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Aprovação da PEC kamikaze pode ajudar o varejo a crescer mas apresentar "efeitos reversos" diz Confederação Nacional do Comércio

Entidade projeta que medida deverá injetar R$ 16,3 bilhões no comércio varejista a curto prazo

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Edilson Vieira

Publicado em 13/07/2022 às 18:56
"Essa movimentação pode provocar impacto negativo sobre as vendas no médio prazo, especialmente em decorrência do prolongamento do aperto monetário", afirma Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio
"Essa movimentação pode provocar impacto negativo sobre as vendas no médio prazo, especialmente em decorrência do prolongamento do aperto monetário", afirma Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio - DIVULGAÇÃO

Em maio, o volume de vendas no comércio varejista brasileiro cresceu 0,1%, de acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O crescimento é o quinto seguido, mas abaixo da expectativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que projetava alta de 0,4% para o mês.

Apesar da desaceleração, as estimativas da entidade para o setor são positivas no curto prazo, o que levou à revisão da previsão de variação do volume de vendas no varejo em 2022 de 1,7% para 2,0%. De acordo com análise da CNC, caso aprovada, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 1/2022, conhecida por PEC Kamikaze, poderá representar um incremento de R$ 16,3 bilhões no comércio varejista. A previsão é que os ramos de hiper, super e minimercados (R$ 5,53 bilhões); combustíveis e lubrificantes (R$ 3,03 bilhões) e as lojas de tecidos, vestuário e calçados (R$ 2,32 bilhões) sejam os mais beneficiados pela aprovação total da PEC.

PEC Kamikaze pode levar a "pressões inflacionárias"

Segundo a CNC, a medida, que, entre outros benefícios, pretende aumentar em 50% o valor do Auxílio Brasil e ampliar em 1,6 milhão o número de famílias atendidas pelo programa, tende a disponibilizar novos recursos para o consumo, segundo a avaliação do presidente da CNC, José Roberto Tadros. “Se, por um lado, essas iniciativas prolongam pressões inflacionárias; por outro, no curto prazo, ajudam a recompor a renda das famílias, dando fôlego às vendas no varejo”, avalia.

O projeto, que deve custar cerca de R$ 41,2 bilhões aos cofres públicos, também apresenta potenciais efeitos reversos. É o que lembra o economista da CNC responsável pela pesquisa, Fabio Bentes. “Essa movimentação pode provocar impacto negativo sobre as vendas no médio prazo, especialmente em decorrência do prolongamento do aperto monetário”, afirma.

O economista explica que, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em agosto de 2022, espera-se a elevação da taxa de juros em 50 pontos base, levando a meta da Selic para 13,75% ao ano, o que deverá contribuir para o avanço do custo do crédito aos tomadores. “Tal efeito poderá gradualmente neutralizar os efeitos positivos decorrentes da PEC”, acrescenta o economista da CNC.

Trégua do IPCA em maio

Considerando os números da PMC de maio, a CNC avalia que, apesar do cenário econômico ainda desafiador para consumidores e varejistas por conta da inflação e dos juros elevados, do ponto de vista do comportamento dos preços no curto prazo, o mês foi marcado pela trégua no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Ao variar 0,47% em relação ao mês anterior, o índice oficial de inflação registrou sua menor taxa desde abril de 2021 (0,35%). Compõe ainda esse cenário a evolução do mercado de trabalho que, a despeito do aumento do nível de ocupação, sofreu com a queda de 6,2% no rendimento real no trimestre encerrado em maio de 2022 ante o mesmo período do ano passado.

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