Pernambuco registrou o seu pior resultado quanto à produção industrial dos últimos dez anos. Com elevada carga tributária, taxa de câmbio alta, falta de capital de giro, baixa demanda e os primeiros sinais da covid-19, segundo a Fiepe, a produção das indústrias pernambucanas no mês de março caiu 10,8 pontos quando comparada ao mês imediatamente anterior, atingindo o resultado de 36 pontos - maior queda da série histórica, que teve início em 2010.
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De acordo com os dados da Fiepe, todos os índices que medem o desempenho industrial tiveram uma queda brusca no último mês. O índice de Evolução do Número de Empregados saiu de 49,2 pontos, registrados em fevereiro, para 40,0 pontos, em março de 2020, numa variação negativa de 9,2 pontos. O resultado fica atrás apenas do registrado em agosto de 2015, quando chegou a 39,8 pontos, durante a crise política e econômica que atingia o Brasil.
"Não chega a ser uma surpresa. Todos os outros resultados que estávamos colhendo foram negativos. A confiança do empresária, a nível nacional chegou ao terceiro menor índice da série histórica. A sondagem só corroborou o que estávamos esperando, mas chegando ao pior nível da série histórica", avalia o economista da Fiepe, Cézar Andrade.
Assim como o número de empregados, a capacidade instalada apresentou redução. a maior mensal já registrada toda a série histórica. O indicador atingiu 56,7 pontos percentuais em março de 2020. A
redução foi de 13,3 pontos de fevereiro para março.
Já o indicador de evolução dos estoques de produtos finais apresentou redução de 3,7 pontos, no mês de março (47,5 pontos) em relação a fevereiro de 2020 (51,2 pontos). A satisfação com o lucro operacional e satisfação financeira pioraram entre os trimestres, mostrando redução significativa para o início de 2020. Com a redução de suas respectivas receitas, as indústrias pernambucanas apresentaram insatisfação financeira em seus negócios.O índice de satisfação com a situação financeira saiu de 49,4 pontos registrados no final de 2019 para 43,4 pontos, uma redução de 6,0 pontos.
Enquanto isso, o índice de facilidade no acesso ao crédito, que apresentava uma melhora gradual nos últimos dois anos, recuou 6,1 pontos, saiu de 35,8 pontos registrados no quarto trimestre de 2019, para 29,7 pontos no primeiro trimestre de 2020. "O empresário vai ao banco de relacionamento para conseguir o crédito, mas não consegue, principalmente nos privados. Não ha facilidade de acesso. O gerente diz até mesmo não ter conhecimento das novas linhas", critica Andrade.
Dificuldades
Dentre os empresários, são apontados como principais fatores de influência negativa nos resultados a elevada carga tributária (44,1%) e a demanda interna insuficiente (42,1%). A carga tributária, em primeiro lugar, obteve, no entanto, diminuição de 2,84 pontos. A insuficiência da demanda interna obteve aumento significante de 11,49% em suas queixas. A Taxa de câmbio elevada ocupa agora o terceiro lugar no ranking dos principais problemas, registrando aumento expressivo de 14,63% no trimestre, por conta da desvalorização do real frente o dólar.
Entre os segmentos mais afetados, o destaque é a indústria da construção, que em função do decreto de proibição das atividades que não sejam obras públicas ou emergenciais, acumula as maiores perdas de pessoal e de produção. Além do setor têxtil e de bebidas (cervejas artesanais).
Na mesa, à espera de resposta por parte do governo de Pernambuco, os empresários industriais têm propostas como postergação do pagamento do ICMS e flexibilização de linhas de crédito.
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