Em crise que lembra a Americanas, Marisa Lojas decide mudar comando

Diretor-presidente, Adalberto Pereira dos Santos, renunciou à presidência da empresa, sendo substituído interinamente por Alberto Kohn de Penhas
Estadão Conteúdo
Publicado em 09/02/2023 às 0:27
A Marisa deu início a uma renegociação de seu passivo, envolvendo um montante de cerca de R$ 600 milhões Foto: Divulgação


A Marisa Lojas informou ontem que o diretor-presidente, Adalberto Pereira dos Santos, renunciou à presidência da empresa, sendo substituído interinamente por Alberto Kohn de Penhas, atual vice-presidente Comercial e Executivo. Em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa informou ainda que Marcelo Adriano Casarin, membro do conselho de administração, também renunciou ao cargo.

A varejista deu início a uma renegociação de seu passivo, envolvendo um montante de cerca de R$ 600 milhões. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, a ideia da companhia não é viabilizar um corte do valor, mas alongar prazo. O montante envolvido na reestruturação da Marisa é pequeno face aos valores que serão renegociados pela Americanas, que está em recuperação judicial e declarou dívidas de mais de R$ 40 bilhões.

A Marisa está fazendo uma renegociação direta com seus credores, os quais, de acordo com as fontes, estão receptivos. Safra, Daycoval, Alfa, ABC, Itaú e Caixa estariam na lista dos bancos para quem a varejista tem débitos.

Ainda no fato relevante divulgado pela empresa, a companhia disse que já iniciou o processo de seleção do novo presidente. Da mesma forma, o colegiado está tomando as medidas necessárias para a nomeação de novo membro para o conselho que ocupará a cadeira anteriormente ocupada por Casarin até a assembleia-geral ordinária e extraordinária ser realizada em abril de 2023.

A empresa informou ainda que, em continuidade ao processo de otimização financeira e aprimoramento de sua estrutura de capital, contratou a BR Partners para assessorá-la no processo de renegociação de seu endividamento e a Galeazzi Associados para apoiá-la no aperfeiçoamento da estrutura de custos da companhia.

DESCONFIANÇA

Fornecedores da Marisa estão preocupados com a situação da companhia. Com o caso da Americanas, o sistema de crédito para fornecimento de mercadorias se desgastou, o que explica a apreensão de quem vende para as varejistas. O Estadão/Broadcast apurou que empresas do setor de moda têm enfrentado dificuldades para renovar linhas de "risco sacado" - quando o banco quita a dívida com o fornecedor e a transforma em passivo -, as mesmas que originaram a crise da Americanas.

Para Eugênio Foganholo, sócio da consultoria de varejo Mixxer, a dívida da companhia "não é uma tragédia".

A Marisa encerrou o terceiro trimestre do ano passado com um endividamento líquido de R$ 566 milhões, 7,9% acima do fechamento do mesmo período de 2021.

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