Aproveitar o tempo em casa para pensar em projetos que possam auxiliar pequenos empreendedores, e por sua vez, a sociedade, durante a pandemia do coronavírus pode ser uma saída para os muitos jovens pensantes que existem no País. E foi justamente esses jovens que participaram do primeiro desafio online do Sebraelab, criado em Pernambuco, que buscou trazer algumas dessas soluções para um mundo que, além de todos os desafios, enfrenta agora a covid-19.
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Pautados em empregar os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) defendidos pela Sebrae, que sugere ações sustentáveis para serem implementadas em empresas até 2030, 150 jovens distribuídos em 48 equipes foram atrás de encontrar um modo de solucionar alguma problemática atual. Entre eles, estavam desde estudantes do ensino médio, até recém-formados. Mesmo sendo uma iniciativa em Pernambuco, ela contou com uma projeção nacional, recebendo grupos vindos de todo o País, desde o interior do Estado, como Petrolina, até cidades de São Paulo e Minas Gerais.
Todo o processo foi feito online, como explica uma das criadoras do projeto, Conceição Moraes. “Dentro dessa perspectiva de quarentena, a primeira edição do Sebrae Lab permitiu que esses jovens fizessem uso da internet, do seu networking e das redes sociais para encontrar as respostas e gerar maior concretude a suas alternativas para o mercado”, conta. Ela também fala sobre motivação da Sebrae. “A empresa sempre buscou novas formas de trabalhar com os estudantes sobre o empreendedorismo e, assim, se tornarem profissionais mais qualificados até para criar seu próprio negócio, principalmente nesses tempos adversos”.
Além de se espelhar nos ODS, os projetos precisavam atender critérios para seguirem no desafio, principalmente no que diz respeito à criatividade, aplicabilidade e monetização da solução. Para disputar a vaga dos cinco melhores, os grupos precisaram fazer um pitch gravado, que significa uma apresentação de forma simples e estruturada, na qual é feita uma análise do problema e validada uma solução para ele. A última fase - a premiação -, que aconteceu na quinta-feira (14), foi um pitch ao vivo feito por um membro de cada equipe do cinco selecionados. O prêmio para o primeiro lugar, além "ter a certeza de estar construindo soluções reais para enfrentar os maiores desafios da humanidade", será passar um dia acompanhando a rotina de atuação da diretoria do SEBRAE-PE. Já os outros quatro grupos poderão fazer uma visita ecossistema de inovação dentro do estado de Pernambuco.
Composto por quatro jovens que ingressaram na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o projeto ‘doisV’ contava com dois estudantes do curso de gestão da informação, Andrew Santos e Marcos Fernandes, ambos de Paulista; Darline Cabral, estudante de Design e moradora de Carpina e a recifense Pollyana Andrade, formada em Ciências Biológicas, escolhida para apresentar o pitch ao vivo na disputa do primeiro lugar. Também foi na UFPE que eles se conheceram, em uma disciplina chamada Empreendedorismo. Nela, surgiu o embrião da ideia que mais tarde seria premiada. Em um espécie de ‘vai e volta’, por isso o título, o projeto pensou em um micro empreendimento de aluguel de objetos, a partir de um catálogo cadastrado na plataforma ou aplicativo, sustentado por anúncios. Em vez de vender aquilo que não se usa muito, a pessoa pode tentar lucrar emprestando esses objetos, através da logística de um aplicativo de delivery.
O objetivo da iniciativa também é incentivar uma prática de economia colaborativa. Darline explica que o 'doisV' seria útil, inclusive, na pandemia. “Faço academia e estava conversando com minha professora, como não posso sair agora para malhar, eu poderia utilizar o aplicativo para alugar estepes ou pesos e poder fazer de casa”, exemplifica. A estudante de design, que diz ter sonhado que não passaria nem da primeira fase, conta sobre a felicidade de ganhar. “Ficamos muito felizes já quando ficamos entre os Top 5, então quando ganhamos, foi ainda mais emocionante. Cada um comemorou distante, de casa”, relembra. Darlene conta que mal conseguiu dormir de tão feliz. Agora, com maior visibilidade e “com todo o gás”, estão procurando administrar com anunciantes e patrocinadores como irão tornar real o aluguel de objetos.
Entre as ideias que avançaram no desafio, estão o ‘Savelives’, que se baseou na criação de uma gestão inteligente dos dados do paciente em uma plataforma online para hospitais públicos e privados, o ‘Ecobuilding’, que propunha a limpeza de caixas de gorduras em residências através de uma membrana polimérica, o ‘Uno’, um aplicativo de integração para coleta seletiva, unindo o coletor, o reciclador e o consumidor , além da ‘OdontoMob’, van clínica de saúde bucal voltada para atender e tratar pessoas idosas e com mobilidade reduzida (OdontoMob).
Uma das convidadas para participar da comissão julgadora dessas equipes foi Verônica Barros, pedagoga e Diretora de Mercado Leitor e Audiência do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação. Ela se impressionou com a iniciativa. “Foi muito organizada a proposta e avaliação do pitch ao vivo foi muito completa. Eles eram avaliados através de 5 pontos: aplicabilidade do sistema para solucionar problemas atinentes ao tema, validação do problema. viabilidade de execução real da solução desenvolvida, criatividade e disrupção da solução e modelo de monetização” explica.
“Foi muito bonito ver alunos, jovens, super motivados e envolvidos com causas sociais, sustentáveis e do pequeno empreendedor”, expressa Verônica. “São muitas ideias simples, mas todas as ideias tinham aplicações factíveis. O simples funciona e sempre funcionou”. Como premiação paralela por todo esse empenho dos jovens, Verônica também ofereceu a assinatura do JC Premium e do JC Clube a todos eles, por um período de três meses.
Juntamente a ela, estiveram presentes na comissão também, durante as três horas de duração, a escritora e gestora de negócios Ligia Oizumi, que inclusive já participou de ações com o Sebrae, diretamente da cidade de Nova York; Oluyiá França, representante de Pernambuco do Movimento de Empreendedores Afrobrasileiros; Shriley Cruz, coordenadora de parcerias da Positiva e João, representante do projeto Fa.Vela, organização que se debruça a trabalhos sociais em comunidades. Ainda, os outros participantes das etapas puderam assistir e votar.