Atualizada às 22h50, com métricas da ampliação
Arrematado pela empresa espanhola Aena há pouco mais de dois anos, o Aeroporto Internacional do Recife -Gilberto Freyre só terá as primeiras obras de ampliação concluídas em junho de 2023. Repactuando prazos por conta da pandemia da covid-19, a Aena entregou à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) material sobre a conclusão das melhorias imediatas já feitas no terminal e deu início à licitação da segunda fase das obras. Com investimento de R$ 120 milhões, essa primeira fase (1A) estava prevista para abril deste ano, mas teve o prazo alongado e impactará também no andamento da segunda etapa (1B), que foi esticada em mais oito meses.
- Aeroporto do Recife subiu três posições e é o 5º mais movimentado do Brasil
- Aeroporto do Recife terá sete novas rotas de voos a partir de julho
- Aeroporto do Recife tem o voo mais procurado do Brasil em 2021. Entenda
- Aeroporto do Recife terá aumento de quase 20% nos voos em julho, diz secretaria
- Movimentação de passageiros do Aeroporto do Recife cresceu 11% em junho; confira os destinos que foram retomados
Desde o leilão, a gestora espanhola avançou na primeira etapa de reparos com a renovação completa dos banheiros, dos sistemas de iluminação e climatização, sinalização, reparos nos telhados, fachadas e revitalização ou substituição de pisos do aeroporto.
Essas obras, somadas aos investimentos ainda a serem feitos, conforme acertado no processo de concessão, segundo os Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEAs) realizados pelo Ministério da Infraestrutura, têm estimativa de aporte, nos primeiros cinco anos da vigência, de R$ 1,47 bilhão nos três blocos de aeroportos leiloados, já com correção inflacionária.
O bloco do Nordeste, do qual faz parte o aeroporto do Recife (além de João Pessoa, Aracaju, Maceió, Campina Grande e Juazeiro do Norte), tem um montante total estimado em R$ 788 milhões, de acordo com a Anac, que não fala em valores para cada terminal.
Quem frequenta o aeroporto do Recife, a trabalho ou apenas de passagem entre um voo e outro, vê com bons olhos os reparos iniciados, mas ainda espera por mais.
“Em relação à operação ainda é um pouco complicado, porque o aeroporto há algum tempo não suporta a quantidade de voos que tem. A logística do terminal era muito ruim, como a falta de ônibus e organização do desembarque. De fato houve uma melhoria nos banheiros, mas ainda não renovaram as tecnologias para embarque . Se for hoje no aeroporto e tentar embarcar por uma remota (sem fazer uso de uma das pontes de embarque) é uma loucura. O mais importante é ampliar o terminal”, diz o funcionário de uma das companhias aéreas que operam no aeroporto, que preferiu não se identificar.
Embora o terminal ainda tenha operado abaixo da capacidade suportada, segundo a Aena, em função da pandemia, de acordo com a gestora, no mês de junho, o terminal contabilizou mais de 536 mil pessoas chegando e saindo pela principal porta de entrada do Estado.
O montante é 11% maior do que o verificado em maio, segundo análise do Setor de Pesquisas da Empetur. Neste mês de julho, a malha aérea já atende a 34 destinos. Em 2019, no pico da malha, por causa das férias, eram 44, incluindo os destinos internacionais, que ainda estão parados, com exceção de Portugal. Ainda segundo a Empetur, o terminal já alcança 85% da movimentação do mesmo período de 2019, último ano antes da pandemia, que acumulava 644 mil visitantes chegando e partindo.
A volta da demanda é um desafio a mais para a gestora colocar em prática o quanto antes o plano de expansão, agora previsto para ser concluído apenas no dia nove de junho de 2023, conforme afirma a Anac.
"Quanto mais espaço, acredito que melhor a operação. Ainda mais depois da pandemia. Acredito que a exigência passa a ser maior, e tem dias que realmente ficar na sala de embarque é um desafio por conta da quantidade de pessoas a serem acomodadas em seus voos", reforça a empresária Sônia Freitas, 42, que pelo menos uma vez ao mês passa pelo terminal com destino a São Paulo.
Em nota, a Aena Brasil diz que a segunda etapa de investimentos está em “fase de licitação, para os seis aeroportos administrados pela companhia no Brasil”. “O valor total das obras será fechado depois que forem divulgadas as propostas vencedoras. Os projetos básicos visando a contratação dos projetos executivos e das obras foram apresentados. Os trabalhos devem começar no princípio de 2022 e serão entregues até 2023, como rege o contrato”, garante a gestora.
No planejamento, de valores ainda incertos, está a ampliação do terminal, com mais pontes de embarque, aumento da capacidade operacional, adequação de segurança operacional, incremento das áreas de pista, táxi e pátio de voo, aumentando a quantidade de posições de estacionamento de aeronaves. Também estão previstas adequações do número de equipamentos de check-in, sistema de inspeção de bagagens, balcões aduaneiros e de imigração.
O terminal também tem a previsão de ganhar mais espaço comercial, podendo receber um maior número de lojas e restaurantes. Outra novidade é que, mesmo sem previsão contratual, a Aena está investindo em energia renovável para o aeroporto, e já foi ao mercado livre para comprar energia verde, totalmente de fontes certificadas, em acordo inicialmente válido por cinco anos.
Pelo contrato de concessão, a ampliação do terminal deve elevar a capacidade para processar simultaneamente, na hora pico, 1.891 passageiros no embarque doméstico e 455 no embarque internacional, 1.845 passageiros no desembarque doméstico e 345 no desembarque internacional.
No pátio, de forma simultânea e independente, deverá haver espaço para atender 27 aeronaves (dos tipos D,C e E - como Airbus A319 e Boeing B773) por pontes de embarque e posições remotas, além de instalação de sistema visual indicador de rampa de aproximação nas cabeceiras de pista de pousos e decolagens para manutenção das operações com aeronaves a jato, adequação da infraestrutura para que o aeroporto esteja habilitado a operar, no mínimo, em Regras de Voo por Instrumentos (IRF) não-precisão, sem restrição, noturno e diurno e sistema automatizado de gerenciamento e inspeção de segurança da bagagem para 100% dos despachos.
Os únicos detalhes repassados pela Aena sobre a ampliação são de que do chamado Lado Terra, a área atual do terminal: 52.144,86 m² será somada a mais 23.932,07 m² a serem edificados. A área total após a ampliação será de 76.076,93 m².
No chamado Lado Ar, a ampliação do Pátio será de 61.738,14 m² e a ampliação da Pista de Táxi, 11.339 m².
Quando da última revitalização, o terminal passou a ter capacidade para atender 16,5 milhões de passageiros por ano, com espaço comercial para 247 pontos e Área Bruta Locável (ABL) de 6.811,29 metros quadrados. Além de possuir uma das maiores pistas de pouso e decolagem da região, com 3.007 metros de comprimento por 45 metros de largura e posições para estacionamento de 21 aeronaves, tendo 11 pontes.
Ainda sobre a ampliação, a Aena não informou prazos previstos para conclusão do processo licitatório, tampouco revelou números de investimentos e resultados financeiros obtidos até então.
Comentários