Chesf vai aumentar a sua receita de geração em 16%

A estatal ganhou uma espécie de bônus concedido pela Aneel de R$ 75 milhões pelo período de um ano até junho de 2021. Isso é importante porque a empresa perdeu muita receita depois da Lei Federal 12.783
Angela Fenanda Belfort
Publicado em 31/08/2020 às 19:53
A Usina de Paulo Afonso é uma das geradoras da Chesf Foto: BETO FIGUEIRÔA/ACERVO JC IMAGEM


Depois de um período difícil, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) vai ter um acréscimo de 16% da sua receita de geração no período de um ano que vai se encerrar em junho de 2021. O "bônus" foi definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que regulamenta o setor e geralmente estabelece a remuneração das empresas por um período de um ano. A receita extra será de R$ 75 milhões sobre os R$ 450 milhões anuais que a empresa ganha pela geração de energia de suas hidrelétricas, excluindo a de Sobradinho.

Desde janeiro de 2013, a estatal passou a receber apenas pela operação e manutenção de quase todas as suas hidrelétricas, com exceção de Sobradinho. Isso fez as suas receitas de geração serem reduzidas a cerca de 30% de todo o seu faturamento registrado antes da Lei Federal 12.783. É uma recuperação de receita para uma das maiores geradoras de energia do Nordeste.

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Segundo o diretor de Operações da Chesf, João Henrique Franklin, a receita extra surgiu em decorrência do bom desempenho das hidrelétricas da Chesf, boa performance das máquinas e melhorias que resultaram numa maior disponibilidade de energia. "Fizemos várias ações de modernização, substituindo vários componentes das hidrelétricas", comentou.

Os recursos extras também serão usados para novas atualizações, de acordo com João Henrique. "Como o nosso parque de geração é antigo, sempre há a necessidade de novas modernizações", afirmou.

A Chesf passou por um período de muitas dificuldades depois de 2013 por causa da Lei Federal 12.783, promulgada pela presidente Dilma Rousseff (PT). Com essa legislação, a estatal passou a receber apenas uma verba para operar e manter as usinas hidrelétricas do Complexo de Paulo Afonso, na Bahia; de Boa Esperança, no Piauí; de Luiz Gonzaga, em Pernambuco; e de Xingó, em Sergipe. Isso fez as receitas despencarem e a empresa não ter como bancar muitos dos seus compromissos, aumentando a quantidade de obras inacabadas. Depois disso, foram realizados planos de desligamento voluntários de funcionários, corte de despesas etc.

Na época, a intenção do governo federal era que a Chesf recebesse menos pela energia gerada e essa redução de custos provocasse uma queda de 16% na conta de energia de todos os brasileiros, o que não chegou a acontecer, porque ocorreu uma grande estiagem em 2013 e o preço da energia subiu muito em todo o País. A grande prejudicada por essa lei foi a Chesf, porque muitas geradoras não aceitaram aderir a essa legislação. Na época, a Chesf chegou a comercializar o preço do megawatt-hora (MWh) da energia por cerca de R$ 9, o que correspondia ao preço de um quilo de pão nas padarias do Grande Recife. Hoje, o MWh é comercializado por cerca de R$ 15.

PERFIL

Atualmente, a Chesf recebe cerca de R$ 450 milhões por ano para operar e manter as hidrelétricas citadas acima que são as que funcionam em regime de cotas, aquelas em que a remuneração é calculada para operar e manter as instalações que produzem energia. A única hidrelétrica da Chesf que não opera nesse sistemática é a de Sobradinho, que fornece energia mais barata exclusivamente para clientes industriais.

No ano passado, a Chesf registrou um lucro de R$ 3,4 bilhões. E o lucro da empresa nos seis primeiros meses deste ano foi de R$ 1,2 bilhão, o que representou 26% a mais do que o mesmo período do ano passado. A empresa tem 3,9 mil empregados. Além das usinas cotistas, a Chesf também tem 20,5 mil quilômetros de linhas de transmissão, eólicas e participação em Sociedades de Propósito Específicas (SPEs) nas quais participa de empreendimentos em parcerias com outras empresas.


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