Após críticas de setores da economia, como da construção civil, ao plano de reabertura gradual do comércio divulgado pelo Governo de Pernambuco na última segunda-feira (1º), o presidente da Associação Pernambucana de Shopping Centers (Apesce), Paulo Carneiro, avaliou o protocolo adotado pelo governo como "muito conservador". Em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, Carneiro afirmou que o setor chegou a ter diálogos com diversas secretarias, como a da Fazenda e do Desenvolvimento Econômico, mas que as sugestões foram apenas ouvidas, mas não acatadas. Agora, o setor quer reabrir o diálogo com o governo para antecipar o calendário.
"Tivemos um diálogo com o governo. Dialogamos com o secretário Bruno Schwambach (Desenvolvimento Econômico), com o secretário da Fazenda, Décio Padilha, com o secretário da Casa Civil, José Neto. Apresentamos propostas, mas, lamentavelmente, as nossas propostas não foram aceitas", declara. Ele defende a abertura parcial dos shoppings, com segurança. Segundo o presidente, estima-se que 15% a 20% dos lojistas de shoppings não vão reabrir, devido à falta de recursos. "Eu acho que o diálogo precisa ampliar. Tem que ser duas vias, não é somente ouvidos. Tem que ser ouvido e voz. Mas vamos retomar esse diálogo, acreditamos que o governador Paulo Câmara deve estar muito preocupado com a questão do desemprego", finalizou.
Entre as sugestões da Apesce estavam a antecipação da reabertura dos shoppings de Pernambuco, ou, pelo menos, que o sistema drive thru, em que a pessoa faz a compra por algum canal de venda, seja internet ou WhatsApp, e apenas vai ao local buscar o produto, sem descer do carro, ocorresse antes do dia 15 de junho, sobretudo para aproveitar as vendas do Dia dos Namorados. Na data, está prevista, segundo o plano do governo, que comece a ocorrer o serviço de retirada em shopping centers, centros comerciais e praças de alimentação, com funcionamento das 12h às 18h.
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Em abril, a Apesce havia apresentado proposta ao governo para que o drive thru ocorresse antes do dia das mães, o que também não foi acatado. "Nós tínhamos uma expectativa que pudéssemos retomar as atividades da iniciativa produtiva num período mais curto. Se você fizer uma comparação com cidades análogas aqui no Nordeste, como Fortaleza, os shoppings começam a operar a partir de segunda-feira. Em Pernambuco, há um retardamento dessas ações", relata o presidente.
Segundo ele, foi apresentado um protocolo de segurança nacional, com 23 itens, como aferição de temperatura dos clientes, distribuição de álcool em gel, distanciamento nas praças de alimentação, entre outros. Antes que ocorra a reabertura, a Apesce vai divulgar um vídeo com todos os cuidados que serão tomados na volta da operação.
O Governo do Estado divulgou os detalhes do plano de reabertura dos setores econômicos na última segunda-feira (1º), com previsões concretas até o dia 15 de junho. De forma geral, para todos os setores, está sendo adotado um novo protocolo obedecendo determinações de distanciamento social, higiene, monitoramento e comunicação.
Sendo assim, deve ser mantida a distância mínima de 1,5 metros; escalonamento de horário de refeição dos colaboradores; evitar compartilhamento de objetos de uso pessoal; divisão das equipes de trabalho em grupos para evitar aglomerações, caso haja filas, demarcar os espaços no chão e manter barreiras físicas no caso de atendimento direto aos clientes. Continua sendo necessário o fornecimento de álcool a 70%, uso e fornecimento de máscaras e a limpeza e desinfecção de superfícies tocadas, áreas comuns e banheiros de uso coletivo.
"Os shoppings de Pernambuco estão prontos para reabrir amanhã, se o governador concordar, com todos esses protocolos que serão aplicados. Todos os investimentos necessários e as providências para se adequar, os shoppings já fizeram", acrescenta. Paulo Carneiro argumenta que 70% dos lojistas dos malls são pequenos empresários. "Eles estão sem fôlego. Se prevalecer o que o projeto do governo prevê, talvez, em 29 de junho os shoppings voltem a operar. Se acontecer isso, teremos 100 dias sem os lojistas faturarem. Eles não suportarão", comenta.
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Insatisfeitos com a proposta de reabertura da economia no Estado, um grupo de 20 representantes de diversos setores vai entregar ao governo um novo pacote de sugestões. De forma geral, o setor produtivo achou muito lento, e até confuso, o plano de convivência com a covid-19 apresentado.
O grupo – que reúne empresários dos setores da indústria, bares, shoppings, hotéis, serviços –, chamado de Movimento Pró-Pernambuco, vai tentar sentar novamente com o governo para pressionar por mudanças no cronograma de retomada. “Vínhamos negociando com o secretário Bruno Schwambach (Desenvolvimento Econômico) e fomos surpreendidos. O governo negocia, e quando chega na hora não acata nenhuma sugestão. O setor de construção está revoltado”, afirmou.
O horário de retomada para a construção civil, no próximo dia 8, prevê que os trabalhos comecem às 9h e sejam finalizados às 18h. O expediente normal do setor é de 7h às 17h. Além disso, o governo só autorizou a retomada de 50% da força de trabalho do segmento na primeira semana de retorno.
“Falta clareza nos detalhes. Não há um decreto, nada oficial. A gente está discutindo um power point com diversas dúvidas. 50% da força de trabalho a partir do dia 8. Não é simples. Numa obra não tem gente sobrando, todos têm uma função. E qual o critério de 50%? Leva em conta o último registro do Caged (Cadastro Geral de Emprego e Desemprego), o último dia de trabalho? E quem começa uma obra nova? Está mal explicado e vale apenas para uma semana. Na segunda semana já pode usar 100%. Esse efetivo vai fazer diferença? Criar uma complicação para não ter fiscalização. Não tem critério”, criticou o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), Gildo Vilaça.
Outro ponto que irritou o setor é o horário de saída dos operários, às 18h, auge do pico no trânsito, quando o horário tradicional do setor é 17h. “Conversamos com o governo e depois não teve aviso ou resposta. Fomos surpreendidos pelo power point. Não há uma explicação para largar o trabalhador às 18h, no pico do rush”, disse Vilaça.
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