As canções do cantor e compositor Moraes Moreira, que morreu na manhã desta segunda-feira (13), embalaram a trilha sonora da vida de muitos brasileiros. No entanto, na música 'Celebração', que faz parte do seu último álbum que tem o mesmo nome, lançado em 2019, o artista pareceu deixar uma mensagem sobre a sua partida e a sua contribuição para a música brasileira. "Músico que é músico não para de tocar", diz trecho da composição.
Na canção, o artista, que tinha 72 anos e morreu enquanto dormia em sua casa no Rio de Janeiro, fala sobre a arte da música brasileira e elementos utilizados para que várias delas sejam feitas, além de citar nomes de grandes cantores e compositores. Confira a obra:
Somos a forma, o pensamento
Que se transforma, num instrumento
Chorinho sim, um violão
Um bandolim, e a inspiração
Mas o pandeiro é necessário
Se faz parceiro no itinerário
O cavaquinho, também a flauta
Tão no caminho e tudo exalta
Chora na melô de Pixinguinha
Vem vibrar que só, choro de Jacob do Bandolim
Saltita aí no choro de Waldir Azevedo
Ninguém sabe qual é o melhor
Chora no chorinho de Armandinho
E no violão, Yamandu comanda no violão
Nego veio Dominguinhos, toca a mil Hamilton de Holanda
Somos a forma, o pensamento
Que se transforma, num instrumento
Chorinho sim, um violão
Um bandolim, e a inspiração
Mas o pandeiro é necessário
Se faz parceiro no itinerário
O cavaquinho, também a flauta
Tão no caminho e tudo exalta
Chora na melô de Pixinguinha
Vem vibrar que só, choro de Jacob do Bandolim
Saltita aí no choro de Waldir Azevedo
Ninguém sabe qual é o melhor
Chora no chorinho de Armandinho
E no violão, Yamandu comanda no violão
Nego veio Dominguinhos, toca a mil Hamilton de Holanda
Vou pedir Davi licença pra quem não se tem
Vai ter recompensa essa é a lei
Músico que é músico não para de tocar
Todo logradouro público haveremos de ocupar
Vou pedir Davi licença pra quem não se tem
Vai ter recompensa essa é a lei
Musico que é musico não para de tocar
Todo logradouro público haveremos de ocupar
A causa da morte de Moraes Moreira ainda não foi informada. Também ainda não se sabe sobre quando e onde será o sepultamento.
Nascido Antônio Carlos Moreira Pires na cidade de Ituaçu, Moraes começou a carreira tocando sanfona em festas de São João. Na adolescência, aprendeu a tocar violão enquanto estudava em Caculé. Depois, se mudou para Salvador e conheceu Tom Zé. Formou com Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão os Novos Baianos, ficando com o grupo de 1969 até 1975.
Com Luiz Galvão, compôs a maioria das canções dos Novos Baianos, que é responsável por um dos discos mais icônicos da música brasileira, Acabou Chorare, de 1972, considerado pela revista Roling Stone Brasil, em 2007, o melhor álbum da história da música brasileira.
Em sua carreira solo compôs diversos sucessos de músicas de carnaval, como "Pombo Correio", "Vassourinha Elétrica" e "Bloco do Prazer", dentre outras.
Em 1994, Moreira gravou o álbum "O Brasil Tem Concerto", influenciado pela música erudita, e no ano seguinte o Moraes Moreira Acústico MTV, que mais tarde foi transformado em CD e DVD.
Três anos depois, o baiano gravou um disco carnavalesco em que comemora seus 50 anos, intitulado de "50 carnavais" e dois anos depois lança o disco "500 Sambas" em homenagem aos 500 anos de descobrimento do Brasil.
Em 2000, o disco "Bahião com H" trouxe Moraes tocando o baião com seu característico sotaque baiano. Em 2003, completou sua trilogia que tinha como tema o Brasil, e incluía os três álbuns Lá Vem o Brasil Descendo a Ladeira (1979) e O Brasil Tem Concerto (1994) e Meu Nome é Brasil (2003).
O disco "De repente", que mistura hip hop com repente nordestino e o swing característico de seu violão, foi lançado em 2005.