Comer, beber e se proteger. Recife volta a abrir bares e restaurantes. Saiba como você deve se portar

Clientes e empresários falam da expectativa da volta depois de 120 dias. Seguir as regras do protocolo de distanciamento e higiene é condição para um retorno seguro
Edilson Vieira
Publicado em 19/07/2020 às 13:00
Cuidados redobrados com a higiene serão comuns nos bares e restaurantes a partir da reabertura Foto: YACY RIBEIRO/JC IMAGEM


"É como se fosse uma nova inauguração. É uma mistura de ansiedade e felicidade". A frase dita pela empresária Rose Guareschi, proprietária da rede Julietto, especializada em massas, define bem o momento de reabertura dos bares e restaurantes que acontece nesta segunda-feira (20) no Recife, depois de 120 dias sem que os estabelecimentos pudessem operar plenamente por conta da pandemia do coronavírus.

Rose Guareschi explica que, neste novo momento, "tudo o que era bem feito tem que ser mais bem feito ainda", diz ela se referindo aos cuidados redobrados com a higiene que todos os funcionários passarão a ter. Todas as oito lojas do grupo vão reabrir, incluindo as operações nos shoppings. "O nosso cardápio, que já era de plástico, será higienizado a cada cliente, e o pessoal da cozinha e atendentes estarão de máscaras que serão trocadas a cada quatro horas", diz ela, revelando parte do conteúdo do treinamento pelo qual todos passaram.

A empresária, que aproveitou os últimos meses para realizar reformas e adequações nas lojas, diz que o sentimento atual é o de saudade do cliente. "Nós temos uma clientela muito fiel e recebemos infinitas mensagens de apoio e de gente que dizia estar sentindo falta da nossa comida. Foi um período tenso esse em que as lojas estavam fechadas ou operando parcialmente, mas agora a vontade é de mostrar que nossa empresa não morreu e mostrar isso com competência", assegurou Rose Guareschi.

Quem está com saudades de poder tomar um chope ou fazer uma refeição completa fora de casa é o executivo Joaquim Costa. Frequentador de bares e restaurantes da Zona Sul do Recife. Ele não tem dúvidas sobre quando pretende voltar a frequentar os mesmos ambientes que frequentava antes da pandemia. "Vou voltar logo de imediato. Mas farei questão de observar o distanciamento e a higiene", afirmou Joaquim Costa.

Adepto do happy hour, o executivo diz que sair para conversar e fazer refeições era parte da sua rotina. "Faz muita falta essa coisa de ver gente. Toda sexta-feira eu ia almoçar no restaurante Douro In, do RioMar, com um grupo de amigos". O Douro In, assim como outras operações de gastronomia do RioMar, volta a abrir para o público nesta segunda-feira seguindo todos os protocolos de segurança e higiene.

Joaquim Costa diz existir um certo compromisso dele como cliente em voltar a frequentar essas casas. "A gente sabe de muitos comerciantes que enfrentaram momentos difíceis com a pandemia, tendo até que demitir funcionários antigos. Então, voltarei a frequentar não apenas pelo meu prazer, mas como forma de prestigiar esse pessoal", afirmou.

FIDELIDADE

O empresário Wu Hou King, que comanda o restaurante Yan Ping, especializado em comida chinesa, está presente na praça de alimentação do RioMar, e ainda nos shoppings Tacaruna, Guararapes e Boa Vista. Ele conta que se planeja há mais de um mês para essa reabertura. "Finalizamos o último treinamento com toda as equipes do Recife no RioMar. Mostramos como o cliente deverá ser recebido e como os pratos serão servidos no buffet. Será outro modelo de atendimento, com clientes usando álcool em gel e luvas descartáveis para se servir", explica Wu. "Em Vitória do Espírito Santo, onde também temos uma unidade, vimos que os clientes estão respeitando as regras de distanciamento. As pessoas estão se cuidando", afirmou o empresário. No Espírito Santo, o setor já foi reaberto, assim como nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Quem aposta na volta da clientela formada durante 35 anos de atividade é o comerciante Tony Sousa, da Companhia do Chope, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Ele preferiu voltar a reabrir seu bar e restaurante na quinta-feira (23), para aproveitar melhor a frequência do final de semana e observar como será esse retorno.

Para ter mais controle sobre a nova capacidade máxima do ambiente, reduzida em 50%, como determina o protocolo do governo do Estado, Tony Souza vai implantar a reserva de mesas por intermédio de um aplicativo para smartphones. "Temos uma série de clientes que já fizeram contato. Eu tenho uma expectativa positiva para a retomada". Mas o empresário ainda tem algumas dúvidas em relação a pontos do protocolo. "O governo determinou o fechamento às 20h, mas, para nós, não ficou claro se neste horário eu fecho a casa para entrada de novos clientes - e os que estão dentro permanecem -, ou todos terão que sair já nesse horário?", indagou Tony Sousa.

FISCALIZAÇÃO

Quem respondeu a essa pergunta foi a secretária-executiva de Desenvolvimento Econômico do Estado, Maíra Fischer. "O ideal é que não se passe muito desse horário. A casa fecha às 20h, mas quem ainda está consumindo a gente espera que não se estenda muito". Maíra Fischer esclareceu ainda que a fiscalização dos bares e restaurantes será feita em conjunto. "As Vigilâncias Sanitárias, municipal e estadual, o Procon, e, em caso de situações mais graves com grande aglomeração, pode haver a necessidade de uma fiscalização da Polícia também".

A secretária disse ainda que, assim como aconteceu com outros protocolos, o que determina as regras de funcionamento para bares e restaurantes podem ser flexibilizados com o tempo, dependendo de como se comportarão os números da pandemia. "A fase 1 do protocolo permitia a atividade de delivery e de coleta por parte do segmento. Agora, entraremos na fase 2, com serviços presenciais com limitação na ocupação do ambiente e distanciamento." A fase 3, que ainda não teve os termos elaborados, pode, por exemplo, permitir uma ampliação do horário do funcionamento. Tudo dependerá do comportamento dos estabelecimentos e dos frequentadores", lembrou Maíra Fischer.

Se depender do produtor de eventos esportivos Paulo Gadelha, o protocolo será seguido à risca quando ele voltar a comparecer aos restaurantes na Zona Norte da capital e aos bares da Zona Sul. "Estou bem ciente de todas as limitações e acho que isso não vai prejudicar o atendimento. Agora, é preciso que todo mundo siga as regras", alerta.

Paulo diz que, neste período, "sentiu muita falta da gastronomia pernambucana", mas que tem outros motivos para retomar à rotina de comer fora de casa. "A economia tem de voltar a girar, e, tomando as devidas precauções, a gente pode fazer isso acontecer", afirmou.

Confira as regras do protocolo de reabertura para bares e restaurantes que devem ser seguidas pelos clientes e comerciantes

DISTANCIAMENTO SOCIAL


1. Fica proibida a realização, nestes estabelecimentos, de eventos tipo shows, apresentações e similares, que possam gerar aglomeração de pessoas;
2. Quando o estabelecimento possuir música ambiente, deverá respeitar a limitação de 35db;
3. Facilitar a entrada e saída de clientes ampliando, se possível, o número de acessos. Se o estabelecimento tiver mais de uma porta, considerar instituir portas exclusivas para entrada e portas exclusivas para saída dos clientes;
4. Garantir o distanciamento mínimo de 1,5 metro entre clientes de mesas diferentes. Para tanto, considerar a distância de 1,5 metro entre as bordas das mesas, caso não haja cadeiras entre as mesas. No caso de haver cadeiras, adicionar mais 0,5 metro caso haja em apenas uma das mesas e 1 metro se houver cadeiras entre as bordas em ambas as mesas.
5. Para locais com mesas fixas ou na impossibilidade de remoção, interditar as mesas de forma que obedeça a distância mínima de 2,5 metros, a contar entre as bordas, comunicando visualmente quais estão livres e interditadas;
6. As mesas devem respeitar um limite máximo de 10 pessoas;
7. Manter distanciamento mínimo de 1,5 metro entre as pessoas, com demarcação no piso, nos locais de espera e filas de caixas;
8. Se houver fila na área externa ao estabelecimento, orientar os clientes de forma a evitar aglomeração, mantendo o distanciamento de 1,5 metro;
9. Apenas poderá haver consumo de alimentos e bebidas por clientes que estejam sentados em cadeiras ou bancos nas mesas ou balcão. Não poderá haver consumo de alimentos e bebidas por clientes que estejam em pé fora das mesas;
10. É recomendável manter a opção de mesas em espaços com ventilação natural;
11. A utilização dos espaços públicos para a colocação de mesas deve ser regulamentada pelo poder público municipal;
12. Avaliar a redução do número de trabalhadores envolvidos no processo de separação do produto, higienização e entrega a cada cliente;
13. Avaliar a possibilidade de definição de turnos diferenciados ou zonas separadas de trabalho, para evitar aglomerações;
14. Evitar reuniões presencias com trabalhadores. Se imprescindível, fazer em locais abertos e mantendo a distância de segurança;
15. Evitar aglomerações nos intervalos. Estabelecer capacidade máxima em áreas comuns. Distribuir e coordenar intervalos entre diferentes setores;
16. Revisar as rotinas de recebimento de mercadorias e limitar o contato pessoal onde as mercadorias são recebidas ou manipuladas;
17. Reduzir e controlar rigorosamente o acesso de pessoas externas às áreas de produção e manipulação de alimentos, incluindo fornecedores.
18. Trabalho que requer proximidade pessoal entre trabalhadores deve ser minimizado. Trabalho desta natureza deve ser planejado e gerenciado para estabelecer um sistema de trabalho seguro;
19. É recomendado aos guichês de atendimento ao público nos pontos de coleta ter anteparos de vidro ou acrílico para proteção das pessoas;
20. As mercadorias para coleta e entrega devem estar em local com controle exclusivo do estabelecimento, não devendo estar expostos para retirada direta pelo prestador de serviço ou cliente.

HIGIENE

1. Todos os funcionários e prestadores de serviço deverão utilizar máscaras;
2. Todos os clientes devem utilizar máscara enquanto estiverem no estabelecimento, exceto no momento em que estiverem sentados em cadeiras ou bancos nas mesas ou balcão;
3. Quando necessário deslocamento dos clientes para sanitários ou para outra finalidade dentro do estabelecimento, deverão obrigatoriamente fazer uso da máscara;
4. Reforçar a limpeza e a desinfecção das superfícies mais tocadas (mesas, balcões, teclados, maçanetas, botões, etc.) e banheiros a cada duas horas e também antes do início do expediente;
5. Deve ser disponibilizado a funcionários e clientes, em todos os pontos de entrada e de atendimento, álcool 70%;
6. Reforçar boas práticas na cozinha e reservar espaço para a higienização dos alimentos de acordo com o Programa Alimento Seguro (PAS) ou outro protocolo similar;
7. Organizar os cardápios de forma a serem plastificados ou impressos em material que possibilite a higienização após cada novo atendimento;
8. É recomendado, quando oferecer temperos como sal e pimenta, além de itens como palitos de dente e adoçantes, priorizar o formato de sachês individuais;
9. Em caso de existência de bufê no restaurante, os alimentos devem ser cobertos por protetores salivares com fechamento frontal e lateral, podendo funcionar na modalidade de serviço por um funcionário do estabelecimento ou autosserviço (self-service). Na modalidade autosserviço (self-service), os estabelecimentos devem disponibilizar luvas de plástico descartáveis no começo da fi la, antes de pegar as bandejas e/ou pratos para que os clientes possam se servir. Ainda, devem os talheres ser disponibilizados em embalagens individuais;
10. Limpar e higienizar mesas, cadeiras, superfícies de comer (bandejas) após o uso de cada cliente. Desinfetar com produtos à base de cloro, álcool, fenóis, quaternário de amônia ou álcool a 70% líquido ou gel.

COMUNICAÇÃO E MONITORAMENTO

1. Utilizar intensivamente os meios de comunicação disponíveis para informar aos clientes sobre as medidas adotadas de higiene e precaução;
2. Utilizar todos os meios de mídia interna, assim como as redes sociais, para divulgar as campanhas e informações sobre a prevenção do contágio e sobre as atitudes individuais necessárias neste momento de crise;
3. O protocolo deve incluir o acompanhamento diário da sintomatologia dos trabalhadores;
4. Definir orientações claras de uso e limpeza dos banheiros para garantir que eles sejam mantidos limpos e o distanciamento social seja alcançado o máximo possível;
5. Orientar os trabalhadores que apresentarem sintomas gripais, e os seus contatos domiciliares, a acessarem o aplicativo “Atende em Casa” (www.atendeemcasa.pe.gov.br). Durante o acesso, serão orientados sobre como proceder com os cuidados, inclusive sobre a necessidade de procurar um serviço de saúde.

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