também, daquela casa com a destruição de painéis fotográficos das mais diversas montagens que por ali passaram, além da arquitetura do equipamento descaracterizado desde a sua fachada, passando pela plateia, palco, coxias, camarins e demais dependências construídas com esmero pelo seu idealizador, o digníssimo senhor, Doutor Valdemar de Oliveira", finaliza.

Histórico

Inaugurado em 1971 para ser sede do TAP, o teatro é um dos espaços teatrais mais tradicionais da capital pernambucana. Reinaldo de Oliveira, que encabeçou a administração do espaço por décadas, faleceu em 2022.

Nos últimos meses, a imprensa vem relatando um processo de destruição do prédio, que vem sendo invadido por vândalos - sendo utilizado, inclusive, como moradia.

Os associados do TAP, que administram o local, viveram um verdadeiro "cabo de guerra" com os invasores, já que o sistema de segurança eletrônica foi danificado por diversas vezes. Foram roubados troféus, fiações de cobre, telhas de amianto, refletores e muito mais objetos.

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