No Brasil, 32,9 milhões de pessoas estão sem emprego. Destas, 14,8 milhões estão em busca de um trabalho para chamar de seu, enquanto os outros 5,9 milhões já jogaram a toalha e desistiram de procurar. Os dados são do IBGE e mostram a difícil realidade de um país duramente afetado pelos efeitos econômicos da pandemia de covid-19. Apesar disso, a área de Tecnologia da Informação está com muitas vagas em aberto. O que falta são profissionais para preenchê-las. Só no Porto Digital, situado no Recife, um dos principais parques tecnológicos do Brasil, pelo menos, 3 mil vagas de emprego foram (ou estão) abertas em 2021.
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Até 2024, cerca de 421 mil novos postos de trabalho serão criados no setor, de acordo com estimativas da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), divulgadas pouco antes do Dia da Informática, celebrado neste domingo (15). Dá mais de 100 mil novas vagas anuais. Isso seria lindo, não fosse um problema: nossos cursos superiores formam menos de 50 mil novos profissionais de TI por ano.
Em 2018, a estimativa de vagas anuais em TI já era de 70 mil. E o crescimento acelerado vem desde 2014, segundo o presidente da Brasscom, Sergio Paulo Gallindo. A pandemia, porém, agilizou o processo. “Não que a pandemia seja algo a se celebrar, longe disso, mas não se pode negar que a situação foi um propulsor para as transformações digitais”, diz o presidente da Brasscom. “De outra forma, a adaptação das empresas nunca teria acontecido tão rapidamente. E o impacto disso no mercado de trabalho é gigantesco.”
De um dia para o outro, boa parte do trabalho passou a ser feita de casa, a educação foi para o modo remoto, o e-commerce tomou de vez o lugar dos shoppings; o Rappi, o do restaurante por quilo; o Zoom, o da sala de reunião e do bar, e do consultório médico. Quase nada escapou do novo regime virtual. E os responsáveis por viabilizar tudo isso são justamente os profissionais de TI: programadores, desenvolvedores, cientistas de dados, especialistas em cibersegurança, em infraestrutura de nuvem, entre outros, como o estudante Rafael Lima, 32 anos.
Formado em Engenharia Cartográfica, Lima decidiu mudar de área e ingressar nesse mercado. Atualmente, Rafael é aluno de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS). Ele foi contratado e passou a integrar o Orange Talents, um programa de treinamento da empresa Zup Inovation, que está contratando e capacitando permanentemente um número alto de pessoal para se tornar desenvolvedor back-end. “No primeiro semestre de 2019, eu estava concluindo o curso de engenharia cartográfica e já estava atuando como analista em geoprocessamento. A empresa em que eu trabalhava fechou, como o mercado é muito pequeno tive que buscar uma mudança. Estou muito empolgado e feliz por ter chegado até aqui”, conta Rafael.
Segundo o pesquisador na área de Inteligência Artificial Pedro Henrique Araújo, engenheiro eletrônico, professor dos cursos de Engenharia Mecatrônica e ADS da Unit-PE, não se trata apenas de uma demanda das empresas de tecnologia propriamente ditas, mas também de companhias diversas que estão reforçando suas áreas de TI, como varejistas, bancos e aplicativos de entrega. “A pandemia trouxe consequências danosas para todos, mas com o isolamento forçado para garantirmos nossa segurança, a área de TI cresceu assustadoramente. Muito devido à necessidade de empresas de fora do setor, que precisavam conectar seus colaboradores”, explica Araújo.
Algumas áreas do setor fervem mais que outras. Para se ter ideia disso, mais de um terço dos investimentos anuais devem ir para a Internet das Coisas (Internet of Things - IoT, em inglês) é a tecnologia por trás de objetos que começam a entrar para o dia a dia, como a Alexa. “Até pouco tempo atrás, isso não passava de uma conversa sobre o poder que um liquidificador ou uma geladeira com internet teria. Mas isso já faz parte do passado”, diz o professor Pedro Henrique, explicando que é essa tecnologia que permite, por exemplo, um dono de Apple Watch sair para correr sem celular no bolso e atender ligações pelo relógio.
“Uma área da TI, vale lembrar, puxa a outra. A IoT dá mais trabalho para o armazenamento em nuvem. Sem nuvem, sem música na Alexa. Sem nuvem, sem Gmail. O ponto é que eles não guardam só o seu Gmail, as músicas do seu Spotify e as piadas da Alexa. Há anos, a maior parte das empresas está deixando de ter data centers próprios, e migrando seus sistemas para nuvens”, destaca o professor.
Vagas no Porto Digital
Para quem se interessa em atuar em uma das empresas vinculadas ao Porto Digital, é preciso, geralmente, conhecimentos específicos e domínio de tecnologias de acordo com as demandas institucionais. "Cada empresa pode estabelecer seus próprios requisitos para suas vagas. Em geral, para a área de desenvolvimento, são exigidos conhecimentos em linguagens específicas e domínio de tecnologias de acordo com os projetos, além de inglês", ressalta a assessoria do parque tecnológico.
Uma dessas empresas é a Everis, que oferta vagas para programadores, arquitetos de informação, especialistas em cloud, desenvolvedores e outras áreas de atuação. Na maior parte dos casos, as vagas em aberto exigem conhecimentos de TI. Mas a seleção dos profissionais não é feita a partir desse critério. "Queremos profissionais que saibam resolver problemas de forma criativa e trabalhar em equipe", informa a diretora de Recursos Humanos da Everis.
Além disso, a capacitação técnica pode ser obtida dentro da Everis ou em diversos programas de treinamento com parceiros. "Em um momento em que milhões de pessoas estão sem emprego e o setor de tecnologia demanda profissionais. As empresas precisam criar programas de aprimoramento não apenas para seus talentos, mas para contribuir com o país e com o setor de tecnologia. É isso que estamos fazendo na Everis", afirma o presidente da companhia, Ricardo Neves. Os interessados nas vagas podem acessar a página de empregos da empresa (jobs.everis.com) e se cadastrar.
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