Nordeste será menos prejudicado do que outras regiões do País

Concentrando 50% dos beneficiários do Bolsa Família, informais com baixa renda e uma grande população de pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza, Nordeste é positivamente impactado pleo auxílio emergencial de R$ 600. É a hipótese da economista Tania Bacelar
Adriana Guarda
Publicado em 13/05/2020 às 14:11
Economista Tania Bacelar fez análise da situação do Nordeste em live realizada pela Ceplan Foto: BOBBY FABISAK/JC IMAGEM


Desde o dia 17 de março, a economista Tania Bacelar, 75 anos, recolheu-se em casa para se proteger do contágio pelo novo coronavírus. Com agenda sempre cheia, agora é do seu apartamento no bairro de Boa Viagem de onde ela elabora suas análises e hipóteses econômicas. E se na quarentena o mundo virou uma live, ela também embarcou na ‘moda’. Só na semana que passou foram duas: “Perspectivas econômicas do novo coronavírus” e “A ciência no enfrentamento da covid-19”.

Em uma das transmissões pela web, Tania levantou a hipótese de que especificidades do Nordeste podem surpreender aos que esperam uma situação sempre pior na região. O auxílio emergencial, por exemplo, representa para muitos nordestinos um ganho muito maior do que o que eles tinham antes da pandemia. “Olhando em especial, para as medidas de mitigação à crise, tomadas pelo Governo Federal até agora, o Nordeste será positivamente impactado porque na região estão mais de 50% dos beneficiários do Bolsa Família. Eles vão receber mais na crise (R$ 600 por mês) do que fora dela e isso é muito importante para a economia dos pequenos municípios”, analisa Tania. O valor médio mais alto pago pelo Bolsa Família em Pernambuco é de R$ 272,32, no município de Itacuruba (Sertão).

A conta fica ainda mais clara se lembrarmos que da população de 9,5 milhões de pessoas do Estado, 3,2 milhões vivem em situação de pobreza (R$ 420/mês) e de extrema pobreza, vivendo com R$ 145 por mês. Não por acaso se viu casos de pessoas pulando de alegria em frente à Caixa Econômica após receber o benefício. Outro ponto que a sócia-diretora da Ceplan trouxe na live foi que os informais e autônomos no Nordeste ganham menos do que esses mesmos trabalhadores nas regiões mais ricas do País. “De acordo com a Pnad do 4º trimestre de 2019, os trabalhadores por conta própria sem CNPJ no Nordeste tinham uma renda média de R$ 840 contra R$ 1.638 no Sudeste. Portanto, com os R$ 600 no Nordeste estas pessoas vão perder menos”, observa.

O Nordeste também será relativamente menos impactado pela MP 936, que permite a redução do salário e da jornada com parte da compensação financeira. O Dieese estimou a taxa de reposição do salário líquido, variando entre 98% a 34%, dependendo do padrão salarial. No caso de quem recebe até três salários mínimos ela fica entre 90% e 60%. “No emprego formal – como o seguro desemprego paga apenas parte do salário dos que tiverem jornada reduzida - quanto mais se ganhava, mais se perde. A perda de rendimentos, segundo o Dieese, acentua-se a partir do ponto em que o salário supera R$ 2.666,00, pois o valor do benefício passa a ser constante. Tudo isso vai ter peso na economia das áreas urbanas”, diz.

LIVES

Sobre a onda das lives, ela conta que está se desafiando. “Estou enfrentando o desafio de lidar com o mundo digital em intensidade que não fazia antes da crise sanitária. Os jovens da equipe Ceplan são nossos orientadores. Produzem Tutorias com o passo a passo para uso das ferramentas do mundo digital. E procuro ser aluna atenciosa. Aprender (novos conhecimentos) nos renova”, encerra Tania, ela sim, ensinando a todos nós.

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