RESTRIÇÕES

Reforço no delivery não livrou restaurantes de queda brusca no faturamento após novas restrições em Pernambuco

No município de Ipojuca, no Grande Recife, onde estão praias como Porto de Galinhas, Serrambi e Maracaípe, os estabelecimentos viram o faturamento cair cerca de 90% no sábado e domingo

Marcelo Aprígio
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Marcelo Aprígio
Publicado em 08/03/2021 às 18:40
CORTESIA
PLANEJAMENTO Feijoada do Ivo conseguiu tirar proveito da crise - FOTO: CORTESIA
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Com a redução no horário de funcionamento de segunda a sexta, para até 20h, e a proibição de funcionamento durante o fim de semana, bares e restaurantes de Pernambuco continuam contabilizando severos prejuízos. De acordo com balanço divulgado pela Abrasel-PE, associação que representa o seguimento, na semana de 1º a 7 de março deste ano, a queda geral no faturamento de vendas nos empreendimentos da Região Metropolitana do Recife foi de, em média, 53% (de segunda a sexta-feira). Porém, as vendas no delivery tiveram um incremento médio no fim de semana de 36% em relação aos demais. Já o drive thru, nas mesmas condições do delivery, cresceu 10%. No Agreste e Sertão o funcionamento foi baseado em retirada no local (pegue e leve) em 45% dos estabelecimentos.

O presidente da Abrasel-PE, André Araújo considerou a queda geral do faturamento expressiva e relaciona a questão à redução do poder de compra dos clientes. "Atente para o fato das pessoas terem se prevenido e se abastecido nos supermercados, além de feito comida em casa, efeitos da queda de renda e do medo do contágio da covid-19."

Apesar do números da Abrasel-PE, no município de Ipojuca, no Grande Recife, onde estão praias como Porto de Galinhas, Serrambi e Maracaípe, os estabelecimentos viram o faturamento cair cerca de 90% no sábado e domingo. Segundo o presidente da Associação de Bares e Restaurantes Porto Boa Mesa, João Adauto, a situação para os empreendedores ficou ainda mais delicada, porque a prefeitura da cidade enrijeceu ainda mais as regras estabelecidas pelo governo do Estado e limitou o horário da modalidade de vendas take-away, ou pegue e leve.

“Poucos restaurantes dessa região trabalham com delivery ou como ponto de coleta, o que já é ruim, se considerarmos o faturamento, que teve uma queda gigante. Mas ainda tivemos um agravante, visto que a prefeitura proibiu o take-away após as 21h, o que só aconteceu aqui em Ipojuca, infelizmente. Por isso que o que conseguimos faturar sequer paga os gastos do fim de semana, mas os prejuízos e as contas não entram em lockdown”, lamenta João Adauto, que também é dono de um restaurante na cidade.

Situação parecida vivem os bares e restaurantes da capital pernambucana. Localizado no bairro dos Aflitos, na Zona Norte do Recife, o restaurante Garden, abriu as portas em abril do ano passado, já com o serviço de delivery ativo, mas desde a inauguração vem sentindo os impactos da pandemia de covid-19, que se intensificaram com a proibição de receber os clientes no estabelecimento durante o fim de semana e após as 20h, de segunda a sexta.

“Nós temos uma estrutura muito pesada, que não se sustenta apenas com o delivery, e olhe que só estamos trabalhando com 60% da nossa capacidade. Com as restrições isso é agravado ainda mais. Tivemos uma queda de 20% a 25% durante a semana e de 45% no sábado e domingo, que representam quase a metade da demanda do nosso negócio. Ou seja, quando temos o melhor percentual de faturamento, é quando há a maior restrição”, conta o proprietário do restaurante, Carlos Bianchi.

Do outro lado da cidade, em Brasília Teimosa, na Zona Sul do Recife, o Bar do Cabo também sentiu fortemente a proibição de funcionamento no final de semana. De acordo com a dona do espaço, Natalia Oliveira, as dificuldades aumentam porque, apesar de necessárias para conter os números de contágio pelo coronavírus, as restrições impostas pelas autoridades sanitárias não contam com uma contrapartida financeira para o setor que, segundo a Agência Condepe/Fidem, é o mais penalizado pela crise causada pela covid-19.

“Estamos vivendo uma fase muito difícil, fechando diversos dias no negativo, ainda mais nos fins de semana. Não temos apoio do governo, nem de ninguém. Estamos com as mãos atadas. É claro que temos a compreensão de que as restrições são para o bem de todos, pois muita gente estava se aglomerando. Nesse fim de semana, tivemos uma queda muito grande, mesmo com o delivery. Como eu disse, ficar em casa é importante para frear a covid, mas as contas vêm normalmente, infelizmente”, frisou a empreendedora, afirmando que teve queda de faturamento estimada entre 70% e 80%.

Na contramão

Nem todos, porém, viram o faturamento cair com o fechamento de bares e restaurantes aos sábados e domingos. Pensada com foco no delivery, a Feijoada do Ivo, na Cidade Alta, em Olinda, fechou o fim de semana com saldo positivo. É o que conta Vanessa Nobre, proprietária do empreendimento. “Este fim de semana a gente já sentiu um leve aumento na demanda. Inclusive, teve cliente que comentou que havia saído para almoçar, porque esqueceu que os restaurantes estavam fechados, aí precisou voltar para casa e lembrou que nós tínhamos delivery e efetuou o pedido”, afirma ela.

Assim como Natália, do Bar do Cabo, Vanessa reconhece que as medidas são importantes, mas prejudicam, principalmente, os pequenos empreendedores. Para ajudar os colegas do setor, ela dá algumas dicas. “Acredito que seja a hora de ir para “ponta do lápis” e se adaptar ao momento. Repensar a forma de melhor servir ao cliente, em meio a essa pandemia. Recomendo, antes de oferecer o serviço de entrega, calcular custos adicionais como embalagens e fretes para melhor dimensionar o valor final para o cliente, sem trazer prejuízos para o restaurante ou bar”, aconselha.

BOBBY FABISAK/JC IMAGEM
PREJUÍZOS Serviços prestados às famílias, como os restaurantes, foram os mais afetados pela pandemia - FOTO:BOBBY FABISAK/JC IMAGEM

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