Para explicar alta do dólar, Guedes cita coronavírus, desaceleração, incerteza e política

Ministro sugeriu que a mídia tem relação com a cotação do câmbio
Estadão Conteúdo
Publicado em 05/03/2020 às 17:04


Questionado sobre a alta do dólar, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira, 5, que "isso era perfeitamente previsível". A moeda subiu pela 12ª sessão consecutiva e fechou a R$ 4,65 nesta quinta-feira (5), batendo novo recorde nominal. No ano, a alta acumulada já é de 15,99%.

Para explicar a alta, o ministro listou diversos fatores: "Tem o coronavírus, a desaceleração global, incertezas...O que vocês (imprensa) estavam dizendo há um ou dois dias? Que está um caos, que o presidente não se entende com o Congresso, que não está havendo coordenação política, toda hora tem uma bomba... Se está havendo todo esse frisson, o dólar sobe um pouco."

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Guedes disse também que o câmbio preocupa quando sobe rápido, mas, para isso, o Banco Central (BC) atua. "Está provendo boa liquidez", comentou.

O ministro também afirmou que empresas que remetem recursos para fora do País também influenciam a cotação do câmbio.

Mídia

Ele sugeriu que a mídia tem relação com o aumento do dólar. "Como estamos confiantes de que a mídia vai entender que o Brasil está mudando para melhor, é uma questão de tempo. Se vocês estiverem menos nervosos daqui a um mês, quem sabe o dólar acalma", disse.

'Quatro por quatro'

Além disso, Guedes afirmou que o modelo econômico do Brasil é "quatro por quatro", com juros na casa dos 4% e dólar na casa dos R$ 4.

PIB

O ministro da Economia afirmou que a projeção dele para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 é de crescimento de 2% e admitiu que trabalha com uma estimativa diferente da calculada pela Secretaria de Política Econômica (SPE), subordinada à pasta que ele comanda. Ele concedeu entrevista a jornalistas depois de ter participado de encontro com empresários promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

A previsão da SPE para 2020 é de expansão de 2,4% e a expectativa é que o número seja revisado na semana que vem.

Guedes disse que "sempre" trabalhou com um cenário em que a economia crescia 1% no primeiro ano do governo Bolsonaro 2% no segundo ano. Guedes ressaltou que a estimativa da SPE é calculada por "economistas sofisticados", que recorrem a modelos econométricos.

Impacto do coronavírus

O ministro da Economia afirmou ainda que, pelas contas dos economistas que trabalham com ele, o impacto negativo do coronavírus na economia brasileira seria de 0,5 ponto porcentual, na pior das hipóteses, em um cenário de crescimento de 2,5%. Na melhor das hipóteses, segundo ele, o impacto seria de apenas 0,1 ponto porcentual.

Para o ministro, o coronavírus vai afetar mais onde está o foco da epidemia, a China, e as economias mais abertas, como é o caso também do país asiático. No caso do Brasil, ele disse, a economia é uma das mais fechadas do mundo. "Quando o vento é a favor, não pega tanto. Então, com o vento contra, também não pega tanto", afirmou.

Guedes disse ainda que o resultado do PIB de 2019 poderá ser revisado pelo IBGE, como aconteceu nos anos anteriores. Pela margem de erro do instituto, disse o ministro, a expansão registrada para o PIB de 2019 poderia subir de 1,1% para 1,4%.

Mansueto

O ministro também comentou as declarações dadas mais cedo pelo secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida. "Se o Mansueto esperava PIB a 3%, ele está frustrado", disse. Mas depois concordou com o secretário: "Sim, 1% de crescimento para um país em desenvolvimento é pouco, pois o Brasil crescia 7,3% há 40 anos."

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