Para fugir da alta na conta de luz, a Compesa vai lançar dois editais para fazer parcerias com empresas interessadas em instalar usinas solares e, que posteriormente, vendam a energia produzida para a estatal. A intenção da companhia é diminuir a conta de energia da empresa, a terceira maior despesa da distribuidora. Com um investimento previsto de R$ 76 milhões, o primeiro projeto vai colocar placas solares flutuantes nas barragens de Pirapama, no Cabo de Santo Agostinho; de Duas Unas, em Jaboatão dos Guararapes; e Tapacurá, em São Lourenço da Mata. As três represas estão na Região Metropolitana do Recife (RMR). O segundo empreendimento pretende implantar uma usina solar em terra, provavelmente no município sertanejo de São José do Belmonte, com um investimento estimado em R$ 1 bilhão. As duas iniciativas vão fazer a Compesa economizar cerca de R$ 6,5 milhões na conta de energia por mês.
"O objetivo principal é economizar na conta de energia. E, desse modo, ter condições de investir mais. Também tem alguns empreendimentos que devem entrar em operação no próximo ano e para isso será necessários mais energia", resume o diretor de Negócios e Eficiência da Compesa, Flávio Coutinho. Estes empreendimentos são as adutoras: do Agreste - obra que se arrasta desde 2013 -, a de Serro Azul, a do Alto Capibaribe e os poços de Tupanatinga. Todas têm a finalidade de levar agua para a região de maior estresse hídrico do Estado: o Agreste. Na terça-feira (9), o governo do Estado decretou estado de emergência em 54 municípios devido à estiagem.
Ambos os projetos são de 2019 e foram feitos os Procedimentos de Manifestação de Interesse (PMIs) , o primeiro passo para este tipo de parceria entre uma empresa pública e a iniciativa privada. No PMI, as empresas interessadas apresentam propostas para fazer a instalação, operação e manutenção das futuras usinas, incluindo sugestões de modelos de negócios a serem adotados - . Agora, a Compesa está se preparando para lançar os editais que vai escolher o parceiro privado. "Em ambos os casos, o investimento será das empresas parceiras. A Compesa vai se comprometer a comprar energia por um período longo", explica Flávio.
O projeto que prevê a instalação das placas solares nas barragens da RMR terá a capacidade instalada de 12 megawatts (MW), gerando energia que vai abastecer 630 unidades da Compesa. A Compesa comprar a energia a parceira privada por um período de 20 anos. "A nossa intenção é publicar o edital em março e contratar em julho", afirma Flávio. O projeto deve estar implantado e começar a operar dentro de um ano, sendo enquadrado como geração distribuída, que é quando o consumidor gera a energia próximo ao local do seu consumo, segundo a legislação do setor elétrico que está em vigor. O projeto vai gerar uma economia de R$ 300 mil mensais na conta de luz da estatal.
EMPREENDIMENTO
Já o projeto que provavelmente ficará em São José do Belmonte foi aprovado como de autoprodução de energia e prevê a construção de uma usina solar com capacidade instalada de 135 MW. A energia a ser produzida vai suprir o valor pago em 136 unidades consumidoras da Compesa de alta e média tensão, com fatura mensal acima de 25 mil. A planta deve levar três anos para ser construída. Quando entrar em operação, deve fazer a Compesa economizar R$ 6,2 milhões por mês na conta de energia. O empreendimento será operado pela parceira privada por 28 anos e isso vai representar R$ 2,1 bilhões de economia nesse período. O projeto foi desenvolvido por um consórcio entre as empresas Íntegra Projetos e Consultoria Empresarial Ltda., Soma Consultoria em Gestão Energética Ltda. e Energo Engenharia e Consultoria em Energias Ltda.
Nos três primeiros anos da concessão, o fornecimento de energia à Compesa será realizado dentro do mercado livre de contratação, um mecanismo do setor elétrico que permite aos grandes consumidores de energia escolherem o fornecedor. Geralmente, essa compra resulta numa energia mais barata. O consumidor residencial até hoje tem que comprar somente de uma distribuidora que no caso dos pernambucanos, é a Celpe. Para a presidente da Compesa, Manuela Marinho, o ingresso da Companhia no mercado livre é um passo importante e segue uma tendência de mercado. A Compesa paga, em média, R$ 20 milhões de conta de energia mensalmente. "A intenção é lançarmos o edital para escolher a parceira privada em junho e estar com a empresa contratada em novembro para começar esse segundo projeto", comenta Flávio.
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