Companhias aéreas afirmam que alta de 91,7% no combustível dos aviões pode frear retomada do setor aéreo
Também preocupa a desvalorização crescente do real em relação ao dólar, já que boa parte dos custos das empresas é pago em moeda americana
A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) fez um alerta nesta quinta-feira (14) para a escalada do preço do querosene de aviação, que registrou alta de 91,7% no segundo trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, segundo os dados mais recentes da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Para a entidade também preocupa a desvalorização crescente do real em relação ao dólar. Para as companhias aéreas, tanto o câmbio quanto os custos com os combustíveis podem ameaçar uma retomada mais consistente da aviação comercial brasileira e vêm pressionando os preços das passagens aéreas. Apesar desse cenário, nos últimos cinco meses houve crescimento da oferta de voos domésticos e os valores das tarifas aéreas são inferiores aos níveis pré-pandemia, garante a Abear.
O levantamento mais recente da Anac mostra que a tarifa média dos voos domésticos no segundo trimestre de 2021 registrou queda de 19,98% em comparação com o mesmo trimestre de 2019, período anterior aos impactos da pandemia da Covid-19. O preço médio do bilhete foi de R$ 388,95, enquanto o do período anterior foi de R$ 486,10. A Abear destaca que qualquer comparação de preços de bilhetes tendo como referência o ano de 2020 leva em consideração os menores valores históricos por causa do impacto da pandemia. No ano passado, a tarifa aérea doméstica se situou em R$ 376,29, o menor preço em 20 anos. Já o IBGE revelou que nos últimos 12 meses as passagens aéreas ficaram 56,8% mais caras.
CUSTOS
O querosene de aviação é um dos maiores custos para as companhias aéreas brasileiras, aliado à escalada da cotação do dólar em relação ao real, já que 51% dos custos do setor são indexados pela moeda norte-americana. O mais recente levantamento da Abear sobre o combustível utilizado nas aeronaves revela que, no primeiro semestre de 2021, o preço médio do combustível na bomba, no Brasil, foi 24,6% superior do que nos Estados Unidos. Segundo as empresas aéreas, contribuiu para essa distorção o fato de que o Brasil é o único país do mundo que tem um tributo regional sobre o querosene de aviação, o ICMS.
As companhias estrangeiras, por sua vez, não pagam esse imposto para abastecer em território nacional. “É por isso que uma viagem internacional muitas vezes é mais barata do que um voo doméstico, considerando-se distâncias similares. Um dos pilares da Abear é o alinhamento das regras brasileiras às melhores práticas internacionais, para que haja condições de igualdade na competição global que ampliem a eficiência das empresas aéreas brasileiras”, afirmou o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz.