O multifacetado artista José Cláudio, que faleceu nesta terça-feira (12), gravou no ano de 2022 diversas cenas para um documentário que está em fase de produção e deve ser lançado como uma homenagem póstuma.
Inicialmente, o longa tinha objetivo de homenageá-lo ainda em vida. O próprio artista tinha dado o aval para o projeto, idealizado e produzido por sua sobrinha, filha de sua irmã mais nova, Isabela Pontes. A direção fica com Amaro Filho.
O roteiro do documentário já passou pela Lei Paulo Gustavo municipal, mas aguarda liberação de verba prometida pela Prefeitura do Recife para viabilizar parte do orçamento do filme. Por conta disso, as filmagens com Cláudio ainda não estavam completamente finalizadas - o que não inviabiliza o filme.
"Nosso roteiro para o filme era um antes de sua morte, até mesmo porque tio Zezé acabava guiando também as filmagens com a gente. Agora com sua morte faremos alguns ajustes no script e acrescentaremos outros", comenta Isabela.
"Quando recebi a proposta de Isabela Pontes, para fazer um filme sobre o pintor José Cláudio, seu tio, vislumbrei uma das missões mais importantes da minha vida como documentarista. O desafio ainda está sendo grandioso mesmo com sua morte", diz Amaro Filho.
Arte
José Cláudio foi pintor, desenhista, gravador, escultor, crítico de arte e escritor. Ficou conhecido por pinturas figurativas que fugiam do pitoresco, sendo um dos fundadores do Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife ao lado de Abelardo da Hora, Samico e Virgolino.
Além da vida e da obra, o documentário vai mostrar a intimidade e a família de Cláudio, além de abrir espaço para contar sobre a arte pernambucana, tendo em vista o que ele representa para o Estado e a arte brasileira.
"Zé Cláudio, fala com propriedade sobre Di Cavalcanti, Caribé, Mario Cravo, Atelier Coletivo, Paulo Vanzolini, Abelardo da Hora e Hermilo Borba Filho, que foram pessoas que ele conviveu. Fala de sua vivência na Escola de Belas Artes de Roma, a bienal de São Paulo, entre tantos momentos relevantes da sua vida", explica Amaro.
Aceite
Pela influência e trajetória, a vida José Cláudio já tinha sido cogitada por produtores e diretores, mas nunca até então aceita pelo artista. Ele mudou de ideia em 2022, quando sua sobrinha e jornalista Isabela Pontes, fez o convite ao seu tio para contar toda sua história para o mundo através das telas de cinema.
"Sempre pensei nisso, pois desde criança admirei aquele tio excêntrico e talentoso, que além do seu legado, tinha um lado sonhador e persistente inspirador a ser dividido com mais pessoas. Uma história de vida bonita a ser contada e que além de tudo era parte da vida da minha família", comenta Isabela. De acordo com a sobrinha, o artista abraçou a ideia e colaborou bastante com as filmagens.
Isabela lamenta que a produção não finalizou as filmagens por estarem aguardando liberação de verba acordada com a Prefeitura do Recife e que já estava autorizada. Segundo a produtora, em breve, o filme será inscrito em outras leis culturais.
"Independente desse dinheiro municipal acertado chegar ou não, mais do que nunca vamos dar continuidade a esse projeto. Certamente, se for preciso, encontraremos outros parceiros. Pernambuco e José Cláudio merece ter sua marca eternizada no cinema", finaliza o diretor.
Ainda não existe uma data para o lançamento para o documentário.