CUSTO DE VIDA

Confira os campeões da inflação no Recife em 2021, segundo o Dieese

Entre os 12 itens da cesta básica do Dieese, os que lideraram a alta de preços, na capital pernambucana, foram: café (52,43%), açúcar (43,94%), banana (37,02%), tomate (29,07%), carne (14,32%), manteiga (13,38%), entre outros.

Angela Fernanda Belfort
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Angela Fernanda Belfort
Publicado em 07/01/2022 às 17:49
ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM
A carne bovina foi um dos produtos que aumentou em todas as capitais durante 2021, segundo o levantamento do Dieese - FOTO: ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM
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O valor da cesta básica aumentou, em 2021, nas 17 capitais onde o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) realiza a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. No ano passado, os maiores aumentos de preços entre os itens que fazem a cesta básica do Dieese, no Recife, foram: o café (52,43%), o açúcar (43,94%), a banana (37,02%), o tomate (29,07%), a carne (14,32%), a manteiga (13,38%), a farinha de mandioca (5,24%), o óleo de soja (5,00%), o pão francês (1,84%). Ainda neste levantamento,  a capital pernambucana apresentou a terceira maior alta da cesta básica, quando se compara dezembro de 2021 com o mesmo mês de 2020.

>> Cesta básica aumentou de preços em nove cidades. Recife registrou o maior percentual de aumento, diz Dieese

Neste período, a cesta básica da capital pernambucana subiu 13,42%, ficando atrás apenas de Curitiba, com uma alta de 16,30%, e Natal com 15,42%.  As menores taxas foram as de Brasília (5,03%), Aracaju (5,49%) e Goiânia (5,93%). Os grande responsáveis por esta alta foram principalmente os alimentos classificados como commodities, como açúcar, soja e carne - que seguiram elevados em 2021 por vários motivos. "Estes alimentos foram influenciados pela demanda internacional, a alta no preço do dolar. Vários insumos usados na produção de alimentos têm os preços indexados ao dólar, gerando uma pressão dos custos também para os produtores, que direcionaram parte da produção ao mercado externo", resume a supervisora técnica do Dieese em Pernambuco, Jackeline Natal.

Além destes fatores também contribuíram para a alta dos preços dos alimentos, problemas climáticos como a seca e a geada que ocorreram, respectivamente, no Sudeste e Sul do País. Jackeline também argumenta que a alta no preço dos combustíveis também influenciaram a alta nos preços dos alimentos, porque grande parte desses produtos são transportados por rodovias. "O orçamento das famílias não aguenta mais reajustes de preços neste patamar", argumentou Jackeline, se referindo aos nove produtos que mais subiram no Recife durante 2021. Eles apresentaram variações maiores do que a inflação média dos últimos 12 meses que ficou um pouco acima dos 10%.  

Entre dezembro de 2020 e de 2021, nove produtos tiveram alta acumulada de preços em
quase todas as capitais pesquisadas, se tornando os campões da inflação. São eles: carne bovina de primeira, açúcar, óleo de soja, café em pó, tomate, pão francês, manteiga, leite integral longa vida e
farinha de trigo, no Centro-Sul, e de mandioca, no Norte e Nordeste. Por outro lado, batata, arroz agulhinha e feijão registraram taxas negativas na maior parte das capitais.

CAMPEÕES DA INFLAÇÃO

A carne bovina de primeira variou entre 5,00%, em Aracaju, e 18,76%, em Porto Alegre, no período de dezembro de 2020 e de 2021. Isso ocorreu, segundo o Dieese, devido ao alto volume de exportações do produto ao longo de 2021, principalmente para a China. Também contribuíram para o aumento no preço deste produto a elevação no preço de insumos como milho e soja, que foram direcionados à exportação; e o clima seco que dificultou as pastagens.

O preço do açúcar aumentou em todas as capitais em 2021, com taxas que variaram entre 32,12%, em Fortaleza, e 73,25%, em Curitiba. A baixa oferta interna ocorreu devido ao volume exportado, ao clima seco e às geadas de julho no Sudeste/Centro-Oeste que fizeram com que o preço do produto no varejo se mantivesse alto ao longo do ano.

Outro produto que acumulou alta do preço em todas as cidades foi o óleo de soja entre dezembro de
2020 e de 2021. As maiores taxas foram observadas em Vitória (12,08%), Campo Grande (11,68%), Florianópolis (9,52%) e Goiânia (8,94%). Ao longo do ano, ocorreu expressiva demanda por soja e pelo  óleo deste grão tanto no mercado interno como externo. O preço de ambos vem aumentando desde 2020. 

O café em pó acumulou aumento em todas as cidades, com variações entre 39,42%, em São Paulo, e 112,44%, em Vitória. Ao longo do ano, a expectativa foi de menor produção mundial. No segundo semestre, a geada e a estiagem prolongada causaram impactos na produção e na safra de 2022 e consequente diminuição da oferta e, por isso, o café foi negociado por maior preço no mercado futuro. Ainda de acodo com o Dieese, a elevação dos valores do frete internacional também contribuiu para este cenário por ter provocado dúvidas em relação ao preço das vendas futuras, deixando o café mais caro no varejo.

O preço do quilo do tomate subiu em todas as cidades em 2021, com variações expressivas em Natal (102,29%), Vitória (58,53%), Florianópolis (43,85%), Rio de Janeiro (42,39%) e Belo Horizonte (36,76%). Segundo o Dieese, ocorreu uma diminuição da área plantada por causa do menor consumo das famílias em 2021.

O pão francês teve o preço aumentado em 16 cidades, com altas que variaram entre 1,42%, em Florianópolis, e 14,14%, em Curitiba. A única taxa negativa foi verificada em Natal (-2,83%). Grande parte da farinha de trigo usada na produção do pão é importada e a alta do preço do dólar também acabou chegando ao consumidor neste produto. Os reajustes da energia também tiveram impacto no valor final do pãozinho, pois as panificadoras consomem muita energia para manter o funcionamento dos seus fornos.

Ainda entre dezembro de 2020 e o mesmo mês de 2021, o valor da manteiga subiu nas 17 capitais, com taxas que oscilaram entre 0,51%, em Belo Horizonte, e 27,03%, em Vitória. O leite integral registrou acréscimos em 12 cidades, os maiores observados em Florianópolis (9,52%), Belém (7,54%), Brasília (5,75%), Salvador (5,61%) e Curitiba (5,24%). A alta dos lácteos ocorreu devido ao clima seco e as geadas de julho prejudicaram as pastagens. O alto volume exportado de milho e soja elevou os
valores destes insumos usados para alimentar o rebanho. Ou seja, os produtores exportaram mais e o milho e a soja que restaram ficaram mais caros.

A cesta básica do Dieese inclui 12 produtos considerados básicos na alimentação da população: carne, leite, feijão, arroz, farinha de mandioca (para as capitais do Nordeste), tomate, café, pão francês, banana, açúcar, óleo e manteiga. 

SALARIO MÍNIMO 

Em dezembro de 2021, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de
quatro pessoas deveria equivaler a R$ 5.800,98 ou 5,27 vezes o mínimo de R$ 1.100,00, de acordo com o Dieese. Em dezembro de 2020, o salário mínimo necessário foi de R$ 5.304,90, ou 5,08
vezes o piso em vigor, que equivalia a R$ 1.045,00.

Em dezembro de 2021, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 119 horas e 53 minutos. Em novembro, a jornada necessária foi calculada em 119 horas e 58 minutos. Em dezembro de 2020, a média foi de 115 horas e 08 minutos.

Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, depois do
desconto da Previdência Social, se constata que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em dezembro de 2021, 58,91% do rendimento para adquirir os mesmos produtos que, em novembro, demandaram 58,95%. Em dezembro de 2020, a média foi de 56,57%.

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