Com menos carros na rua por causa de coronavírus, preço da gasolina cai no Recife

Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Recife tem o sexto menor preço médio entre as capitais do Brasil, com R$ 3,996 pelo litro da gasolina
Marcelo Aprígio
Publicado em 06/04/2020 às 17:00
Após a queda no preço no barril internacional do petróleo, os Postos de Combustíveis do Estado, baixam o preço da gasolina Foto: BOBBY FABISAK/JC IMAGEM


Os efeitos do novo coronavírus (covid-19) na economia mundial e as medidas restritivas impostas pelo governo de Pernambuco para conter o avanço da doença fizeram cair o preço da gasolina na capital do Estado. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Recife tem o sexto menor preço médio entre as capitais do Brasil, com R$ 3,996 pelo litro da gasolina — a média nacional é R$ 4,298. Nesta segunda-feira (6), a reportagem do Jornal do Commercio o combustível sendo vendido por R$ 3,699, em um posto no bairro de Afogados, na Zona Oeste da cidade. Quem decidiu tirar o carro da garagem para abastecê-lo sentiu a redução.

Este foi o caso do professor universitário Paulo Monteiro, 56 anos. Cliente do estabelecimento com o preço mais baixo da cidade, o consumidor diz que há várias semanas não encontrava o combustível sendo vendido por um valor tão atrativo. “Eu decidi dar uma volta de carro hoje e me surpreendi com o preço”, declara ele, afirmando que não poderia perder a oportunidade por medo de ver a gasolina subir de novo.

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Em Boa Viagem, o comerciante Getro Cavalcanti, 40, foi abastecer seu carro com a esperança de que os preços da gasolina voltem a cair. “Meu desejo é que chegue em R$ 3,00”, conta ele, dizendo estar ansioso para que sua expectativa se confirme. No mesmo posto, o médico Gildo Lima, 65, afirmou que, apesar de observar a redução do preço nos últimos dias, o combustível segue sendo vendido acima do esperado, visto que o valor do barril do petróleo vem caindo no mercado internacional. “Paradoxalmente, o Brasil segue uma lógica inversa, quando lá fora desce, aqui sobe”, pontua Lima.

Já o representante comercial Marlus Gomes, 40, abasteceu seu veículo na Avenida Mascarenhas de Morais, no bairro da Imbiribeira, Zona Sul do Recife. Para ele, o preço encontrado nas bombas nesta segunda (6) foi satisfatório e lembra que chegou a encontrar o litro da gasolina sendo vendido a R$ 4,40 no mesmo estabelecimento há uma semana. Segundo Gomes, a redução do número de carros nas ruas, em virtude da covid-19, fez com que os empresários do setor de combustíveis sentissem o impacto da doença em seus negócios e fossem forçados a diminuir o preço da revenda da gasolina. “Se agora conseguiram, dá pra baixar mais em dias normais”, argumenta Marlus, criticando o valor aplicado antes da pandemia atingir o Brasil.

Postos pedem fim de exclusividade durante pandemia

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Pernambuco (Sindicombustíveis-PE), Alfredo Pinheiro Ramos, explica que nem sempre é possível fazer com que um preço menor chegue ao consumidor por causa da política de preços adotada pela maior parte das distribuidoras do país. "Muitas vezes, compramos o combustível com uma redução muito menor do que a repassado pela Petrobras, porque, geralmente, as distribuidoras represam todos os abatimentos", diz ele.

De acordo com Alfredo Pinheiro Ramos, para oferecer um preço justo aos consumidores, o setor já solicitou a liberação dos postos bandeirados, ou seja, aqueles que têm contratos de exclusividade com distribuidoras, para comprar combustíveis de outras companhias “que tenham custos mais competitivos". “Queremos poder revender um produto que nos ajude a minimizar os impactos desse momento que estamos vivendo", conta. Para ele, se a ANP atender o pedido dos donos de postos, os consumidores serão os maiores beneficiados, pois poderá haver redução no preço do litro do combustível. Caso contrário, ele prevê o fim da atividade de alguns estabelecimentos em Pernambuco. “As vendas de combustíveis já caíram cerca de 70%, levando o negócio dos revendedores à beira da insolvência”, argumenta o presidente do Sindicombustíveis-PE, apontando que os pequenos empresários são os principais prejudicados.

Ele também critica as medidas de isolamento social adotadas pelo governo do Estado, as quais, segundo ele, são responsáveis diretas por diminuir a circulação de veículos e, consequentemente, o consumo de combustíveis. “Acredito que o vírus é muito grave, mas o remédio dado é muito mais forte e também vai nos matar”, declara, pedindo também a redução de impostos estaduais e municipais para diminuir os impactos sentidos pelo setor de combustíveis por causa do novo coronavírus.

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