Aos 88 anos, Sebastião Pereira de Lima, mais conhecido como Mestre Martelo, é o brincador de "Mateus" (figura cômica afrodiaspórica da brincadeira do Cavalo-Marinho pernambucano) mais antigo em atividade em Pernambuco. Ele começou aos 19 e participou de muitos grupos, tendo 68 anos dedicados à manifestação.
O brincante participou de diversos espetáculos com o Grupo Grial de Dança, fundado por Ariano Suassuna e Maria Paula Costa Rêgo. Contribui com diversos grupos e espaços de formação artística do Brasil. A sua jornada agora está registrada no livro "Mateus de uma Vida Inteira", lançado nesta quinta-feira (18), ás 18h, em Condado.
A obra foi organizada por Cibele Mateus e Odília Nunes, que mantiveram a oralidade do autor, que é o próprio Martelo, na escrita do livro.
O livro
A publicação, de 160 páginas, com fotos e ilustrações, mostra a vida do Mestre Martelo desde a infância, adolescência, a vida no corte da cana até seu encontro com o cavalo marinho, além de trazer uma compilação das histórias que ele costuma contar, e também depoimentos de familiares e brincantes. Apenas 80 exemplares estarão à venda no local por R$ 60 - valor que será revertido integralmente para o Mestre Martelo.
São 200 exemplares, numa tiragem de 280, serão distribuídos gratuitamente para escolas públicas, espaços culturais, grupos de Cavalo Marinho, instituições públicas de ensino de artes e centros culturais da região da Zona da Mata Norte e Sertão do Pajeú Pernambucano.
"Mateus de um Vida Inteira" é um projeto realizado por No Meu Terreiro Tem Arte, de Odília Nunes, com recursos do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura, do Governo de Pernambuco.
Na próxima quinta-feira (25), o lançamento será no Sertão, no sítio Minadouro, área rural de Ingazeira, sede do projeto No Meu Terreiro Tem Arte, coordenado por Odília Nunes. Também com sambada e a presença do Mestre Martelo.
Produção
A pesquisa foi feita por meio de trabalho de campo de Odília Nunes, Cibele Mateus e Vanessa Rosa, atrizes pesquisadoras que têm Mestre Martelo como referência de palhaçaria popular e comicidade negra.
A pesquisa visa registrar a história, memórias, experiências e saberes desse mestre que é um patrimônio vivo brasileiro (ainda não reconhecido oficialmente).
Além do livro, a pesquisa foi toda compartilhada virtualmente, com registros escritos, fotográficos e audiovisuais (com Legendas para surdos e ensurdecidos LSE) e pode ser visualizada pelo instagram @mateusdeumavidainteira.