Mais duas importantes personalidades da literatura pernambucana irão integrar o Circuito da Poesia, conjunto de estátuas espalhado pelo Recife, até o final do ano: Miró da Muribeca (1960-2022) e Lucila Nogueira (1950-2016). Com essas obras, o Circuito irá alcançar o número de 22 estátuas.
Apesar da mesma territorialidade, os artistas escolhidos são múltiplos em estética, no léxico e no imaginário construído sobre a capital. A estátua de Miró ficará na Avenida Rio Branco, no Bairro do Recife. Já a de Lucila ficará no bairro da Jaqueira, nos arredores da Academia Pernambucana de Letras, localizada nas Graças.
Vale ressaltar que Nogueira será a quarta mulher a integrar o Circuito - as demais são Clarice Lispector (Praça Maciel Pinheiro), Celina de Holanda (Praça José Sales Filho, na Avenida Beira Rio) e Janice Japiassu (Rua do Príncipe).
As estátuas são assinadas pelo artista Demetrio Albuquerque e terão planejamento e execução de serviços pela Emlurb. O Circuito da Poesia homenageia nomes como Antônio Maria (Rua do Bom Jesus), Manuel Bandeira (Rua da Aurora), Carlos Pena Filho (Praça do Diário), Chico Science (Rua da Moeda) e Reginaldo Rossi (Pátio de Santa Cruz).
Personagem do Centro
De acordo com a Prefeitura, a estátua de Miró ficará na Avenida Rio Branco por esse ter sido um dos cenários constantes de suas andanças. O poeta era conhecido por ser um andarilho da cidade. Vale ressaltar que a avenida, transformada em Boulevard nos últimos anos, vem recebendo o Festival Recifense de Literatura A Letra e A Voz, realizado pela gestão.
Nascido João Flávio Cordeiro da Silva, Miró subverteu a rima e cunhou uma poética popular, urbana, negra e social. Foi um cronista da cidade (como ele próprio se intitulava), tendo escrito e publicado mais de 15 livros, alguns traduzidos para o espanhol e para o francês.
O artista vivia pelo centro do Recife, tendo passado os últimos anos no histórico Hotel Central. Naquele entorno, várias paisagens contam as suas histórias.
Imoral da APL
Já a de Lucila ficará no bairro da Zona Norte pela proximidade com a Academia Pernambucana de Letras. Ela ocupou a cadeira de número 33 da instituição.
Lucila Nogueira nasceu no Rio, mas naturalizou-se no Recife. Integrou a Geração 65, grupo literário pernambucano que também contou com nomes como Marcus Accioly, Raimundo Carrero, Maximiano Campos e mais. Seu primeiro livro, Almenara, foi lançado em 1979.
A partir daí, ela não deixou mais de publicar poesia, com mais de vinte livros lançados ao longo de sua trajetória. Em 2009, recebeu a Medalha Euclides da Cunha, da Academia Brasileira de Letras.
Celebração
O escultor Demetrio Albuquerque comemora a ampliação do Circuito. "A ampliação do Circuito reforça o convite à contemplação, usufruto e celebração de nossas belezas materiais e imateriais", diz.
"Louvo o pioneirismo do Recife em acolher o Projeto do Circuito da Poesia, que tem crescido ao longo desses anos graças ao carinho da população, que primeiramente acolheu e compreendeu a importância de se louvar a rica cultura literária do estado, seja popular, erudita ou musical. Trazendo para perto, para seu dia a dia, a lembrança de quem fez a ideia de pernambucanidade. Viva a Poesia".
Veja a atual lista de estátuas do Circuito da Poesia:
Manuel Bandeira (Rua da Aurora);
João Cabral de Melo Neto (Rua da Aurora);
Capiba (Rua do Sol);
Carlos Pena Filho (Praça do Diário);
Clarice Lispector (Praça Maciel Pinheiro);
Antônio Maria (Rua do Bom Jesus);
Ascenso Ferreira (Cais da Alfândega);
Chico Science (Rua da Moeda);
Solano Trindade (Pátio de São Pedro);
Luiz Gonzaga (Praça Mauá);
Mário Mota (Pátio do Sebo);
Joaquim Cardozo (Ponte Maurício de Nassau);
Ariano Suassuna (Rua da Aurora);
Alberto da Cunha Melo (Parque 13 de Maio);
Celina de Holanda (Avenida Beira Rio);
Liêdo Maranhão (Praça Dom Vital);
Naná Vasconcelos (Marco Zero);
Reginaldo Rossi (Pátio de Santa Cruz); Janice Japiassu (Rua do Príncipe);
Tarcísio Pereira (Rua Sete de Setembro).