COVID-19

Pandemia e previsão de ensino híbrido fazem renovação de matrículas cair 30% nas escolas privadas de Pernambuco

Sindicato das instituições de ensino prevê crescimento do número de escolas sem fôlego para retomar atividades mesmo após período de matrículas

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JC

Publicado em 12/01/2021 às 18:50
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As escolas particulares de Pernambuco e os responsáveis por alunos iniciaram o ano de 2021 em compasso de espera em relação ao novo ano letivo. Embora cronologicamente esteja acertado entre as instituições o fim das aulas de 2020 até esta sexta-feira (15), com o reinício a partir de 1º de fevereiro, as incertezas quanto ao desenrolar da vacinação contra a covid-19 e o recrudescimento de casos no Estado ainda fazem com que as rematrículas apresentem uma queda de 30% em relação ao último ano, conforme estimativa do Sindicato das Escolas Privadas de Pernambuco (Sinepe).

Na avaliação do sindicato, o peso maior na retração das rematrículas está concentrado na educação infantil. No Estado, das 2,4 mil instituições, pelo menos 80% das escolas atuam nesse segmento, sendo 60% delas exclusivamente voltadas ao ensino nos anos iniciais.

“A maioria dos pais quer realmente o retorno ao presencial, com vacina e as demais seguranças possíveis. Isso na verdade tem impactado bastante a situação das escolas. Já estimamos uma queda de matrícula inicial de algo em torno dos 30% no universo das escolas, e a maior carga vem justamente por conta do ensino infantil e do fundamental I, onde há maior demanda pelo modelo presencial de ensino”, afirma o presidente do Sinepe, José Ricardo Diniz.

Sem avanço do calendário de vacinação, a professora Amanda de Melo, mãe de duas alunas de seis e nove anos de idade, ainda não fez a rematrícula das filhas e nem tem perspectiva, por ora, de quando irá tomar uma decisão.

“A escola diz que em fevereiro vai voltar o presencial, mas as minhas filhas só vão voltar quando tiver vacina. Minha preocupação maior é em relação ao modo como vou matriculá-las. Elas são do ensino integral da escola. Ano passado suspenderam. Se eu quiser reservar a vaga agora vou pagar o valor cheio, mas não sei se vai haver a possibilidade de aula nesse modelo, por conta da pandemia”, explica.

A expectativa dela é de que pelo menos até o fim deste mês de janeiro haja maior clareza, já que por enquanto, com base na experiência relatada por outros pais e mães de alunos, pelo menos na instituição onde as filhas estudam, não chegou a ser apresentada nenhuma flexibilização, seja a prazos maiores para realização das matrículas ou valores pagos pelos responsáveis.

Mudanças

No Colégio Saber, localizado no bairro do Engenho do Meio, Zona Oeste do Recife, para o número médio de 600 alunos do ensino infantil ao médio, a esta época do ano já deveriam estar matriculados pelo menos 400 estudantes. A realidade é que o total chega perto dos 120. O colégio investiu cerca de R$ 200 mil só em infraestrutura, pensando na retomada em 2021 - seja elevando o nível do ensino remoto ou reformulando o presencial, e mudou o contrato oferecido aos pais, incluindo as cláusulas do ensino presencial, híbrido e remoto, prevendo qualquer uma das necessidades exigidas.

“A escola vem se preparando para o remoto, híbrido e presencial. Apesar de estarmos preparados para o remoto e para o híbrido, sabemos que existe um problema muito mais sério, de sequelas emocionais oriundas da pandemia, então entendemos que a escola deve defender a bandeira do presencial. Aliado a isso, o mercado (setores econômicos) abriram, então temos muitos pais precisando trabalhar e não tendo condições de acompanhar os filhos em aulas remotas. Nós estamos preparados para receber essa demanda de forma presencial. Os próprios pais querem isso. Mas entendemos que também há aqueles que não podem arriscar”, pondera o gestor do Colégio Saber, Emerson Carneiro.

Mesmo se preparando para o retorno no dia 1º de fevereiro, a instituição não fixou um calendário para o fim do período de matrículas e conta com, aos poucos, maiores certezas quanto à vacinação para incremento no número de alunos matriculados.

“Nós chegamos a ter até 40% de inadimplência, mas temos contado com a colaboração de toda a comunidade escolar. Tem outro dado que nos aponta essa parceria. Muitos não consolidaram matrícula, mas ao mesmo tempo não solicitaram transferência, ou seja, aguardam, de fato, uma posição mais concreta com relação à vacinação”, complementa.

Mesmo com a melhor desenvoltura de algumas escolas, lidar com mais essa incerteza tem contribuído de maneira geral para abalar o já combalido caixa das unidades de ensino. Nas contas do Sinepe, quase 200 unidades escolares não tiveram fôlego para retomar as atividades. E a tendência é de que esse número cresça.

“Estimamos que isso dobre para o começo do ano letivo de 2021. Estamos com a expectativa de que com a vacina, ao decorrer do primeiro semestre, o ensino presencial esteja estabelecido, mas o que vemos é que a tendência é começar com o híbrido (aula remota e presencial), mantendo ainda esse impacto maior para as escolas por conta das necessidades específicas do ensino infantil”, lamenta Diniz.

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