Com informações da Agência Estadão
Uma nova modalidade de golpe do Pix tem sido divulgada pelas vítimas nas redes sociais, que buscam denunciar os perigos desde crime.
Segundo o relato das vítimas, os golpistas figem ser funcionários de instituiçlões financeiras, conquistam a confiança da vítima apresentando informações resguardadas pelo sigilo bancário como movimentações da conta corrente, por exemplo, e tentam aplicar o golpe do Pix.
O caso que viralizou nas redes sociais foi o da jornalista Marcella Centofanti, de 44 anos, alvo dos golpistas na última terça-feira (07).
De acordo com Marcella, ela recebeu uma ligação telefônica de um suposto funcionário do Banco Itaú alertando que sua conta havia sido invadida por criminosos e teria sido bloqueada, por medida de segurança.
Marcella acreditou que o contato feito pelo Banco Itaú era verdadeiro por causa das informações apresentadas.
"Ele citou o que saiu e o que entrou na minha conta nos últimos dias, inclusive transações via Pix, com nomes e valores, além de débitos automáticos precisos até nos centavos", contou.
Preocupada com o suposto ocorrido, Marcella seguiu as orientações do bandido e criou uma nova senha pelo aplicativo do banco.
Segundo o relato, todo o atendimento foi articulado e atencioso. O golpista não pediu nenhum dado pessoal, ao contrário disso, aconselhou que ela não compartilhasse sua senha nem clicasse em nenhum link.
Marcella conta que até mesmo a música de espera era a mesma usada pelo banco. Desconfiada, ela acionou a gerente de sua agência e seu namorado.
O golpista informou que a conta de Marcella teria sido acessada por dois smartphones e citou a localização desses aparelhos.
Por fim, afirmou que três depósitos entre R$ 9 mil e R$ 10 mil cada foram realizados para contas que a vítima não reconheceu.
O golpista então pediu que ela refizesse as transferências via Pix com os mesmos valores informados na ligação, bem como para as mesmas contas.
Neste momento ele revelou que o banco reconheceria a duplicidade e cancelaria a operação. Foi então que Marcella teve certeza que era um golpe e desligou.
Novamente recebe uma ligação como segunda tentativa de aplicar o golpe do Pix.
Desta vez uma mulher, usando o nome e sobrenome da gerente de sua agência, disse que estava ligando a pedido do departamento de segurança do banco.
"Ainda estou abalada. A gente perde a confiança. Consulto minha conta a todo momento para conferir se está tudo bem. Vou pessoalmente na agência e pretendo registrar um boletim de ocorrência", contou a jornalista.
Após o ocorrido, Marcella afirmou que recebeu uma mensagem do Itaú alertando que "em regra, informações sobre a conta bancária ou outras operações são resguardadas pelo sigilo bancário e apenas podem ser prestadas ao respectivo titular (ou ao seu representante legal/procurador com poderes específicos ou terceiro mediante autorização expressa)". Em outro trecho, a instituição informa que "acionou os órgãos competentes para análise e avaliação".
Outro caso semelhante ocorreu no mês passado com a professora de Linguística e Língua Portuguesa da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Gladis Maria de Barcellos Almeida, envolvendo o Banco do Brasil.
Durante o golpe do Pix, os criminosos pediram que ela instalasse um aplicativo que supostamente corrigiria as tentativas de fraude em sua conta, mas na realizade o aplicativo era o acesso remoto ao seu celular.
"Felizmente, eu percebi que aquilo estava errado e desliguei o celular. Escapei por pouco", relata.
Também no ano passado, a advogada Vanessa Souza, de 45 anos, sofreu o golpe do Pix. Desta vez, no entanto, não conseguiu escapar.
O contato foi realizado do mesmo modo, como ocorreu nos outros casos. Vanessa, correntista do banco Itaú, fez duas transações de Transferência Eletrônica Disponível (TED) que totalizaram cerca de R$ 20 mil.
"Ele (o criminoso) leu meu extrato. Eu senti humilhada, pois fui passada para trás", contou.
A advogada ainda aguarda que o Itaú realize o ressarcimento do valor transferido ao golpista.
O delegado Luiz Alberto Guerra, titular da 2.ª Delegacia de Investigações Gerais (DIG) do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil, alerta que a maioria das invasões a contas bancárias, como o golpe do Pix, ocorrem por meio de phishing.
Phishing é uma técnica de engenharia que consiste no envio de mensagens com links maliciosos para as vítimas.
Segundo o delegado Luiz Alberto Guerra, este tipo de mensagem é enviada antes mesmo que os criminosos entrem em contato com as vítimas para tentar realizar o golpe.
"Pode ser um link enviado por e-mail ou mesmo um SMS, que vai redirecionar a pessoa para uma página falsa do banco onde são captados de agência, conta e senha pelos criminosos", afirma o delegado.
Outras formas de se obter os dados das vítimas e concluir o golpe são por meio de supostas ligações telefônicas da instituição financeira que a vítima é cliente.
O Itaú Unibanco afirma que "reforça as orientações para que os clientes se atentem a tentativas de golpes envolvendo abordagens de falsas centrais de segurança ou falsos funcionários da instituição". Neste sentido, "esclarece que ligações recebidas pelos clientes solicitando qualquer documento, senhas, dados cadastrais e financeiros, estornos ou transferências não são práticas da instituição".
Enquanto o Banco do Brasil informa que os bancos podem ligar para o cliente, "mas nunca o orientarão a realizar qualquer procedimento" nem pedem digitação de senhas.
Sobre oas operações via Pix, o Banco Central ressalta que operações do Pix são rastreáveis, o que permite identificar contas recebedoras.
Segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) afirma que os bancos "investem constantemente e de maneira massiva em campanhas e ações de conscientização em seus canais de comunicação com os clientes para orientar a população a se prevenir de fraudes. Além de campanhas, os bancos investem cerca de R$ 3 bilhões por ano em sistemas de tecnologia da informação para segurança".