Com Agência Brasil
O resultado deflacionado do IPCA, registrado no último mês de junho, não chegou à Região Metropolitana do Recife. Impulsionado pela alta do preço da gasolina , taxa de iluminação pública e tributação sobre a energia elétrica, o Grande Recife teve, no período, aumento no indicador da inflação, figurando a segunda maior taxa do Brasil.
O alívio no bolso comemorado em todo o País, por aqui não foi tão sentido, sendo compensando com aumentos pontuais. Pelos dados divulgados pelo IBGE, nesta terça-feira (11), enquanto o Brasil registrou uma deflação de 0,08% em junho, o Grande Recife teve a segunda maior inflação, com alta de 0,28% nos preços de produtos e serviços.
A capital pernambucana ficou atrás apenas de Belo Horizonte (0,31%) e foi uma das cinco localidades, entre as 16 pesquisadas pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo, que tiveram inflação.
“A alta na inflação de junho no Grande Recife é resultado de aumentos pontuais em produtos com peso significativo na cesta de consumo. Tivemos alta de 4,09% na gasolina e de 3,73% na energia elétrica, mais especificamente nas taxas que incidem sobre o consumo dela. A taxa de iluminação pública subiu 0,2%, o PIS da energia avançou 4,9% e o Cofins, (3,7%)”, analisa a gerente de planejamento e gestão do IBGE em Pernambuco, Fernanda Estelita.
Na RMR, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IPCA no mês passado, Comunicação (-0,24%) e Artigos de Residência (-0,47%) apresentaram deflação na comparação com o mês anterior. Por outro lado, a maior inflação ocorreu na categoria Vestuário, com alta de 0,7% entre maio e junho. Em seguida, estão Habitação (0,58%), Transportes (0,57%), Despesas pessoais (0,32%), Saúde e cuidados pessoais (0,17%), Alimentação e bebidas (0,13%) e Educação (0,05%).
“Ainda assim (com inflação), houve quedas importantes, como os 5,8% de redução no gás de botijão e de 3,75% nos automóveis novos com a política de incentivo às montadoras”, justifica Estelita.
Em junho, os cinco produtos ou serviços com aumento mais expressivo no IPCA foram o tomate (30,26%), o alho (8,42%), a maçã (6,61%), o açúcar cristal (6,06%) e a maionese (5,87%).
Já os itens com maior redução de preço em junho foram o coentro (-13,41%), o óleo diesel (-7,75%), a melancia (-7,47%), o óleo de soja (-7,15%) e o mamão (-6,08%).
Com a deflação de -0,08%, esta é a primeira vez no ano que a inflação fica abaixo de zero. A última vez em que a inflação apresentou queda foi em setembro do ano passado. Esse é também o menor resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para um mês de junho desde 2017 - quando o índice foi de -0,23%.
Na comparação com maio, os grupos que mais ajudaram a colocar a inflação no campo negativo foram alimentação e bebidas (-0,66%) e transportes (-0,41%), que contribuíram com -0,14 e -0,08 ponto percentual (pp) no índice geral, respectivamente.
Segundo o IBGE, alimentação e bebidas e transportes integram o grupo com maior influência dentro da cesta de consumo das famílias. Juntos, eles representam cerca de 42% do IPCA.
O Ministério do Planejamento afirmou, em nota, que "há um processo de desaceleração da inflação acumulada" em andamento, ao comentar a deflação de 0,08% em junho apontada pelo IPCA.
"É fato que haverá um aumento deste indicador a partir de julho, efeito base, mas deve-se destacar que os resultados divulgados são inferiores aos projetados pelo mercado nos meses anteriores e que o processo desinflacionário está ocorrendo", disse a pasta em nota.
O Ministério do Planejamento é comandado por Simone Tebet, que endossa o discurso do governo por uma queda na taxa de juros. A expectativa é que o ciclo de cortes na Selic comece na próxima reunião do Copom, em agosto.
A taxa acumulada pela inflação no ano ficou em 2,87%. O resultado acumulado em 12 meses foi de 3,16% até junho.