Em sua 248ª reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros (Selic) para 13,75% a.a.., informou o Banco Central nesta quarta-feira (3).
No comunicado, o BC diz que a atualização do cenário do Copom pode ser descrita com o ambiente externo que mantém-se adverso e volátil, com maiores revisões negativas para o crescimento global em um ambiente inflacionário ainda pressionado.
Além disso, o processo de normalização da política monetária nos países avançados tem se acelerado, impactando o cenário prospectivo e elevando a volatilidade dos ativos.
Em relação à atividade econômica brasileira, o conjunto dos indicadores divulgado desde a última reunião do Copom seguiu indicando crescimento ao longo do segundo trimestre, com uma retomada no mercado de trabalho mais forte do que era esperada pelo Comitê.
O BC esclarece que a inflação ao consumidor continua elevada, tanto em componentes mais voláteis como em itens associados à inflação subjacente.
"As diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação. As expectativas de inflação para 2022, 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 7,2%, 5,3% e 3,3%, respectivamente; e
No cenário de referência, a trajetória para a taxa de juros é extraída da pesquisa Focus e a taxa de câmbio parte de USD/BRL 5,30*, evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC)".
"Esse cenário supõe trajetória de juros que termina 2022 em 13,75% a.a., reduz-se para 11,00% em 2023 e 8,00% em 2024. Supõe-se que o preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passa a aumentar 2% ao ano posteriormente. Além disso, adota-se a hipótese de bandeira tarifária "amarela" em dezembro de 2022, de 2023 e de 2024", justifica em comunicado.
O BC ainda esclarece que esse cenário, as projeções de inflação do Copom situam-se em 6,8% para 2022, 4,6% para 2023 e 2,7% para 2024. As projeções para a inflação de preços administrados são de -1,3% para 2022, 8,4% para 2023 e 3,6% para 2024. "As projeções do cenário de referência incorporam o impacto das medidas tributárias recentemente aprovadas".
Para o horizonte de seis trimestres à frente, que suaviza o efeito ano-calendário, mas incorpora os impactos secundários das medidas tributárias que incidem entre 2022 e o primeiro trimestre de 2023, a projeção de inflação acumulada em doze meses situa-se em 3,5%. O Comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual.
O Copom considera que, diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista.
"O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas [...] O Comitê avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião", defende.
O que aumento dos juros impacta na vida real
Segundo o economista e sócio-diretor da PPK Consultoria, João Rogério Filho, a elevação de meio por cento apresentada pelo Copom para a taxa básica da economia brasileira, dá sequência a uma política contracionista.
"Uma política inibidora do consumo, inibidora do investimento e encarecedora do crédito. Então esse aspecto é um aspecto que mesmo que seguindo uma tendência internacional traz efeitos negativos pra nossa capacidade de retomada de crescimento ainda em dois mil e vinte e dois", diz ele.
Meio por cento ao ano, segundo João, significa algo como R$ 14 bilhões de despesa adicional trazida ao tesouro nacional.
"Quando nós vemos isso diante de um cenário que na semana passada o governo anunciou o corte de seis bilhões de despesas orçadas para o exercício de 2022, vemos que mais que o dobro deste valor foi aprovado na reunião. Então esse é um aspecto que me parece dever a ver um amadurecimento muito profundo. É um aspecto que vem a prejudicar a retomada do emprego uma vez que inibe o investimento, inibe o consumo das famílias, famílias essas que estão num endividamento recorde".
COMO FICAM MEUS INVESTIMENTOS COM SELIC EM 13,75%
Com a Selic em 13,75% ao ano, as aplicações em Renda Fixa, como os Fundos de Investimento, ganham mais atratividade e ganham da Poupança na maioria das situações.
Entretanto, as Cadernetas de Poupança vão continuar interessantes frente aos fundos de renda fixa, principalmente sobre os fundos cujas taxas de administração sejam superiores a 2,50% ao ano.
Tal fato ocorre uma vez que a caderneta de poupança tem seu ganho garantido por lei (TR +6,17% ao ano) e não sofre qualquer tributação diferentemente dos fundos de renda fixa que possuem tributação do imposto de renda sobre seus rendimentos, sendo maior esta tributação quanto menor for o prazo de seu resgate além de ter a cobrança da taxa de administração cobrada pelos bancos.
Tendo em vista a Taxa Básica de Juros ter ultrapassado o percentual de 8,50% ao ano, o rendimento da poupança antiga e da poupança nova passaram a ter a partir de agosto/2014 o mesmo rendimento de TR + 6,17% ao ano. Assim sendo a nova regra da poupança de ter um rendimento de 70% da Taxa Básica de Juros mais a variação da TR não mais se aplica.
Com a SELIC em 13,75% ao ano as contas da Poupança terão um rendimento mensal de 0,62% ao mês correspondente a um rendimento de 6,17% ao ano + TR.
Os Fundos terão um rendimento superior às contas da Poupança quando suas taxas de administração forem
inferiores a 2,50% ao ano e terão um rendimento inferior às cadernetas de poupança quando suas taxa de administração forem superiores a 2,50% ao ano.
Veja simulações da Anefac de como ficaria uma aplicação de R$ 10 mil em 12 meses (Selic estável em 13,75% ao ano)
- Na Poupança antiga este investidor teria acumulado de rendimento o valor de R$ 770,00 (7,70% ao ano) totalizando um valor aplicado de R$ 10.770,00;
- Na Poupança nova este investidor teria acumulado de rendimento o valor de R$ 770,00 (7,70% ao ano) totalizando um valor aplicado de R$ 10.770,00;
- Em um Fundo de investimentos cuja taxa de administração seja de 0,50% ao ano este investidor teria acumulado de rendimento o valor de R$ 1.043,00 (10,43% ao ano) totalizando um valor aplicado de R$ 11.043,00;
- Em um Fundo de investimentos cuja taxa de administração seja de 1,00% ao ano este investidor teria acumulado de rendimento o valor de R$ 977,00 (9,77% ao ano) totalizando um valor aplicado de R$ 10.977,00;
- Em um Fundo de investimentos cuja taxa de administração seja de 1,50% ao ano este investidor teria acumulado de rendimento o valor de R$ 925,00 (9,25% ao ano) totalizando um valor aplicado de R$ 10.925,00;
- Em um Fundo de investimentos cuja taxa de administração seja de 2,00% ao ano este investidor teria acumulado de rendimento o valor de R$ 860,00 (8,60% ao ano) totalizando um valor aplicado de R$ 10.860,00;
- Em um Fundo de investimentos cuja taxa de administração seja de 2,50% ao ano este investidor teria acumulado de rendimento o valor de R$ 796,00 (7,96% ao ano) totalizando um valor aplicado de R$ 10.796,00;
- Em um Fundo de investimentos cuja taxa de administração seja de 3,00% ao ano este investidor teria acumulado de rendimento o valor de R$ 744,00 (7,44% ao ano) totalizando um valor aplicado de R$ 10.744,00;Considerando uma aplicação em CDB o investidor teria que obter uma taxa de juros de cerca de 85% do CDI para atingir o mesmo ganho obtido pela poupança nova já que as aplicações em CDB’s pagam igualmente IR de acordo com o prazo de resgate da aplicação.