O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a promessa de isenção de Imposto de Renda (IR) a salários de até R$ 5 mil até 2026 e voltou a defender a cobrança sobre dividendos. De acordo com o presidente, contudo, tal compromisso é difícil, pois o governo terá que abrir mão de dinheiro e rearranjar seus gastos.
"Tenho compromisso de chegar até o final do meu mandato isentando pessoas que ganham até R$ 5 mil do IR. É um compromisso de campanha, mas sobretudo, de muita sinceridade", disse em entrevista ao programa "Bom Dia com Mário Kertész", da Rádio Metrópole de Salvador, nesta terça-feira (23). "Neste país, quem vive de dividendo não paga Imposto de Renda, e quem vive de salário, paga."
AJUSTES NA ISENÇÃO
O presidente disse que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, "sabe que tem que fazer esses ajustes". "Eles são difíceis porque precisamos saber que, na hora que a gente abre mão de um dinheiro, temos que saber onde pegar outro dinheiro", comentou. No curto prazo, ele disse que o governo fará as mudanças para que quem ganha até dois salários mínimos por mês fique isento do IR.
"É possível fazer esse país crescer se tiver um governo que cria oportunidade, e não um governo que queira só vender ativos, ativos da Petrobras, privatizar Eletrobras", disse, em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro. "Quer dizer, você desmonta o Estado brasileiro para arrecadar dinheiro para gastar em coisas que não têm muita utilidade."
O chefe do Executivo voltou a falar que o ano de 2023 foi para "arar a terra" e adubar para colher em 2024. Segundo Lula, neste ano, o Brasil irá colher mais desenvolvimento e emprego.
O QUE DIZ HADDAD
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou a jornalistas que até o fim do mês de janeiro haverá uma definição sobre o reajuste no Imposto de Renda. "Até o final do mês, vamos ter uma conta. Este mês ainda vamos ter a conta", disse.
Ele se referia à promessa do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, de reajustar a tabela de isenção do IR para acomodar o ganho real no salário mínimo.
Perguntado sobre o veto de R$ 5,6 bilhões em emendas parlamentares na Lei Orçamentária Anual (LOA), sancionada na segunda-feira, Haddad disse não ter participado das negociações. "Eu não acompanhei esse processo, tem a ver com o acordo que foi feito. Eu não posso comentar porque não participei das negociações."
O ministro da Fazenda afirmou ainda não ter novidades relativas à discussão sobre a reoneração gradual da folha de pagamentos.