INFLAÇÃO

Cesta básica do Recife sobe 1,38% em dezembro, diz Dieese

Dos 17 locais pesquisados, em nove o custo da cesta básica subiu em dezembro. Em oito cidades, houve redução do preço. Na média, aumentou o comprometimento do trabalhador que ganha um salário mínimo para comprar alimentos

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Publicado em 11/01/2021 às 20:03
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O óleo de soja foi um dos vilões da alta da cesta básica no Recife em dezembro - FOTO: Freepik
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A cesta básica do Recife subiu 1,38%, comparando dezembro com o mês anterior, segundo a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). No mesmo período, o custo da cesta foi maior em mais oito cidades e menor, em oito. As maiores elevações ocorreram em João Pessoa (4,47%), Brasília (3,35%) e Belém (2,96%). As maiores diminuições foram registradas em Campo Grande (-2,14%) e Salvador (-1,85%). Na média, o trabalhador que recebe um salário mínimo comprometeu, em dezembro, 56,57% da sua remuneração para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta. Em novembro, este percentual ficou em 56,33%.

>> Custo da cesta básica representa 47,81% do salário mínimo no Recife

"Quanto menor a renda, maior o peso dos alimentos nas despesas. O trabalhador cada vez compra menos alimentos com o salário mínimo", revela a supervisora técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Jackeline Natal.

Em 2020, a menor alta da cesta básica entre os lugares pesquisados ficou em Curitiba com um acréscimo de 17,76%, no Recife ocorreu um aumento de 19,20% e a maior alta ficou em Salvador com 32,89%. "Isso significa uma redução da capacidade de compra, principalmente na população de baixa renda. Em 2020, a menor variação anual da cesta básica, a de Curitiba, foi três vezes maior do que a inflação anual que tem a expectativa de ficar em 5,22%", comenta Jackeline, se referindo ao IPCA, um dos índices calculados pelo IBGE que aponta a inflação do País. Em todos os 17 locais pesquisados, a cesta básica ficou mais cara no ano passado.

Jackeline afirma que em dezembro o aumento da cesta foi menor, provocando a redução de preços em oito cidades. "Os preços aumentaram muito durante o ano e aí ficaram sem margem para um reajuste no mês passado. Alguns faores podem ter contribuído para isso como uma parte do 13º foi antecipado por causa da pandemia, o auxílio emergencial teve o valor reduzido em dezembro e o aumento do desemprego que ocorreu durante todo o ano", explica a supervisora.

Durante o ano inteiro, alguns alimentos aumentaram de preços em todas as cidades, como a carne bovina de primeira, leite UHT, manteiga, arroz agulhinha, óleo de soja, batata inglesa, açúcar e farinha de trigo, de acordo com a pesquisa. No Recife, em dezembro último, os alimentos que mais puxaram a alta da cesta básica foram o óleo de soja com um aumento de 127,72%, o arroz com 85,46% e o feijão com um acréscimo de 43%. Somente dois alimentos tiveram redução de preço: a banana (-16,22%) e o café (-3,14%). Segundo Jackeline, a queda desses dois últimos se deu como consequência do aumento da oferta".


"A alta do arroz e do óleo tem a ver com o mercado externo e a exportação. O dólar em alta também fez os produtores exportarem mais carne bovina, açúcar, arroz e soja (que é a principal matéria prima do óleo). No arroz, o dólar em alta aumentou os custos e também houve uma redução da área plantada", comenta Jackeline. Ela também argumentou que a alta de alguns produtos como o arroz e o feijão também sofreu a influência do fato que o governo federal acabou com a política dos estoques reguladores. "Geralmente, quando esses produtos ficavam caro, o governo colocava no mercado os grãos do estoque e os preços caíam", resume.

 

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