O Grande Recife aparece, mais uma vez, posicionado na pior situação do Brasil quando o assunto é pobreza. O Boletim Desigualdade nas Metrópoles, divulgado nesta segunda-feira (8), mostra que 13% da população da RMR vive em extrema pobreza (com renda menor que R$ 160/mês) e que 39,7% vive em situação de pobreza, vivendo com R$ 465 por mês. Isso quer dizer que mais da metade das pessoas (52,7%) vive na pobreza.
Às vésperas das Eleições 2022, o tema da pobreza precisa estar na agenda dos candidatos eleitos, sobretudo presidente e governadores. O Boletim aponta que existem 19,8 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza no País.
O estudo foi realizado a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua trimestral, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Depois do Grande Recife, que aparece com 13% da população em extrema pobreza, surgem as regiões metropolitanas de Salvador (12,2%), Manaus (11,1%), João Pessoa (10,7%) e São Luís (10,1%).
O pesquisador da PUCRS André Salata, um coordenadores do Boletim Desigualdade nas Metrópoles, explica que vários fatores contribuíram para o empobrecimento em todas as Regiões Metropolitanas do País. No Nordeste esta situação se agrava por conta da histórica desigualdade maior na região.
A crise econômica entre 2014 e 2017, a pandemia e a inflação fizeram com que a pobreza aumentasse em todas as metrópoles.
"O nível de pobreza responde pela renda média e pela distribuição dos recursos. No Nordeste, em geral, o nível de rendimento médio tende a ser um pouco mais baixo do que no Sudeste e o Sul, por exemplo. E ao mesmo tempo você tende a ter uma distribuição de renda pior, ou seja, você tende a ter uma desigualdade maior", afirma.
O alto nível de informalidade também é apontado pelo pesquisador como um fator de extrema pobreza no Grande Recife.
"Há uma informalidade muito alta do Grande Recife. Essas pessoas, em função de sua posição ocupacional, acabam sofrendo de maneira bastante brutal os efeitos desses choques econômicos. Seja por causa das crises de 2014 a 2016 ou da pandemia. São pessoas com ocupações que dificilmente se consegue passar para o modo remoto. Então por isso é esperado", observa.
Em uma década, pela primeira vez a taxa de extrema pobreza no Grande Recife alcança dois dígitos. Enquanto em 2012 estava em 4,8%; no ano passado chegou a 13%. Já a pobreza avançou quase oito pontos percentuais no período analisado, saindo de 31,9% para 39,7%.
Os números assustam porque Pernambuco disputa com o Ceará a posição de segundo maior PIB do Nordeste, mas a economia não é capaz de reduzir a desigualdade.