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Dólar alcança paridade com o euro pela primeira vez em duas décadas

O mercado teme um agravamento da crise energética na Europa devido à interrupção do fluxo de gás russo que chega pelo gasoduto Nord Stream 1, atualmente em manutenção

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Ana Maria Miranda

Publicado em 12/07/2022 às 9:44
TAXA Decisão do BCE tem impacto direto da guerra entre Rússia e Ucrânia - KIRILL KUDRYAVTSEV/ AFP

Da AFP

O euro atingiu nesta terça-feira (12) a paridade com dólar pela primeira vez em duas décadas, afetado pela ameaça de corte de fornecimento do gás russo para a União Europeia.

Os investidores privilegiam a moeda americana, considerada um valor refúgio, que valorizou 14% desde o início do ano e chegou a ser negociada a um dólar por euro às 9h50 GMT (6h50 de Brasília), a maior cotação diante da divisa europeia desde dezembro de 2002.

O mercado teme um agravamento da crise energética na Europa devido à interrupção do fluxo de gás russo que chega pelo gasoduto Nord Stream 1, atualmente em manutenção. A tensão alimenta os temores de uma recessão na Europa.

O gás procedente da Rússia está no "centro da tempestade na Europa" e o anúncio de sábado de que o Canadá devolverá turbinas à Alemanha para aliviar a crise energética com a Rússia "não teve um impacto positivo", disse o analista Jeffrey Halley, da empresa Oanda.

O grupo russo Gazprom iniciou os trabalhos de manutenção na segunda-feira no gasoduto Nord Stream 1, que transporta gás diretamente da Rússia para a Alemanha. Os países europeus estão na expectativa para saber se Moscou vai restabelecer o fornecimento após as obras, previstas para durar 10 dias.

"A questão chave é saber se o gás voltará depois de 21 de julho. Os mercados parecem já ter tomado uma decisão", disse Halley.

Para Mark Haefele, analista do UBS, uma suspensão do fornecimento de gás russo na Europa "provocaria uma recessão em toda a zona do euro com três trimestres consecutivos de contração da economia".

Um cenário de recessão dificultaria o trabalho do Banco Central Europeu (BCE) caso a instituição deseje acabar com sua política monetária expansionista e passar para uma fase de contração para combater a inflação que agrava a situação.

Ao mesmo tempo, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) tem mais margem de manobra para continuar elevando as taxas, já que os números de emprego divulgados na sexta-feira provaram que a economia dos Estados Unidos apresenta maior resiliência no momento.

A queda do euro pode prosseguir nas próximas semanas.

Os dados sobre a inflação na Alemanha, França e Estados Unidos podem alimentar na quarta-feira a preocupação dos investidores.

"Se a inflação nos Estados Unidos for maior do que o mercado espera, isso pode beneficiar o dólar, já que os investidores apostam que o Fed terá que seguir ainda mais rápido para aumentar as taxas", disse Fawad Razaqzada, analista da Forex.com.

O euro registrou leve alta depois de atingir a paridade com o dólar e às 10h10 GMT (7H10 de Brasília) era negociado a US$ 1,0024.

O dólar também vive uma valorização na comparação com outras moedas consideradas vulneráveis ao risco. A cotação da libra esterlina caiu a US$ 1,1807, nível que não era registrado desde março de 2020, quando o início da pandemia do novo coronavírus na Europa, durante as negociações do Brexit, provocou a queda da moeda britânica ao menor valor desde 1985.

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