Paralisação

Vai ter greve dos caminhoneiros dia 1° de fevereiro? Entenda o que se sabe sobre a paralisação no Brasil

Presidente Jair Bolsonaro fez apelo aos caminhoneiros para que não realizassem a greve, mas um ofício do Conselho Nacional de Transportes Rodoviários de Cargas (CNTRC) foi enviado à Presidência da República confirmando o movimento

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 31/01/2021 às 13:18
ARNALDO CARVALHO/ACERVO JC IMAGEM
Greve dos caminhoneiros, em maio de 2018, paralisou o Brasil por 11 dias - FOTO: ARNALDO CARVALHO/ACERVO JC IMAGEM
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atualizada às 11h18 do dia 1º de fevereiro

Esta segunda-feira (1°) deve ser um dia tenso para o Brasil. As atenções estão voltadas para a possibilidade de realização de uma nova greve dos caminhoneiros, a exemplo da que aconteceu em maio de 2018 e parou o País por 11 dias, com graves consequências sobre a economia. Este ano, os efeitos do movimento podem ser ainda piores, porque a atividade econômica já vem cambaleando por conta da economia. Na última quarta-feira (27), o Conselho Nacional de Transportes Rodoviários de Cargas (CNTRC) enviou ofício à Presidência da República confirmando a greve, casos as reivindicações da categoria não sejam atendidas. A Polícia Rodoviária Federal (PRF), no entanto, não tem registrado grandes movimentações da categoria nas rodovias. Até o momento, não houveram interdições.

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Em outros momentos também se falou em paralisação nacional da atividade, mas nenhuma conseguiu engrenar após a de 2018. É difícil afirmar, com certeza, se a paralisação vai acontecer, porque a categoria dos caminhoneiros é muito pulverizada, representada por diversas entidades de classes e por profissionais autônomos. A mobilização e comunicação dos trabalhadores não tem um canal único, que mantenha uma unidade, sendo realizada por centenas de grupos de WhatsApp.  

Dentre as grandes entidades do setor, a Confederação Nacional do Transporte (CNT), que participou da greve de 2018, informou na quinta-feira (28) que não apoia a paralisação dos caminhoneiros autônomos. Em posicionamento, o presidente da entidade, Vander Costa, diz que "não apoia nenhum tipo de paralisação de caminhoneiros e reafirma o compromisso do setor transportador com a sociedade. Se houver algum movimento dessa natureza, as transportadoras garantem o abastecimento do País, desde que seja garantida a segurança nas rodovias", afirma o texto. Dados da CNT apontam que a entidade reúne 26 federações e quatro sindicatos nacionais, representando 155 mil empresas.

APELO 

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chegou a pedir aos caminhoneiros que suspendessem a proposta de greve, mas a categoria garantiu que a paralisação será mantida se as reivindicações não forem atendidas. "Reconhecemos o valor dos caminhoneiros para a economia, apelamos para eles que não façam greve, que todos nós vamos perder", alertou. 

TRÊS PERGUNTAS SOBRE A PARALISAÇÃO

Como está a adesão à greve? 

A greve dos caminhoneiros foi convocada pela Associação Nacional do Transporte Autônomos do Brasil (ANTB), que integra o CNTRC. A ANTB representa cerca de 4.500 caminhoneiros no País. Com 800 mil motoristas em sua base, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL) também informou adesão ao movimento. A Federação Única dos Petroleiros (FUP), que reúne sindicatos de petroleiros em todo o Brasil, também declarou apoio aos caminhoneiros. Apesar da adesão pulverizada, o presidente da ANTB, José Roberto Stringasci, defende que a paralisação poderá ser maior que a realizada em maio de 2018. Já a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), afirmou que não irá aderir ao movimento. 

Por que os caminhoneiros querem cruzar os braços?

1. As constantes altas do preço do diesel são o principal motivo da greve. Combustível utilizado em larga escala pelos caminhoneiros, o produto teve mais uma alta nas refinarias em dezembro, com reajuste de 4,4%

2. Cobrança da implementação do Código Identificador de Operação de Transporte (Ciot), conquista da greve de 2018, mas que não saiu do papel. 

3. Revisão no reajuste na Tabela do Piso Mínimo de Frete, realizada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), para o transporte rodoviário de carga. Eles querem que entre no reajuste a margem de lucro do caminhoneiro, custos com pedágios, custos relacionados às movimentações logísticas complementares ao transporte de cargas, despesas de administração, tributos e taxas; que ficam de fora.

O que o governo propôs para evitar a greve?

1. A principal medida seria anunciar em breve a redução do PIS/Cofins sobre o óleo diesel. Os dois impostos, porém, não seriam zerados, e sim atenuados, de acordo com interlocutores. Se por um lado o governo admite que não é fácil fazer isso, por outro os caminhoneiros acham a medida insuficiente. 

2. A Câmara de Comércio Exterior (Camex), do Ministério da Economia, zerou o Imposto de Importação de pneus para veículos de carga.

3. Para fazer um afago aos caminhoneiros, o governo decidiu incluir a categoria na lista do grupo de prioridades para tomar as vacinas contra a covid-19 no País. Com isso, o número de pessoas do grupo prioritário sobe para 77,2 milhões, com a soma de 1,24 milhão de caminhoneiros.

 

 

ARNALDO CARVALHO/JC IMAGEM
Greve dos caminhoneiros de 2018 teve adesão nacional - FOTO:ARNALDO CARVALHO/JC IMAGEM

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