Primeiro pagode ao ar livre do Recife, o Pagode do Didi, localizado na Rua Ulhôa Cintra, no bairro de Santo Antônio, anunciou que ficará fechado temporariamente para regularizações de alvarás exigidas pelo poder público.
Em nota, a Prefeitura informa que notificou o estabelecimento para adequações necessárias desde setembro de 2023 e, diante da falta de retorno, precisou judicializar o caso.
O bar funciona de segunda a sexta, realizando sessões de música ao vivo todas as sextas, a partir das 19h.
Em nota, o Pagode do Didi informa que está "trabalhando arduamente para que tudo volte ao normal o mais breve possível. O pagode não pode parar. Viemos da luta e não fugiremos dela."
Alvarás
Na plataforma Licenciamento Unificado, da Prefeitura do Recife, é possível encontrar dois processos ainda abertos envolvendo o estabelecimento.
Um deles, de 12 de junho de 2014, pede a apresentação alvará de localização e funcionamento. Esse processo ainda aguarda recurso. Um outro, de 22 de julho de 2014, diz que o local foi autuado por falta de alvará de som e poluição sonora.
Rico, um dos filhos de Didi, confirmou à reportagem que o estabelecimento está tentando regularizar alvarás. "Estamos com advogados, correndo atrás. Esperamos já voltar na semana que vem", disse.
Prefeitura do Recife
Em nota, a Prefeitura do Recife informou que "o encerramento das atividades do Pagode do Didi é fruto de uma decisão da 5ª Vara da Fazenda Pública do Recife, atendendo a um pleito do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e da Procuradoria Geral do Município (PGM)".
E complementou dizendo que o local "trata-se de um estabelecimento comercial sem alvarás de localização e funcionamento, situado em Zona Especial de Preservação do Patrimônio Histórico/Cultural (ZEPH-SPR), com atividade potencialmente geradora de incômodo à vizinhança (APGI) e com extensa ocupação irregular do logradouro público - palco e mesas".
Por fim, a Prefeitura confirmou que a administração do Pagode do Didi foi regularmente notificada para o encerramento e adequação das suas atividades, em setembro de 2023, mas que os proprietários ignoraram a notificação. E, diante disso, o Município judicializou a demanda.
Tradição
Fundado em 1981, o "Bar do Didi" logo se tornou ponto de encontro de sambistas, transformando-se no primeiro pagode ao ar livre do Recife, o Pagode do Didi - nome que carrega até hoje.
Diversas gerações de músicos, compositores e grupos iniciaram suas carreiras neste espaço. Em 2021, após a pandemia, o bar vivenciou uma renovação de público, atraindo jovens todas as sextas-feiras.
O espaço se tornou, inclusive, um ponto de encontro de nomes nacionais do ritmo. Arlindo Cruz, Almir Guineto, Negritude Jr, Jovelina Pérola Negra, Bezerra da Silva, Nelson Rufino, Noca da Portela, Délcio Luiz foram alguns dos nomes que passaram por lá.
Em 2010, o Didi do Pagode (Vlademir de Souza Ferreira) foi diplomado com o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco.