Diante da pressão para o governo ampliar o programa de créditos ao setor automotivo, técnicos da equipe econômica já começam a defender uma saída menos nociva do ponto de vista fiscal para atender aos apelos do Planalto.
Além de avaliarem que ainda é cedo para estender a medida, lançada há menos de duas semanas, entendem que uma alternativa viável seria fazer um remanejamento de recursos no próprio programa, capaz de atender à demanda mais alta por desconto nos carros. A alternativa seria buscar outras áreas para reoneração de tributos.
Originalmente, o programa havia sido desenhado apenas para os automóveis de passeio, que ficariam com a totalidade de R$ 1,5 bilhão em créditos tributários. Nos últimos dias antes do anúncio, porém, houve a inclusão de caminhões e ônibus. Em seu formato final, a medida destinou R$ 700 milhões para caminhões, R$ 300 milhões para ônibus e R$ 500 milhões para carros.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), chegou a R$ 170 milhões o total de créditos tributários autorizados para bancar descontos no valor de carros. Com isso, a fatia autorizada já chega a 34% do volume disponível.
Por outro lado, não houve avanços na solicitação dos recursos para patrocinar bônus no segmento de caminhões e ônibus. Foram autorizados R$ 100 milhões para caminhões (14% dos R$ 700 milhões) e R$ 120 milhões para ônibus (40% do dos R$ 300 milhões).
Na reunião ministerial no Palácio do Planalto, quarta-feira passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou o programa automotivo e pediu a prorrogação da medida. Após o encontro, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, minimizou a ordem do presidente e a chamou de "brincadeira".
O vice-presidente e ministro do Mdic, Geraldo Alckmin, foi quem ressaltou o "sucesso" da política emergencial durante a reunião. Um dia antes, ele havia desconversado sobre a possibilidade de o governo ampliar o programa, mas não fechou a porta para a questão. "Cada coisa a seu tempo", respondeu.
Nos bastidores, seu entusiasmo com a medida é muito comentado entre o time econômico. O Estadão/Broadcast questionou a pasta sobre um eventual remanejamento de créditos para atender à maior demanda por desconto para carros. O ministério respondeu não haver "nenhuma orientação" nesse sentido.