A Stellantis anunciou, nesta quarta-feira (6), o plano de investimentos no Brasil para os próximos anos. Em cerimônia realizada em Brasília, o grupo informou que, entre 2025 e 2030, vai investir R$ 30 bilhões no mercado brasileiro, tornando-se o maior investimento na história da indústria automotiva brasileira e sul-americana. O CEO Global da Stellantis, Carlos Tavares, reforçou o compromisso da empresa - que tem apenas três anos - com o desenvolvimento sustentável de seus produtos.
“A Stellantis já é líder no que se refere à mobilidade segura, sustentável e acessível no Brasil e na América do Sul. Nossos investimentos nos próximos cinco anos, de R$ 30 bilhões, serão no desenvolvimento em novas tecnologias Bio-Hybrid, tecnologias inovadoras de descarbonização em toda a cadeia de suprimentos automotivos e novas oportunidades estratégicas de negócios, além de novos produtos e powertrains”, destacou Carlos Tavares.
O COO da Stellantis para a América do Sul, Emanuele Cappellano, destacou que o investimento do grupo reforça a liderança na região, fortalece o desenvolvimento da indústria local e acelera a realização do plano estratégico de longo prazo Dare Forward 2030, além de manter a empresa como líder da mobilidade limpa, segura e acessível no Brasil e na América do Sul.
“Entramos em um novo ciclo virtuoso para o Brasil e para a região com este anúncio. Serão implementadas quatro plataformas globais, associadas às tecnologias Bio-Hybrid, mais de 40 modelos, além de oito novos powertrains e aplicações em eletrificação”, detalhou Emanuele Cappellano.
De acordo com o CEO Global da Stellantis, o investimento realizado pelo grupo no País foi ajustado com o governo brasileiro para atender às necessidades da sociedade. “Esses investimentos estão alinhados com o Programa Mover (programa nacional de Mobilidade Verde e Inovação, que amplia as exigências de sustentabilidade da frota automotiva e estimula a produção de novas tecnologias nas áreas de mobilidade), que é muito inteligente e que tenta levar para a indústria o que é necessário para a sociedade. Estamos aqui para apoiar e para servir. Nossa busca será pelo desenvolvimento de combustíveis sustentáveis, híbrido flex e motor com menos emissão de carbono” explicou Tavares.
O incentivo fiscal para que as empresas invistam em descarbonização e se enquadrem nos requisitos obrigatórios do programa será de R$ 3,5 bilhões em 2024, R$ 3,8 bilhões em 2025, R$ 3,9 bilhões em 2026, R$ 4 bilhões em 2027 e R$ 4,1 bilhões em 2028, valores que deverão ser convertidos em créditos financeiros. O programa Mover alcançará, no final, mais de R$ 19 bilhões em créditos concedidos.
“Para que tenhamos um volume e gerar um impacto ambiental no que se refere à modalidade limpa, temos de tornar os produtos acessíveis para a classe média. Para que todos possam ter acesso aos modelos de classe limpa e provocar o impacto ambiental no mundo. Então, o que pode funcionar no mercado europeu, pode não funcionar na América Latina… Por isso temos de ter essa noção de cada mercado de forma regionalizada para conseguir esse impacto ambiental, complementou o CEO Global da Stellantis.
Novos sistemas de propulsão a partir das tecnologias Bio-Hybrid
Uma das protagonistas deste investimento é a tecnologia Bio-Hybrid, que combina eletrificação com motores flex movidos a biocombustíveis (etanol) em três diferentes níveis. O Polo Automotivo Stellantis em Betim-MG, é o centro global da empresa no desenvolvimento da tecnologia Bio-Hybrid. A Stellantis, através da marca Fiat, foi pioneira no desenvolvimento e aplicação da tecnologia de motores a biocombustíveis, que em 1979 utilizava 100% etanol. No futuro, a região também produzirá um veículo elétrico a bateria (BEV).
A produção dos primeiros veículos equipados com a tecnologia Bio-Hybrid é flexível e pode ser integrada a diversos modelos fabricados pela Stellantis. É compatível com todas as linhas de produção da empresa na região. As novas tecnologias híbridas e elétricas fortalecerão ainda mais a engenharia brasileira e da região, além da indústria nacional.
A tecnologia Bio-Hybrid é suportada por três powertrains híbridos que serão gradualmente produzidos e introduzidos no mercado. Essas novas tecnologias incluem a Bio-Hybrid; Bio-Hybrid e-DCT com transmissões eletrificadas de dupla embreagem; Bio-Hybrid Plug-In; e BEV (100% elétrico).
As novas tecnologias híbridas começarão a ser disponibilizadas até o final de 2024.
Novas fábricas no Brasil fora de cogitação
O valor determinado para investimento no Brasil não prevê a construção de novas fábricas no País. "As nossas três fábricas (Goiana-PE, Betim-MG e Porto Real-RJ) atende a nossa demanda de produção. Entretanto, se a nossa cota de oportunidades aumentar, temos capacidade para investir em uma nova fábrica", garantiu Emanuele Cappellano, COO da Stellantis para a América do Sul.
Sobre a quantia que será destinada para a fábrica em Pernambuco, Capellano, que se reuniu com a governadora Raquel Lyra no mês passado, não quis adiantar valores. "Ainda vamos divulgar o investimento em cada fábrica e a Jeep, em Goiana, também receberá uma fatia", assegurou o COO da Stellantis para a América do Sul. "Mas, de antemão, reforço que o nosso compromisso interno será o de reduzir em 50% a emissão de CO2 dos nossos veículos e também chegar a 20% de nossa produção com carros elétricos", garantiu.
Stellantis na América do Sul
A Stellantis é a líder nos três principais mercados na América do Sul: Brasil, Argentina e Chile. No ano passado, as vendas totais na região superaram 878 mil veículos, com 23,5% de participação no mercado. A companhia é líder em vendas no Brasil com 31,4% de participação no mercado, e mantém a liderança na venda de veículos comerciais leves na América do Sul, com 28,6% de participação no mercado. A Fiat é a marca mais vendida no Brasil e na América do Sul, e a picape Fiat Strada é o carro mais vendido no País e na região.
De acordo com a Stellantis, a Argentina deve receber R$ 2 bilhões em investimentos (não referentes aos R$ 30 milhões para o Brasil). Com esse aporte, o grupo pretende projetar, desenvolver e produzir carros mais modernos na região. Inclusive, a empresa adquiriu uma participação de 19,9% na Argentina Litio y Energía S.A., com a intenção de garantir o fornecimento de matérias-primas essenciais para a produção de baterias sustentáveis para atender aos objetivos de eletrificação estabelecidos em seu plano global.