Com os canteiros de obra parados desde o fim do mês de março, por conta da pandemia do novo coronavírus, empresários da construção esperam que o governo de Pernambuco libere a retomada das atividades antes do fim das férias coletivas acordadas pelo sindicato patronal com o sindicato dos trabalhadores do setor no Estado. Por força de decreto, apenas obras públicas, de empresas concessionárias de serviços públicos e atividades urgentes estão sendo realizadas, e se, até o fim desta semana, não houver nenhuma resolução quanto a isso, o argumento é de que será praticamente insustentável conter uma série de demissões.
De acordo com o vice-presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE), Thiago Melo, o setor espera que o governador Paulo Câmara se sensibilize pela possibilidade de retomada das atividades nos canteiros de obra com segurança.
"No nosso caso (da construção) o decreto determina a paralisação das atividades até esta sexta-feira (17), e a gente espera a possibilidade de retomada já na segunda (20). Nós estamos num momento crítico, porque no dia 22 de abril se encerra o prazo das férias coletivas acordadas com o sindicato", explica Melo.
Através de convenção coletiva, ficou acertado entre os sindicatos patronal e dos trabalhadores a concessão de férias coletivas por 30 dias. "A maioria dos empregos estão mantidos, mas quando chegar o dia 22 se encerra esse prazo. O que as construtoras vão fazer? Todo mundo retornando das férias sem os canteiros aptos para trabalharem. Demitir é a pior saída para todo mundo, mas dia 22 é um prazo limite, nessas condições, para os empresários da construção civil no Estado", reforça o vice-presidente da Ademi-PE. Ele também diz que sem as atividades nos canteiros de obra, as construtoras não têm como optar pela suspensão de contrato ou redução da jornada de trabalho, opção dadas pelo governo federal.
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Nas contas do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Pernambuco (Sinduscon -PE), pelo menos 70% das atividades estão paradas no Estado, em função do decreto. As obras públicas representam uma fatia de apenas 30%.
"O que nós precisamos é que o governo do Estado nos deixe trabalhar. Sabemos que a saúde do trabalhador precisa ser mantida e estamos tomando todas as medidas de prevenção para garantir essa segurança. Orientamos e afastamos das obras todas as pessoas que estão em grupos de risco e temos como conservar a saúde dos demais dentro dos nossos canteiros”, diz o presidente do Sinduscon-PE, Érico Furtado.
Segundo Furtado, desde 22 de março 40 mil trabalhadores estão fora dos canteiros, o que deve causar um prejuízo de R$ 6 bilhões em 2 meses. Ainda conforme o Sinduscon, além de Pernambuco, apenas Goiás, Piauí e Ceará estão com obras paralisadas.
"A gente entende a gravidade da pandemia, estamos tentando barrar esse vírus. Mas a verdade é que o empresário vai estar muito mais suscetível à demissão a partir do dia 22, quando finda o prazo das férias acordado com o sindicato", afirma Thiago Melo. Embora não haja número concretos quanto ao baque no setor durante a pandemia, somente no mercado voltado à baixa, que ter um desempenho melhor que os demais, as perdas estimadas giram em torno dos 40%.
Para a volta às atividades, a Ademi-PE e Sinduscon-PE criaram uma cartilha com orientação a serem aplicadas pelas empresas aplicada pelas empresas, com medidas de controle e prevenção tanto em seus canteiros de obra quanto nas suas áreas administrativas. "A indústria não poder parar. Nós não somos comércio, não temos atendimento ao público nos nossos canteiros", enfatiza Melo.