Datena responde ataques de Bolsonaro a jornalistas: "Bundão é o senhor"

O apresentador disse ainda que Bolsonaro não pode "ofender qualquer cidadão brasileiro da forma como ele ofendeu, seja ele de imprensa ou não"
Thalis Araújo
Publicado em 24/08/2020 às 20:47
Comentário de Datena foi ao ar nesta segunda-feira (24) Foto: REPRODUÇÃO


O apresentador do Brasil Urgente, da TV Band, José Luiz Datena, rebateu os comentários do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), contra os jornalistas. Bolsonaro chamou os profissionais, durante um evento, de "bundões". Daí, Datena rebateu durante o programa: "Bundão é o senhor, Jair", depois de dizer também que o presidente não pode "ofender qualquer cidadão brasileiro da forma como ele ofendeu, seja ele de imprensa ou não".

"Eu, por exemplo, sou do jornalismo e não sou 'bundão', senhor presidente Bolsonaro. Eu não sou 'bundão'. Agora, o senhor me dá o direito de chamar o Jair de 'bundão', então 'bundão' é o Jair, 'bundão' é o senhor. Não o presidente da República, esse eu respeito, mas a partir do momento que você chama a minha classe toda de 'bundão', eu também posso chamar o senhor de 'bundão' " - José Luiz Datena - Apresentador

Confira um trecho do comentário de Datena

Jornalistas sofreram durante o período da Ditadura Militar

O jornalista citou, inclusive, as dificuldades que os profissionais do jornalismo sofreram no passado, durante a perseguição no período da Ditadura Militar. "Como todos nós somos 'bundões'? Teve muita gente que perdeu a vida, que deu a sua vida, inclusive durante o regime militar, que deu sua vida fazendo matérias. A imprensa brasileira foi fundamental na mudança desse País em várias oportunidades. Então, os jornalistas brasileiros não são 'bundões', pelo contrário, são gente que vai para a rua trabalhar, enfrentando dificuldades enormes", completou.

Já no fim do comentário, Datena ironizou os serviços prestados por Bolsonaro durante sua estada no Exército Brasileiro, comparando com o trabalho dos jornalistas que são correspondentes de guerra. "Já houve correspondentes de guerra, muito mais que o senhor, que o senhor pulava de paraquedas. Não sabia que o senhor era super-herói, salvou gente a 2,5m de profundidade. Mas teve jornalista brasileiro que já foi correspondente de guerra. Como é que o senhor chama toda nossa classe de 'bundões'? Então, com todo respeito ao cargo de presidente da República que o senhor tem, 'bundão' é o senhor, o senhor vai me desculpar, essa é a minha opinião", concluiu.

Mesmo com o comentário, o apresentador do Brasil Urgente deixou claro o seu respeito pelo cargo de Jair Bolsonaro como presidente da República e disse até que gosta dele.

Em evento, Bolsonaro chama jornalista de "bundões"

No dia que o Brasil registra 115 mil vidas perdidas para o coronavírus e um dia depois de ameaçar um jornalista, após ser questionado sobre depósitos de Queiroz à primeira-dama, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), participou do evento "Vencendo a Covid-19" no Palácio do Planalto, na manhã desta segunda-feira (24). Na ocasião, ele voltou a atacar os jornalistas, chamando-os de 'bundões', além ter criticado a atuação do ex-ministro da Saúde, Mandetta, e exaltado Pazuello, por ter liberado a prescrição da hidroxicloroquina para o tratamento do coronavírus

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"Aquela história de atleta né, que o pessoal da imprensa vai para o deboche, mas quando pega num bundão de vocês [jornalistas], a chance de sobreviver é bem menor", maliciou.

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Não satisfeito, o chefe de Estado apontou que os profissionais da imprensa só sabem "fazer maldade". "Usar a caneta com maldade em grande parte. Tem exceções, como o Alexandre Garcia, a chance de sobreviver é menor que a minha".

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